EU
E O PAI S0M0S UM
Côn. José Geraldo Vidigal de
Carvalho*
O Evangelho do
4º domingo da Páscoa (Jo 10, 27-30) apresenta uma passagem bem curta, mas que deixa clara a relação
essencial entre o verdadeiro Pastor, suas ovelhas, assim como com o Pai. A
compreensão deste trecho dentro da liturgia do tempo pascal traz uma lembrança
viva de tudo que até aqui tem sido vivido e deve ser entendido dentro do
presente contexto litúrgico. Esta
passagem abre também a oportunidade à nova maneira de ser, já presente, mas que
se revela ainda mais plenamente. Jesus morto e ressuscitado foi o vencedor absoluto
da morte e oferece a suas ovelhas paz, alegria, perseverança para que elas
sejam inteiramente suas testemunhas. Ele chama pelo seu nome cada uma destas
ovelhas que começaram a segui-lo e lhes abre um caminho no qual a promessa que
lhe é feita vai poder se encarnar na vida dos homens, sob a proteção amorosa,
poderosa, previdente do Pai. Revela-se assim vida eterna, reconciliada, numerosa,
triunfante no cotidiano da morte, do desespero, aberta para o louvor de Deus, pois
Ele afirmou: “Eu e o Pai somos um”, Trata-se de uma multidão unida ao divino
Pastor e ao Pai celeste. O cristão caminha neste mundo de uma maneira singular
na companhia de todos que seguem Jesus, o Filho bendito do Pai. Jesus Ressuscitado
presente no mais profundo do ser de seu seguidor, lá onde o Filho e o Pai vêm
habitar para que esta vida divina seja transmitida por toda parte numa obediência
constante de amor que crê no amor de Deus e na promessa da vida eterna.
Mensagem de esperança não obstante as provações pessoais, familiares, eclesiais
de cada dia. Tudo isto baseado na certeza absoluta de que Jesus, que é um com o
Pai, é o grande vencedor sempre presente na vida do cristão e por ele em toda a
sua Igreja. Jesus afirmou que suas ovelhas escutam sua voz, que Ele as conhece
e elas O seguem. Existe uma empatia entre as ovelhas e o Pastor e a voz do Pastor
não é um som que se impõe. Simplesmente
de um tempo a outro o Pastor fala como se dissesse: “Eu estou aqui onde deveis
estar”. A ovelha então O segue, pois
reage e age em consequência, sabendo que a vida eterna lhe é prometida e que
ela jamais perecerá. Isto porque Ele é um Pastor que defende com mão poderosa.
Ninguém poderá arrancar sua ovelha da mão do divino Pastor que é um com o Pai.
Admitido assim na intimidade do Pai como Cristo, por Cristo e com Cristo, cada
cristão é um enviado, devendo exercer um notável apostolado. Dá-se então o que
Deus disse ao Apóstolo Paulo no curso de sua missão e diz também a cada uma de suas ovelhas: “Eu fiz de ti a luz das
nações para que graças a ti a redenção chegue até as extremidades da terra” (Atos
13,47) Compreende-se assim como uma Santa Terezinha do Menino Jesus do fundo de
seu convento operou tantas conversões, vivendo no Carmelo,
sua identidade missionária, rezando e oferecendo sacrifícios pelas vocações e
pela conversão dos pecadores. Em seus escritos autobiográficos, intitulados “História
de uma alma”, ela afirma: “Ó Jesus, meu amor, minha vocação, encontrei-a
afinal: Minha vocação é o amor! […]”. Com seu ardor missionário operou
prodígios. Seu exemplo é caminho para que todos nós sejamos missionários onde
nos encontramos: família, trabalho, escola, Conduzidos
por Cristo, Protagonista da Missão, o criação sabe que é apenas um semeador.
Seu trabalho consiste em apenas lançar as sementes do amor nos corações que
encontrar ao longo do caminho. Deus é quem irá cuidar. Apenas uma certeza: o
Senhor é quem faz crescer as sementes do amor plantadas em cada vida e em cada
história: “Eu plantei, Apolo regou, mas era Deus quem fazia crescer. Assim,
aquele que planta não é nada, e aquele que rega também não é nada: só Deus é
que conta, pois é ele quem faz crescer” (1 Cor 3,6-7). Pela palavra e
pelo exemplo arrastar para junto do bom Pastor aqueles que se acham longe dele,
eis a tarefa da verdadeira ovelha de Jesus.
É preciso, porém caminhar seguindo Jesus mesmo quando a cruz de cada dia
possa parecer mais pesada e a fidelidade mais penosa. A mensagem do tempo
pascal é esta: “Nosso Pastor que é um com o Pai é maior que tudo”! O poder de
Deus deverá dizer a última palavra. Cada uma de suas ovelhas deve, porém, sempre
fazer sua parte Não faltará nunca seus preciosos dons, mas é necessário saber escutar
sua voz, suas inspirações e colocá-las em prática. Estaremos, desta maneira, contribuindo
para que haja um só rebanho e um só pastor. Cumpre saber. pelo nome de Cristo.
sofrer e lutar, tudo fazendo para que venha a nós o seu reino. O Senhor deve
ser para cada uma de suas ovelhas refúgio e vigor. * Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.
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