VINDE
A MIM, DISSE Jesus
Côn.
José Geraldo Vidigal de Carvalho*
O
Evangelho nos diz que Jesus “Vendo as multidões, teve compaixão delas porque
estavam fatigadas e abatidas como ovelhas sem pastor/” (Mt, 9,36-10.8).
Percorrendo nosso mundo deparamos, de fato, esta triste realidade descrita pelo
Filho de Deus. Os dirigentes muitas
vezes mais se preocupam com o poder e dinheiro próprio e não têm olhos
para ver a miséria em seu derredor. Muitos os desesperados, torturados,
esfaimados, É a eles que se dirige Jesus, Aquele que pode trazer esperanças de
uma vida melhor através de seus ministros dedicados que, com generosidade, podem dulcificar
tantos sofrimentos por meio da luz de sua doutrina, desanuviando as trevas do sofrimento e fazendo
degustar a alegria perdida, mas tão
desejada O povo de Israel podia melhor
que nós captar a ideia do papel de um bom pastor e sabia
exatamente a importância de sua missão na assistência a suas ovelhas. Jesus por
meio de seus ministros, bons pastores, desejava e deseja sempre através dos
tempos que haja bons pastores que possam direcionar os desorientados que
almejam bem conceituar o sentido da vida. Eis porque Jesus escolheu os doze
apóstolos que teriam seus sucessores séculos afora para virem de encontro aos
sofredores, pregando a solução de seus problemas, expulsando os demônios, valorizando
seus sofrimentos oferecidos em reparação dos pecados que são a fonte de tantos
males. A mensagem de Jesus condoído pelos moléstias que tantos padecem é uma
mensagem de paz, de amor que pode sanar as enfermidades, curar suas feridas,
oferecendo a certeza de uma felicidade perene junto dele numa eternidade feliz,
esperança esta que ampara sempre nas tormentas da vida. Jesus veio a este mundo
como o Messias salvador e nele se pode inteiramente confiar e com Ele vencer
nas procelas que surgem na existência humana neste vale de lágrimas. É a
verdadeira fé que leva cada um a poder afirmar: “Jesus é o meu salvador”. Então
se compreende o valor da prece confiante a sustentar o cristão nos momentos
mais tenebrosos. Hoje mais do que nunca cumpre se peça a Jesus que envie
operários para sua messe que possam continuar sua obra redentora. Entretanto,
se é verdade que cabe aos sucessores dos
Apóstolos estarem na primeira linha de amparo aos sofredores, cabe a cada
cristão, seja onde ele estiver; ser também a guarida corajosa a seus irmãos. O
batizado não pode ser um mero usufruidor do amor de Jesus. Deve ajudar o Mestre
divino na sua obra de consolação dos aflitos nas mais diversas circunstâncias.
São Vicente de Paulo, que afirmou que “o estado de sofrimento é uma felicidade
porque ele santifica as almas”,
declarou que “o amor não pode ficar ocioso, é preciso socorrer o doente e o
assistir tanto quanto se pode em suas necessidades e em suas misérias, cuidando
de o livrar das mesmas em tudo ou em parte”. Nunca o cristão pode se esquecer
das palavras de Jesus “o que fizerdes ao menor de meus irmãos foi a mim que o
fizestes”. Socorrer o irmão doente é socorrer o próprio Cristo. À sombra da
Cruz de Jesus ir ao encontro dos que padecem males físicos ou morais, os que sofrem
violências familiares, que padecem nas ruas, os alcoolizados, os drogados.
Trata-se da caridade redentora, de toda forma de generosidade e de amor para
com os que sofrem e que jazem numa necessidade de amparo fraternal. Isto
significa viver o espírito de Cristo, fixando nele nossa fé e a dedicação ao
próximo que sofre. Segundo o Profeta
Isaias Jesus na sua Paixão se tornou “familiar do sofrimento” e assim durante
seu ministério mostrou sua compaixão, reflexo da compaixão do Pai. Cristo bebeu
o cálice do absoluto despojamento do amor próprio, e se fez nosso modelo. Como
escreveu São Paulo aos Filipenses Ele “subsistindo na natureza de Deus, não
julgou o ser igual a Deus um bem a que não devesse nunca renuciar, mas
despoujou-se a si mesmo, tomndo a natureza
de servo , tornando-se semelhante
aos homens e reconhecido como homem por todo o seu exterior, humilhou-se a si
memso fazendo-se obediente até a morte e
à morte de cruz (Fil 2,6). Tornou-se
assim para nós um modelo de total abnegação. Ele dissse aos peregrinos
de Emaus que era preciso que Ele sofresse para entrar na sua glória (Lc
24,26). É sobretudo no serviço aos sofredores que o cristão pode, de fato,
imitar o Mestre divino, fazendo-se tudo para todos. Seus sofrimentos foram o
fruto maduro de sua imensa caridade e
seu amor o levou até a dar sua vida por todos os homens. Ele se fez o Cordeiro
que tira os pecados do mundo na sua grandiosa dileção pelos que padecem os
males nessta terra. O autêntico cristão imita a Jesus e vai de encontro a todos
as dores do próximo, aliviando-lhe seus padecimentos. * Professor no Seminário
de Mariana durante 40 anos.
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