FESTA DE CORPUS CHRISTI
Con. José Geraldo Vidigal de Carvalho*
A festa de Corpus Christi é uma solenidade especial que congrega os fiéis para agradecer a Cristo sua presença real no sacramento da Eucaristia. Era mister, verdadeiramente, houvesse esta festa, especial tributo de gratidão àquele que, indo para o céu, quis, no entanto, ficar entre os homens. Acompanhar Jesus eucarístico conduzido processionalmente pelas ruas das vilas e cidades, cercado de amor por todos que se inclinam e, reverentes, O adoram sob as espécies sacramentais oferece momentos de grande arrebatamento espiritual. Ruas engalanadas, janelas enfeitadas, cânticos vibrantes a saudarem o Redentor amado que passa a todos abençoando e cumulando de novas graças e benesses celestiais são características do dia de Corpus Christi. Jesus no sacramento da Eucaristia é o amigo que sustenta neste exílio terreno e, se unindo a cada um, comunica sua proteção divina para os embates da existência. Sua assertiva fora maravilhosa: “Eis que eu estou convosco todos os dias até ao fim do mundo” (Mt 28,20). Isto se dá de modo singular nas celebrações das Missas e pela sua permanência nos sacrários das Igrejas. Na última ceia Ele deixou como herança para os que nele crêem sua presença real e substancial sob as aparências de pão e de vinho. A Hóstia consagrada é verdadeiramente seu corpo, sangue, alma e divindade. O mesmo corpo que nasceu da Virgem Maria, que foi açoitado, coroado de espinhos, imolado e pregado na cruz; o seu verdadeiro sangue derramado no Calvário, pela salvação do mundo. A Eucaristia é o Filho de Deus feito homem, a segunda Pessoa da SS. Trindade encarnada, que se faz concidadão de todas gerações cristãs. Neste exílio terreno a morte domina por toda parte. O nosso corpo tem suas fadigas, suas dores, suas enfermidades; a nossa carne tem uma tendência invencível para voltar à terra de onde saiu. Em nossa inteligência o erro e o orgulho exercem funesta tirania bem como em nossos sentidos. O nosso coração feito para amar a Deus agita-se no meio das tristezas, das falsidades e das infidelidades das criaturas. Era preciso o poder divino para levantar essas ruínas; era necessária uma força de ressurreição e de vida para triunfar dessa corrupção, para transfigurar e glorificar o nosso ser e Cristo, a vida divina, está entre nós, está nos tabernáculos sagrados para operar esses prodígios. Com efeito, o que é o sol na criação, o que o coração é no homem, é a Eucaristia na Igreja. É o centro do culto católico, o ponto para onde convergem as nossas adorações, as nossas homenagens, todos os ofícios e todas as cerimônias religiosas; é o princípio vital do Cristianismo, porque comunica às almas a vida cristã e sobrenatural. Nesse sacramento Cristo continua a viver realmente no meio dos homens, a instruí-los e a salvá-los, como fez durante sua vida mortal. Nesse sacramento o divino Redentor continua a oferecer cada dia pela humanidade o sacrifício que ofereceu no Calvário e aplica a cada alma em particular, no ato incomparável da comunhão, as graças e os méritos da redenção. É o maior, o mais prodigioso e o mais divino dos sacramentos. Jesus tem direito às nossas adorações, ao nosso respeito e ao nosso amor à Eucaristia, porque ele aí está real e substancialmente presente, e as nossas igrejas são verdadeiramente a casa de Deus, a porta do céu, a morada da virtude e da santidade. Jesus eucarístico é a vida, é a paz, é a glória. Na festa de Corpus Christi os fiéis renovam sua fé em tudo que Jesus realizou no Cenáculo e proclamam as maravilhas do grande Sacramento. Recebe a homenagens públicas das inteligências e dos corações que intentam retribuir tanto amor e tanta fidalguia daquele que quis se fazer nosso companheiro de jornada para que ninguém perca o rumo do céu. Nesta solenidade, ainda com mais fervor, ecoam os brados entusiásticos que fluem do íntimo das almas: “Graças e louvores se dêem a cada momento ao Santíssimo e Diviníssimo Sacramento” [...] “Honra e glória louvor sempiterno a Jesus, a Jesus Eucarístico” !* Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.
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