quinta-feira, 22 de junho de 2023

 

CRISTO, O FILHO DO DEUS VIVO

Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*

A profissão de fé de Simão, assinala    uma mudança radical na vida pública de Jesus. Agora Ele vai privilegiar a formação de seus discípulos mais próximos e vai anunciar-lhes sua paixão e sua ressurreição. A questão: “Quem dizem os homens que é o Filho do homem?”, resume um pouco como que o balanço de seu ministério na Galileia. Depois de tantas horas de pregação, de tantas jornadas de curas e de milagres, as opiniões sobre Sua pessoa eram diferentes. O máximo era a ideia de comparar Jesus a personagens já conhecidas, como Jeremias ou João Batista, ou ainda a um profeta como Elias, cujo retorno era esperado como sinal dos tempos messiânicos. A resposta de Simão vai muito mais longe: ‘’ Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo”, porque ele ultrapassa o nível da carne e do sangue, ou seja, um julgamento puramente humano. A “carne e o sangue” é o homem deixado a seus limites, a suas contingências, inapto às novidades de Deus. Perante Jesus, o Enviado do Pai, é tudo isto que é preciso ultrapassar para poder Lhe dizer: “Tu és o Cristo”. Não somente tu nos lembras os grandes crentes do passado, as forças proféticas deste passado, mas tu és, tu mesmo, o Messias esperado que nos abre o futuro. “Tu és o Filho do Deus vivo”, acrescenta Simão, e assim ele tenta expressar o mistério que já o fascina na pessoa de Jesus: Ele age, Ele fala, Ele vive por aquele que Ele crê ser o Filho de Deus. Simão é inspirado por Deus e deixa Deus por ele revelar quem é Jesus. Imediatamente, após esta resposta de fé, que é um engajamento diante de todos em seu amigo Jesus, Simão vai viver um momento de graça extraordinária. De início Jesus faz dele um portador de uma beatitude: “Bem-aventurado es tu Simão, Filho de Jonas”. É a beatitude. É isto é a felicidade anunciada, daqueles e daquelas que sabem fazer e refazer o passo da fé e que ousam um nome novo que será programa de vida. Jesus diz: “Tu és Pedro, tu és a Rocha”.  É uma palavra criadora e recriadora. Agora Simão o pescador será o rochedo de fundação da Igreja de Jesus. A experiência de Simão Pedro¸ de Simão o Rochedo, tem muito a nos dizer. É certo que é seu o privilégio de ser pedra de fundação, o segundo Pastor, após Cristo. Nós somos, por nossa parte, pedras vivas, inseridas na construção. Mas nós nos tornamos pedras de fundação seja para a família, seja para a mensagem que nos é confiada, tendo em vista a transmissão de uma vida santa como aqueles que nos precederam, fascinados por Ele. Para isso é preciso então seguir o caminho aberto por Simão Pedro. Cumpre ultrapassar a carne e o sangue, cessar de tudo fazer nas proporções de nossa inteligência e de nosso coração, cessar de fazer esperar o Mestre divino, nele, porém, depositando toda nossa fé e nossa confiança e ousar dizer enfim a nosso amigo Jesus a palavra para nós decisiva: “Tu és o Cristo, o Filho de Deus: a Ti eu entrego todas as minhas forças, hoje e para sempre”. É preciso se tornar maleável à graça divina numa entrega absoluta, uma vez que   esta graça nos atrai para Jesus, para a comunidade de Jesus, reunida fraternalmente em torno de Pedro, o Pastor Supremo depois de Jesus, guiados por Deus, guiados por Ele à luz de Jesus Cristo. É preciso que entremos na beatitude de Simão, o Rochedo, na felicidade dos que confessam Cristo, que não se afastam de Jesus e que aceitam uma vez por todas ter os olhos sempre voltados para o Salvador. Fiéis sempre ao Papa sucessor de Pedro, o qual proporciona através dos tempos a mesma felicidade e obediência a Cristo. Porque Pedro reconheceu Jesus como o Filho de Deus ele recebeu as chaves do Reino dos céus. São Pedro juntamente com São Paulo foi o fundamento da Igreja primitiva e por conseguinte de nossa fé cristã. Por isto são celebrados neste dia por serem estes Apóstolos do Senhor, testemunhas que na primeira hora   viveram os primeiros momentos da expansão da Igreja e selaram com seu sangue a fidelidade a Jesus. Eles nos concitam a uma fidelidade absoluta à Igreja de Cristo. Nós cristãos do século vinte e um possamos ser testemunhas fidedignas do amor de Deus aos homens como o foram estes dois Apóstolos que hoje festejamos No dizer do Papa Francisco, gloriosamente reinante, nós devemos marchar, edificar e confessar que Jesus é o Filho de Deus. Estaremos as recebendo toda a beatitude que recebeu Pedro e estaremos imitando também Paulo que sempre foi fiel discípulo de Jesus. * Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.

 

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