terça-feira, 8 de maio de 2012

O ESPÍRITO SANTIFICADOR

               O ESPÍRITO SANTIFICADOR
                           Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*
Após o Espírito Santo  ter se manifestado  visivelmente nesta terra e  ter descido sob a forma de línguas de fogo sobre os Apóstolos  reunidos no Cenáculo,  firmou-se a crença um só Deus e a certeza de que os homens formam uma única família e que  todos os povos deviam praticar a única e verdadeira religião para alcançar a glória celeste que o Ser Supremo promete à humanidade. A História da Igreja começou exatamente no dia de Pentecostes e os Apóstolos passaram a executar plenamente a ordem do Mestre Divino: “Ide e ensinai a todas as nações” (Mt 28,19). Desde então as regiões da terra começaram a ouvir falar de Jesus Cristo e da verdadeira religião. Surgiram cristãos denodados, santificados pela Terceira Pessoa da Santíssima Trindade a derramar sobre os corações seus dons, a fazer frutificar seus doze frutos, a inspirar as mais belas ações, a formar os santos de todas as condições sociais. A história não registra em seus anais palavra mais prodigiosa, projeto mais arrojado e de mais difícil execução do que a ordem do Cristo aos seus primeiros discípulos de levarem a mensagem do Evangelho por toda parte.  Os planos humanos nunca pretenderam obter uma universalidade semelhante, tanto mais quanto essa universalidade gozaria de uma perpetuidade incomparável, pois o mesmo Cristo acrescentou: “Eis que estarei convosco todos os dias até o fim dos séculos ” (Mt 28,20). Cristo não lhes traça nenhuma estratégia humana. Eles deveriam simplesmente confiar na sua proteção e na ação vivificadora do Paráclito. Se os poderosos deste mundo tivessem então ouvido a determinação de Jesus a seus epígonos teriam sorrido, achando irrealizável tal pretensão.  Esta extraordinária missão era confiada a pobres pescadores encontrados nos lagos da Galiléia, a  homens inermes e pusilânimes que já tinham abandonado e até renegado ao Mestre por ocasião do seu atroz martírio. É certo, porém, que, dando-lhes essa ordem, Jesus  já havia declarado ao mesmo tempo que não poderiam começar semelhante empresa sem antes receberem o Espírito Santo. Apenas animados por esse Espírito seriam capazes de vencer o mundo e de evangelizar os povos. Jesus lhes havia prometido o Consolador, o Espírito Santo, a quem o Pai enviaria em meu nome, esse lhes ensinaria todas as coisas e os faria lembrar-se de tudo o que lhes tinha dito. (Jo 26). No início deste milênio quem analisa objetivamente o panorama mundial pode atestar que  os apóstolos executaram com total êxito a ordem de Jesus. Não há nação alguma, civilizada ou bárbara, que não tenha ouvido falar no Evangelho. Tudo o que há de nobre e grande sabe inclinar-se diante da religião de Cristo. Homens os mais eminentes pelo gênio, pelo talento, pelas virtudes, na ciência, nas artes, na santidade se ufanaram de ser epígonos do Filho de Deus. Para milhões de seres humanos  não há maior consolação, nem esperança mais deliciosa, do que terminar a vida abraçado com a cruz do Redentor,  recebendo os seus sacramentos e pronunciando o seu nome adorável. Jesus Cristo  tem o comando das almas, e milhares de corações reservam para ele o seu melhor amor. Maravilhosa realidade que se deve à ação do Divino Espírito Santo.  É de sua ação santificadora que dependia a evangelização do mundo. Tudo começou em Jerusalém no dia de Pentecostes. Os apóstolos impelidos pelo Espírito de Deus apresentam-se em público e pela vez primeira começam a pregar a doutrina cristã. Muitos pediram o batismo e aderiram a Cristo. Assim começou a conversão do mundo. A primeira cidade portanto que recebeu dos lábios dos apóstolos a palavra de Deus foi Jerusalém. Aí Jesus tinha sido crucificado, e foi aí o primeiro lugar do mundo, onde foi reconhecida a sua divindade e a sua religião. Os apóstolos que, durante o tempo dos sofrimentos e da morte do Salvador, se tinham ocultado por medo dos judeus, apresentaram-se corajosamente diante desse povo, e anunciaram a ressurreição e a divindade daquele que tinha sido crucificado. De uma só vez três mil pessoas acreditaram na missão divina de Jesus e abraçaram a religião cristã. Foram os primeiros convertidos, os primeiros cristãos.  Jerusalém foi apenas o ponto de partida da conversão do mundo. Do seio de todas as raças  haveriam de sair homens, mulheres e crianças, que saberiam adorar a Deus em espírito e verdade, praticando virtudes e morrendo por Cristo. Razão tinha S. Agostinho ao declarar: “Contemplai o universo... Haverá maior milagre do que a conversão dos povos ao Filho de Deus? Haverá maior prodígio do que ver as nações adorarem um crucificado?” É que santificados pelo Espírito Santo os missionários  percorreram o mundo inteiro. Hoje é uma realidade a ordem do Divino Mestre. As nações são ensinadas e os povos são batizados. Cristo conseguiu a fé em sua pessoa, submetendo as inteligências aos extraordinários ensinamentos de sua doutrina; conseguiu o amor, mas o melhor e mais puro amor, o amor santo, ensinando ao mundo a virgindade, a humildade, a mortificação; conseguiu a adoração dos espíritos e dos corações, impondo a sua divindade não obstante a revolta das paixões e a perversidade dos seus inimigos. Trabalho apostólico hercúleo e esta abnegação, esta coragem que excede todas as forças humanas  prova claramente a descida real e positiva do Espírito de Deus sobre os discípulos do Cristo. Sim, para conseguir resultado tão divino foi necessário que o Espírito Santo viesse do céu, iluminasse as inteligências, purificasse os corações, fortificasse as vontades e inspirasse o temor de Deus. Que esse mesmo Espírito reine em todos os corações, purifique o  amor e difunda  virtudes, para que todos os homens de boa vontade estimulados pela mesma fé dos apóstolos do Cristo, possam dilatar cada vez mais o reino de Deus neste mundo. * Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.

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