PROVAS INCONTESTÁVEIS DO AMOR DE DEUS
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*
O homem conhecedor de sua finitude, ciente de suas limitações é, por essência, um ser religioso. Com efeito, percebe-se um ser criado e, naturalmente, se tem bom senso, se volta para o Ser Supremo. Este se revelou na Bíblia como o amor substancial. São João, num momento de pulcra inspiração, declarou: “Deus é amor” (1 Jo 4,7). Por isto mesmo o que mais desagrada o Todo-Poderoso Senhor é alguém duvidar desta sua dileção infinita. Eis porque nunca se medita demais sobre as provas incontestáveis do amor de Deus, que se revelou aos homens como Pai repleto de ternura. Criou o homem à sua imagem e semelhança e colocou a seu serviço as obras maravilhosas que existem neste mundo. No planeta terra por toda parte há reflexos de seu poder. Além disto, Ele quis se manifestar aos homens e a Bíblia é sua palavra maravilhosa que alimenta a fé dos que possuem o dom de crer. Ofereceu ao homem essas páginas santas, cheias de ternura, de grandeza, de milagres e de promessas, repletas de conselhos e de preceitos. As Sagradas Escrituras manifestam, de fato, toda grandeza do Onipotente Senhor e aí encontra o coração humano consolação para todas as dores, resposta para todas as dúvidas, esperança e conforto que fortalecem para os embates da existência. No Antigo Testamento pairou notável promessa de um Redentor que, na plenitude dos tempos, veio ao mundo. O Filho bem-amado do Pai deixou os esplendores celestes, visitou então a terra para mais uma demonstração do amor de Deus para com a humanidade. A encarnação do Verbo Divino foi um presente incomensurável da grande ternura do Criador para com sua criatura racional. Durante trinta e três anos a humanidade esteve nesta terra aquele por quem todas as coisas foram feitas. Crianças, jovens, pobres, humildes, pecadores e enfermos, todos O viram. Ele perdoou, abençoou e salvou. Os seus olhos refletiam a bondade, as suas mãos espalhavam benefícios, os seus lábios ensinavam verdades e distribuíam misericórdia. Enfim, como não há maior prova de amor do que morrer pela pessoa amada, Jesus quis morrer pela redenção de todos. É que. como lembrou São João. "Deus amou o mundo de tal maneira que deu seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça” (Jo 3,26). A morte de Jesus, porém, não foi a última palavra do seu amor. Era necessário que ficasse entre os homens, na sua companhia, para protegê-los e consolá-los. Ele não veio ao mundo unicamente para a satisfação de um pequeno país, nem somente para deixar na história uma saudosa lembrança de sua passagem na terra. Os filhos de outras nações e de outros séculos não são menos seus filhos que o povo judeu ao qual pertenceu. A sua grande e universal família era, realmente, a humanidade de todos os tempos e de todos os lugares. Por isto, Ele se deixou ficar na Eucaristia para ser o contemporâneo de todas as gerações. Com toda sua onipotência nada podia fazer que honrasse e distinguisse mais a humanidade do que deixando neste sacramento o memorial perene de sua dileção. Por uma nímia condescendência de seu amor Jesus pode ser encontrado nos tabernáculos das Igrejas, pode ser visitado, adorado. Ele quis, num rasgo de ternura sem limites, perpetuar a sua presença no meio dos homens. Deste modo, Ele está presente não somente em sua doutrina e em sua Igreja , mas ainda na Eucaristia, sacramento do seu amor pelos homens. Pela Eucaristia Ele quis que sua morte de amor fosse renovada em cada Missa e se fizesse alimento das almas, como garantia da eterna redenção numa união profunda com Ele: “Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele” (Jo 6, 55-57). Jesus por incomensurável dileçao tornou-se o companheiro inseparável do homem e tem acompanhado os seus passos através de todas as gerações. Jesus tornou-se ainda o pão das almas, o alimento poderoso da vida espiritual, fazendo brotar virtudes na vida dos cristãos, conservando no mundo o apreço dos autênticos valores, inspirando dedicação, humildade, caridade, a todas as classes sociais. A Eucaristia foi mais um milagre do amor de Deus pelos homens, sustentando a vida das almas e oferecendo o penhor seguro de esperanças imortais. Foi com todas estas provas incontestáveis de amor que Deus se fez conhecido. Diante de tudo isto só resta aos homens colocar em prática o célebre axioma latino: “Amor com amor se paga”! * Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.
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