ACOMPANHAR SEMPRE JESUS
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*
O Evangelho fala de um chamado especial de Jesus, a vocação do publicano
Mateus (Mt 9.9-13). O Mestre divino preparou um pequeno grupo de discípulos que
deveriam continuar sua missão de salvação. Ele toma aqueles que Ele quer:
pecadores ou pessoas de uma tarefa humilde. Assim sendo. Ele chama inclusive um
publicano, quem exercia uma profissão que era mal vista pelos judeus, dado que os
publicanos recebiam impostos em nome do governador romano ao qual eles não
queriam se submeter. O apelo de Jesus foi claro: “Segue-me”. Mateus então
abandona sua profissão e envolto numa profunda alegria oferece a Cristo um
festim para expressar seu agradecimento. Muitos publicanos e pecadores se
puseram à mesa com Jesus. Os fariseus não se calaram e abordaram os discípulos:
“Porque vosso Mestre come com os publicanos e pecadores”? Tendo escutado isto,
Jesus imediatamente dá a resposta em nome dos seus discípulos: “Não precisam de
médico os que têm boa saúde, mas os doentes “. A analogia era perfeita: “Eu não
vim chamar os justos, mas os pecadores”. Atualíssimas estas palavras de Cristo,
pois Ele continua a nos chamar para segui-lo, cada um segundo o sua condição e
sua profissão. Seguir Jesus quer dizer muito frequentemente abandonar paixões desordenadas,
maus comportamentos familiares, a perda do tempo que deveria ser consagrado à
oração, ao banquete eucarístico, à evangelização. Enfim, tudo isto quer dizer
que um verdadeiro cristão, conforme ensinou Santo Inácio de Antioquia, não é
seu próprio mestre, mas se oferece sempre ao serviços de Deus. É certo que
Jesus exige mudanças na vida de quem acatou seu chamado, tanto mais que o ser
humano pode e deve aprimorar-se continuamente. O que passou entre Jesus e Mateus
nós não o sabemos, mas pelo texto do Evangelho sabemos que houve um chamado bem
correspondido. Sob o olhar de Jesus aquele que Ele chamou e outros que
constituiriam o Colégio apostólico, cada um pôde se conhecer, reconhecer sua fraqueza e o
caminho pessoal de cada um lhe permitia reconhecer os outros para os atrair
para o Mestre divino. A Boa Nova não era para indivíduos isolados, era para um grupo de pessoas e
Jesus deixou claro que Ele viera chamar não os justos, mas os pecadores
arrependidos. Esses então atrairiam outros para o ideal pregado por Cristo. Eis aí o valor da palavra e do bom exemplo
pelos quais se pode evangelizar num acolhimento que não exclui, mas salva. Ser salvo é ser acolhido por Jesus no seu
reino de Justiça e de Paz. Além disto, de numa maneira espiritual, há também a
salvação na participação na vida trinitária, pois nos tornamos filhos adotivos
do Pai. Trata-se, portanto de viver numa comunhão pessoal e íntima com Deus
nosso Pai. Deve-se então compreender a salvação como a expressão do amor de Deus
que nos estabelece numa nova relação com Deus e, assim sendo, devemos entender
a salvação como um dom e acatar em tudo a santíssima vontade divina. Ao seguir os planos divinos o homem não pode
se tornar Deus, mas Deus pode fazer do homem seu filho. Ao seguir em tudo a
vontade de Deus o homem se estabelece numa relação nova com Deus. Seguindo o
desígnios divinos cada um pode e deve participar do amor infinito que existe
entre o Pai e o Filho no Espírito Santo. Significa, portanto, ser amado e
participar do amor de Deus. Foi o que aconteceu com Mateus e fez dele um
admirável seguidor de Cristo. Mais tarde Mateus, tornando-se um notável
evangelista registrará estas palavras de Jesus: “Não é aquele que diz Senhor, Senhor,
que entrará no reino dos céus, mas sim, aquele que faz a vontade de meu Pai que
está nos céus. (Mt 7,21). Portanto, seguir em tudo o chamado de Deus representa
viver o dom deste chamamento A questão que se põe não é saber o cristão o que
ele deve fazer para merecer o céu, mas saber como se obedece ao apelo de Deus e
isto tão prontamente como ocorreu com Mateus. Note-se que a infidelidade mata o
dom recebido, pois não seguir logo o apelo de Deus se mata o dom precioso de
seu chamado. Está no Apocalipse: “Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir minha voz e abrir a porta, eu entrarei na sua casa e tomaremos a refeição, eu com ele e ele comigo.” (Ap 3,20). Foi
o que fez Mateus e nos deixou tão valioso exemplo. Ele abandona imediatamente o
seu serviço e segue Jesus! Isto significou uma conversão total. Jesus chamou um
pecador que se converte plenamente Vemos
que Jesus nos mostra duas verdades: Deus olha o coração do homem que Ele chama quando
quer e como Ele quer. Deus vem a cada um não importa sua situação espiritual.
Ele o santificará. Em segundo lugar o importante é nunca fechar a porta ao
chamado divino. Cumpre atendê-lo e se colocar ao serviço dos outros e da palavra
com fez Mateus. Abrir-se sempre a porta do coração e se esteja atento aos
desígnios divinos. O que disto resultará está nãos mãos de Deus * Professor no seminário de Mariana durante 40
anos.