OUTRO DEFENSOR
ESTARÁ SEMPRE CONVOSCO
Côn.
José Geraldo Vidigal de Carvalho*
A
liturgia deste domingo já orienta nosso olhar para a festa de Pentecostes, dado
que acentua a obra do Espírito Santo
na
comunidade dos cristãos. Jesus promete claramente
a vinda do Espírito divino para estar conosco para sempre
(Jo
14, 5-21). Cristo com sua partida, ou pelo menos com sua ausência sensível,
poderia, de fato, nos fazer sentir
abandonados,
órfãos como que entregues a nós mesmo e
distantes ante palavras e gestos colocados no passado.
Jesus,
porém, nos convida a acolher o dom do Pai, isto é, o Espírito Santo derramado
em nossos corações como o
grande
defensor, o protetor de nossa fé e o pedagogo para nossa vida espiritual. Deste
modo, de uma certa maneira, o
que
não nos deixa jamais sozinhos e de outra parte em nos guarda nele como nosso
defensor e enfim a nos ampara nele
como
nosso mestre espiritual. É desta maneira
de estar conosco que o Espírito Santo poderá derramar seus sete dons
para
acabar a obra do Pai realizada por Jesus: dom da sabedoria, do conselho e da
fortaleza, dom da inteligência e da
ciência,
dom da piedade e do temor do Senhor. Através dos tempos vivemos na Igreja toda
uma renovação espiritual
em
torno do Espírito Santo para lhe dar o
lugar na vida da Igreja e da vida espiritual dos cristãos. Note-se em 1938
a
obra do jesuíta Pe. Victor Billard, que escreveu sobre o Espírito Santo, obra intitulada “Ao Deus desconhecido”.
Depois
toda uma preparação da celebração do concílio Vaticano II e a renovação
carismática. Tudo isto nos levou
a
uma profunda relação com o Espírito divino como o autor central de nossa vida
espiritual, como hospede interior,
nosso
mestre espiritual, que incrementa nossa
fé, esperança e caridade. Em uma relação pessoal e íntima com Aquele
que
já quando na preces nós temos o tempo da escuta, nós criamos o espaço que O
permite agir em nós. Entramos assim
num
diálogo com aquele que faz de nosso corpo seu Templo, ou seja, o lugar do encontro
e da celebração, aquele que
habita
no mais íntimo de nós mesmos e deseja nos transformar inteiramente. O batismo e a
confirmação nos dispõem
de
maneira permanente a esta escuta e a um diálogo com o Espírito para nos deixar
agir por Ele. É assim por esta obra
do
Espírito em nós que a vida das palavras de Jesus se tornam atuais e sempre
novas para cada um de nós e para toda
sua
Igreja. Sem Ele nossa vida religiosa e espiritual não seria senão uma mera
comemoração de um passado que se foi,
mas
com Ele tudo se faz atual e novo e Ele nos orienta para a plena realização das promessas
das quais a ressurreição de
Jesus
constitui a garantia. Eis porque Jesus nos diz: “Dentro em breve o mundo não me
verá mais (porque não recebeu
o
Espírito Santo), mas vós (que O haveis
recebido) vós me vereis vivo e vivereis também”. Eis, portanto, bem o cerne
da
relação com Deus, da vida com Deus, vivendo sua palavra, portanto, não somente
O conhecendo mas nele vivendo.
Peçamos
então ao Espírito Santo que venha nos iluminar, nos ensinar a assim bem viver
no amor do Senhor.
Trata-se,
porttanto, da participação da plenitude divina.
Incorporados em Deus, sob o influxo do Espírito divino, nós
Estaremos
imersos na fonte da vida de Deus que habita em nos. Eis porque nós não obstantes
nossas misérias,
podemos
e devemos estar em tertúlia contínua com o Senhor. Eis a maravilha que opera em
nós o estado da graça
santificante.
Jesus foi claro: “Aquele que recebeu os
meus mandamentos e lhes resta fiel, é aquele que me ama; e
Aquele
que me ama meu Pai o amará, eu também o amarei e me manifestarei a ele (Jo
14,21). Deste modo o cristão
vive
na presença de Deus. Não há, deste modo, lugar para outros desejos ou
pensamentos que nos façam perder
tempo
e nos impeçam de fazer a vontade divina. A presença de Deus em nossa vida nos
ajudará a descobrir e a
realizar
neste mundo os planos que a Providência nos destinou. O Espiritado Senhor suscitará
em nossos corações
iniciativas
que colocaremos no princípio de todas as atividade humanas. Seremos assim verdadeiros
filhos de Deus
e
nos sentiremos seus amigos em todo o lugar e instante, em todas as circunstâncias
de nossa vida. Toda a luz e
todo
o fogo da vida divina se expandirá sobre o cristão que está assim disposto a
receber o dom da habitação divina.
Trata-se
de penetrar na frequentação contínua da Trindade Santa, pois o Divino Espírito
Santo está em nós. O cristão traz em em si mesmo esta grandeza infinita
conforme mostra a religião verdadeira. Uma vida cristã é estar conectada no
Espírito
divino. Vê-se bem então forças sobrenaturais entro de nós. Além disto, é este Espírito
que nos defende de
todas as formas de realidades terrestres. Eis ´porque se
vê na História da Igreja o número de perseguições que têm por fim fim impedir
a vida espiritual. A própria interdição dos cultos públicos é uma maneira de destruir a vida
espiritual. *Professor no Seminário
de Mariana durante 40 anos.
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