quinta-feira, 11 de maio de 2023

 

ESTAREI SEMPRE CONVOSCO

Côn.  José Geraldo Vidigal de Carvalho*

Clara a promessa de Jesus: “Eu estarei convosco todos os dias até fim dos tempos” (Mt  28,16-20). Depois destas palavras os discípulos O viram se elevar e desaparecer a seus olhos em uma nuvem. Cristo havia terminado seu percurso nesta terra ao lado de seus apóstolos e sua preleção acabara neste mundo e se dá então  sua admirável ascensão aos céus onde está assentado à direita de Deus. Jesus era bem o Messias prometido por todos os profetas. Entretanto, sua partida para o céu não significou que tudo estava terminado e que não seríamos órfãos do Mestre divino. A palavra de Jesus não terminara aqui em baixo na terra. Ela vai continuar mais do que nunca, dado que os onze apóstolos receberam a missão de ir pelo mundo inteiro para  proclamar a Boa Nova. A palavra de Jesus que durante sua vida terrestre tinha se confinado em Jerusalém e na Galileia, não tendo ultrapassado a não ser excepcionalmente as fronteiras do pais, agora ela iria se expandir em todo o império romano. O Livro dos Atos dos Apóstolos que nos relatam o trabalho das primeiras comunidades cristãs nos revela que não somente a Palavra de Deus vai atingir o mundo inteiro, mas ela contudo não perderá nada de sua eficácia. Sobretudo   os apóstolos Pedro e Paulo não somente anunciam a mensagem de Jesus, mas eles também fazem milagres tão admiráveis como aqueles do divino Mestre. Com efeito, eles curam os cegos, os coxos e mesmo até ressuscitam mortos. Os corações deveriam se abrir à sua luz para fazer compreender a esperança que traz consigo seu apelo, a glória sem preço da herança que deviam partilhar com os fiéis e o poder infinito que tocaria os que acreditassem.

A misericórdia e o poder do Senhor não haviam terminado para os homens, porque Jesus se fora para junto do Pai. Bem, ao contrário, mais que nunca, embora ausente, Jesus continuaria sua obra entre seus discípulos, ou mais precisamente pelos seus apóstolos. Se as maravilhas e os milagres divinos continuavam a se manifestar aos homens é que os discípulos com toda a sua Igreja seriam os continuadores da obra de Jesus e, mesmo melhor, a Igreja que é o corpo de Cristo e por ela é Cristo que continuaria sua obra. É certo que Jesus foi elevado corporalmente diante de seus discípulo, mas continuaria a lhes falar e agir com eles e por eles de uma maneira inteiramente nova. Eis porque o Evangelho de hoje coloca em seus lábios estas palavras: “Eu estarei convosco todos os dias até o fim dos tempos”. Mesmo assentado à direita do Pai, Cristo continuaria a agir, estando Ele no coração de sua Igreja. De uma certa maneira Ele está muito menos ausente do que se possa imaginar. Eis porque Ele deu a entender a seus discípulos que seria mais vantajoso que Ele se fosse. Ele estaria, porém, com eles até o fim dos temos, até o seu retorno em sua glória. Cumpre, pois, compreender o mistério da Ascensão tendo em vista duas realidades que parecem opostas. De uma parte, nos era proveitoso que Jesus fosse para junto do Pai e de outra parte também sua ausência aparente, que esconderia sua presença, era útil, pois se Ele nos deixava fisicamente era para nos estar presente espiritualmente de uma maneira mais eficaz. Toda narrativa dos Atos dos Apóstolos tende a demonstrar a veracidade desta dupla afirmação que parece contraditória. No início dos Atos dos Apóstolos, a narrativa que nos é feita da primeira comunidade cristã nos mostra que os discípulos não compreendiam ainda plenamente esta realidade da presença espiritual e ativa de Jesus na sua Igreja. Até o dia de Pentecostes os apóstolos ficavam fechados em casa, tinham medo. Seria preciso que a promessa de Jesus se realizasse, promessa de lhes enviar o Espírito Santo. Esse lhes daria então não somente a lembrança de Jesus e de suas palavras para anunciarem a Boa Nova aos homens, mas seria em seu coração e na sua vida a força e o poder do Mestre divino. Isto fará mais do que cobrir o vazio deixado pela sua partida, pois é isto que fará da Igreja o Corpo Místico de Cristo e cobriria espiritualmente a distância criada pela partida física de Jesus. Espiritualmentev a partida de Cristo e a vinda do Espírito Santo fazem que Jesus esteja hoje mais presente em sua Igreja e em cada um de nós, porque na Igreja nós somos o Corpo de Cristo. Deus Pai lhe a tudo submetido e O colocando no mais alto que tudo Ele fez dele a cabeça da Igreja que é seu corpo e a Ele Deus O cumula totalmente de sua plenitude. Tornar-se cristão será pois para nós, antes de tudo crer, que Cristo Jesus não está ausente de nossas vidas.   * Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.

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