segunda-feira, 1 de maio de 2023

 

OUTRO DEFENSOR ESTARÁ SEMPRE CONVOSCO

Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*

A liturgia deste domingo já orienta nosso olhar para a festa de Pentecostes, dado que acentua a obra do Espírito Santo

na comunidade dos cristãos.  Jesus promete claramente a vinda do Espírito divino para estar conosco para sempre

(Jo 14, 5-21). Cristo com sua partida, ou pelo menos com sua ausência sensível, poderia, de fato, nos fazer sentir

abandonados, órfãos   como que entregues a nós mesmo e distantes   ante   palavras e gestos colocados no passado.

Jesus, porém, nos convida a acolher o dom do Pai, isto é, o Espírito Santo derramado em nossos corações como o

grande defensor, o protetor de nossa fé e o pedagogo para nossa vida espiritual. Deste modo, de uma certa maneira, o

que não nos deixa jamais sozinhos e de outra parte em nos guarda nele como nosso defensor e enfim a nos ampara nele

como nosso mestre espiritual.  É desta maneira de estar conosco que o Espírito Santo poderá derramar seus sete dons

para acabar a obra do Pai realizada por Jesus: dom da sabedoria, do conselho e da fortaleza, dom da inteligência e da

ciência, dom da piedade e do temor do Senhor. Através dos tempos vivemos na Igreja toda uma renovação espiritual

em torno do  Espírito Santo para lhe dar o lugar na vida da Igreja e da vida espiritual dos cristãos. Note-se em 1938

a obra do jesuíta Pe. Victor Billard, que escreveu sobre o Espírito Santo, obra  intitulada “Ao Deus desconhecido”.

Depois toda uma preparação da celebração do concílio Vaticano II e a renovação carismática. Tudo isto nos levou

a uma profunda relação com o Espírito divino como o autor central de nossa vida espiritual, como  hospede interior,

nosso  mestre espiritual, que incrementa nossa fé, esperança e caridade. Em uma relação pessoal e íntima com Aquele

que já quando na preces nós temos o tempo da escuta, nós criamos o espaço que O permite agir em nós. Entramos assim

num diálogo com aquele que faz de nosso corpo seu Templo, ou seja, o lugar do encontro e da celebração, aquele que

habita no mais íntimo de nós mesmos e deseja  nos transformar inteiramente. O batismo e a confirmação nos dispõem

de maneira permanente a esta escuta e a um diálogo com o Espírito para nos deixar agir por Ele. É assim por esta obra

do Espírito em nós que a vida das palavras de Jesus se tornam atuais e sempre novas para cada um de nós e para toda

sua Igreja. Sem Ele nossa vida religiosa e espiritual não seria senão uma mera comemoração de um passado que se foi,

mas com Ele tudo se faz atual e novo e Ele nos orienta para a plena realização das promessas das quais a ressurreição de

Jesus constitui a garantia. Eis porque Jesus nos diz: “Dentro em breve o mundo não me verá mais (porque não recebeu

o  Espírito Santo), mas vós (que O haveis recebido) vós me vereis vivo e vivereis também”.  Eis, portanto, bem o cerne

da relação com Deus, da vida com Deus, vivendo sua palavra, portanto, não somente O conhecendo mas nele vivendo.

Peçamos então ao Espírito Santo que venha nos iluminar, nos ensinar a assim bem viver no amor do Senhor.

Trata-se, porttanto, da participação da plenitude divina.  Incorporados em Deus, sob o influxo do Espírito divino, nós

Estaremos imersos na fonte da vida de Deus que habita em nos. Eis porque nós não obstantes nossas misérias,

podemos e devemos estar em tertúlia contínua com o Senhor. Eis a maravilha que opera em nós o estado da graça

santificante.  Jesus foi claro: “Aquele que recebeu os meus mandamentos e lhes resta fiel, é aquele que me ama; e

Aquele que me ama meu Pai o amará, eu também o amarei e me manifestarei a ele (Jo 14,21). Deste modo o cristão

vive na presença de Deus. Não há, deste modo, lugar para outros desejos ou pensamentos que nos façam perder

tempo e nos impeçam de fazer a vontade divina. A presença de Deus em nossa vida nos ajudará a descobrir e a

realizar neste mundo os planos que a Providência nos destinou. O Espiritado Senhor suscitará em nossos corações

iniciativas que colocaremos no princípio de todas as atividade humanas. Seremos assim verdadeiros filhos de Deus

e nos sentiremos seus amigos em todo o lugar e instante, em todas as circunstâncias de nossa vida. Toda a luz e

todo o fogo da vida divina se expandirá sobre o cristão que está assim disposto a receber o dom da habitação divina.

Trata-se de penetrar na frequentação contínua da Trindade Santa, pois o Divino Espírito Santo está em nós. O cristão traz em em si mesmo esta grandeza infinita conforme mostra a religião verdadeira. Uma vida cristã é estar conectada no

Espírito divino. Vê-se bem então forças sobrenaturais entro de nós. Além disto, é este Espírito que nos defende de

todas as formas de realidades terrestres. Eis ´porque se vê na História da Igreja o número de perseguições que têm por fim fim impedir a vida espiritual. A própria interdição dos cultos públicos é uma maneira de destruir a vida

espiritual. *Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.

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