quinta-feira, 29 de junho de 2023

O JUGO DE JESUS É SUAVE Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho Jesus deixou claro que a boa-nova por Ele comunicada era recebida sobretudo pelos humildes, oferecendo-lhes uma mensagem de esperança. Ouvimos então um clamor de júbilo de Cristo e um louvor ao Pai, expresso na linguagem dos salmistas: “Eu te louvo ó Pai, Senhor do céu e da terra”. A razão deste gaudio era porque, embora os sábios e sagazes não tivessem captado o cerne de sua pregação, os simples a receberam com grande proveito e perceberam que seu jugo é suave. Para os simples a pedagogia do Pai para a salvação dos homens produzira um notável efeito. Durante seu ministério público Jesus havia encontrado a recusa de uma parte de seu povo. Os menos abertos à sua mensagem eram os escribas, os especialistas, os doutores que imaginavam possuir definitivamente a verdade e não tinham mais necessidade de a encontrar no contato com os outros. Os pequenos, ao contrário, os pobres em espírito, aceitavam de bom grado abrir-se à esperança que Jesus lhes oferecia. É certo que Cristo não se rejubilava com esta atitude das pessoas instruídas, dado que Ele as queria também para o Reino, rejubilava-se, porém, por ver os humildes se deixarem facilmente perceber os desígnios de Deus e seu desejo de amor. Esta simplicidade do coração não era fruto de uma cultura que seria o apanágio dos ricos. Era uma riqueza do espírito e uma clareza do olhar que nenhuma ciência pode transmitir, mas tão somente a “ciência do amor”. O caminho autêntico, a vereda segundo o Evangelho é à base da fidelidade e da grandeza da alma e ela não se encontra imediatamente no final das pesquisas dos homens, mas supõe uma vitória de cada um que supera suas falsidades. Verifica-se entre os cristãos diversos níveis de cultura e isto é normal, mas não há senão uma salvação, e esta salvação vem unicamente pela fé em Cristo e não depende daquilo que um homem encontrou nos livros, mas do que ele escreveu, dia a dia, no livro de sua vida, este livro que somente Deus pode abrir e fechar. No fundo, qualquer que seja o grau de nossa cultura, seja ou não brilhantes ou obscuras a nossa situação, seja qual for nossa profissão, a vida real é feita de pequenas coisas e uma existência cristã pesa, definitivamente, sob os influxos do amor, unicamente sob os influxos da caridade. Tal foi e tal é ainda o bom querer do Pai: que os mais humildes guardem todas as suas possibilidades face ao Reino de Deus que vem a este mundo. Jesus não deprecia a ciência e Ele soube discutir sem complicação com os homens o destino de Jerusalém e outras verdades. Jesus não aprova a preguiça intelectual nem a estreiteza do espírito e depois de sua ressureição suscitou como Apóstolo um São Paulo, que falava perfeitamente duas línguas, teólogo profundo, um homem preparado por uma longa tentativa de unir a cultura judaica com a cultura grega, mas aos olhos de Cristo a técnica e o saber humano devem se colocar ao serviço de uma resposta de fé, deve se tornar o serviço de um crente que ama como acontece com São Paulo. Em cada época, especialmente a nossa, a comunidade de Jesus deve se defender dos novos escribas. Nunca a pesquisa foi tão urgente na Igreja, pesquisa bíblica, teológica, pastoral e missionária, porque é preciso proclamar hoje a nossa fé e dar a razão da esperança que está em nós. Não somos proprietários da Revelação, nós não somos dela os mestres e não podemos repartir a zero a partir de nossas evidências de hoje, apagando a obra de Deus, a iniciativa e a Palavra de Deus, o direito de Deus a ser adorado e servido em silêncio. Este Jesus mesmo nos á necessário humildemente conhecê-lo porque ninguém conhece o Filho senão o Pai e é o Pai que revela seu Filho em nós. Na verdade, Ele no-lo revela como o Servidor que sofre, como um Messias crucificado e depois glorificado. Eis aí o Evangelho que ninguém jamais poderá reescrever. Nós não podemos olhar o Pai senão com os olhos do Filho, nem podemos falar ao Pai senão com as palavras reveladas pelo Filho. Esse olhar que toca Deus, estas palavras que agradam a Deus, Jesus, Ele também não os ensina senão aos humildes, aos homens de boa vontade, àqueles que aceitarem se colocar em sua escola. O jugo do Jesus é suave, porque ele liberta progressivamente do peso de nosso egoísmo e de nossas agressividades. Passamos a nossa vida lutando, mas procurando depois o repouso. A estabilidade vem depois das circunstâncias favoráveis nas quais podemos enfim servir e enfim amar. Portanto cumpre entrar no repouso de Jesus, no paradoxo da humildade, da doçura e da cruz. Jesus é o mestre, saibamos estar sempre na sua escola. Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.

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