ANÁLISE EQUIVOCADA DE UM PROBLEMA SÉRIO
O relatório da Secretaria Nacional de Direitos Humanos da Presidência da República sobre violência homofóbica no Brasil no ano passado tem suscitado comentários que mesclam verdades com conceitos que mascaram a essência ética do problema em si. O objetivo é, sem dúvida, louvável: “O Programa Brasil sem Homofobia busca contribuir para a construção de uma cultura de paz estimulando o respeito a todas as diferenças”. Nunca se lutará demais por uma sociedade na qual o amor pregado por Cristo no Cenáculo seja uma realidade faustosa. A consideração para com todos é uma obrigação elementar do cristão e a ordem de Jesus foi clara: “Amai-vos uns aos outros” (Jo 13,14). O fato de se multiplicar entre familiares agressões a homosexuais já mostra uma questão de base, ou seja, a formação que devem ter aqueles que convivem sob o mesmo teto; O mesmo vale para todos os cidadãos. São Paulo assim se expressou: “A caridade é a plenitude da lei” (Rm 13,10) e São João foi taxativo: “Quem ama seu irmão permanece na luz” (1 Jo 2,10). Só quando a família e toda sociedade conhecerem e reconhecerem as leis sagradas da justiça, do perdão, da tolerância, da cooperação, da ética cristã é que se atingirá uma situação mais luminosa e menos opressora. Este ideal a Igreja tem pregado incansavelmente inoculando uma cultura de compreensão. O tema da Campanha da Fraternidade de 1983 foi “Fraternidade, sim; violência, não”. A CNBB sempre esteve atenta a este mal da violência e alertou para suas conseqüências. Trata-se de revalorizar a vida e a dignidade da pessoa humana e de se implantar, como o desejou ardentemente o papa Paulo VI a “Civilização do amor”. Entretanto, no que tange à homossexualidade, se todo o respeito se deve ter para com o próximo, não se pode simplesmente atropelar os mandamentos divinos. Para isto é mister perceber qual é o sentido profundo e o valor exato da sexualidade. Deus preceituou que o homem deixaria o pai e a mãe e se uniria a sua mulher, formando uma só carne (Gên. 2,24) O sexo foi feito para o matrimônio e o matrimônio foi elevado à sua prístina dignidade por Jesus Cristo, como está claríssimo no Evangelho (Mt 5,32). Casamento é sempre entre um homem e uma mulher e falar em casamento entre pessoas do mesmo sexo é um absurdo. Casamento é um ato solene de união entre duas pessoas de sexos diferentes, capazes e habilitadas, com legitimação religiosa e civil. As causas individuais da homossexualidade devem ser pesquisadas pelos psicólogos e pelos médicos. Não pode haver, porém, nunca, como foi dito acima, discriminação social e qualquer tipo de homofobia é condenável. Nada de violência psicológica, como humilhações e ameaças. Seja abolida toda a discriminação, qualquer violência física. A observância, contudo, do sexto mandamento é para todo ser racional e uma orientação oportuna só levará a autêntica felicidade para qualquer ser humano. É preciso, porém, um diálogo que não conturbe o convívio social. Nem se pode esquecer que há nos meios de comunicação social uma verdadeira cultura da violência, inclusive nos programas infantis. Não apenas cenas de selvageria de todo tipo de crueldade, de maldade, de refinada perversidade, mas ainda é violência a imoralidade, a permissividade e o ataque virulento aos valores que engrandecem o ser racional, criado à imagem e semelhança de Deus. A exaltação do egoísmo, da sexualidade, da dissolução da família, a distorção de tudo que é puro, nobre, o distanciamento das leis morais são fontes do mal que arruínam a tantos e a todos deixa apavorados, perplexos, tensos. Tudo isto abre as portas para a homofobia. O amor é a vocação fundamental e inata no ser humano e deve ser vivido por seres racionais dentro do projeto de Deus. Jamais qualquer tipo de agressão se justifica Entretanto, mais do que nunca cumpre educar para a prática da virtude em todo sentido. Cumpre o domínio da concupiscência e não o império da irracionalidade. A castidade significa a integração perfeita da sexualidade na pessoa e daí a unidade interior do homem no seu ser corporal e espiritual. O mundo corporal e o biológico devem se integrar ao ser espiritual. Levar por toda parte este ideal cristão é também contribuir para uma sociedade na qual impere a mais total harmonia e não qual a violência seja extirpada. *Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.
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