quarta-feira, 16 de fevereiro de 2022

 

CADA ÁRVORE SE CONHECE PELO PRÓPRIO FRUTO

Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*

Desde a primeira comunidade cristã surgiram problemas como mostram as exigências levantadas pelo trecho do Evangelho de São Lucas que objetiva regular as relações entre os irmãos (Lc 6, 39-45). Jesus foi claro: “Porque olhas o cisco que está o olho de teu irmão e não descobres a trave que está no teu?” (...) Hipócrita!  Retirai primeiro a trave de teu olho e então começaras a enxergar bem, para extrair o argueiro que está olho de teu irmão”. Esta exigência é uma ordem, ou seja, primeiro Cristo manda que se considere a nossa vida pessoal para o bom funcionamento de toda a comunidade cristã. Isto a partir primeiro de uma correção, fruto de uma necessária revisão pessoal. Dois pontos de vista a serem considerados: não julgar de plano os desvios dos irmãos e irmãs, dando-lhes lições de moral, quando primeiro mister se faz corrigir-se a si mesmo. Portanto, acentua Jesus em segundo lugar, não simplesmente denunciar os erros sem considerar o próprio modo de proceder pessoal. Trata-se de um modo de agir difícil daquele que corrige e que não enxerga bem e lhe é necessário tirar a trave que está no próprio olho.  Indaga Jesus: “Um cego pode guiar outro cego? Não cairão ambos na cova”?  Bela lição do Mestre divino, concitando a um trabalho pessoal para enxergar bem, retirado tudo que impede uma boa visão. Isso começa por uma disponibilidade interior Incra, numa purificação dos próprios pensamentos e preconceitos que impedem viver santamente para então melhorar toda comunidade. Imporás ac0lher o outro sem querer projetar no próximo os próprios defeitos, as próprias opiniões, lançando para longe os julgamentos pessoais tantas vezes precipitados. Então, sim, a palavras que nasce é uma palavra que constrói e não destrói. O mesmo pode se dar na oração pessoal muitas vezes impedida de escutar e entender a Palavra de Deus por causa de um turbilhão de solicitações inúteis. Além disto, é preciso atenção àquilo que cada um deve fazer para a glória de Deus e o bem do próximo. Apenas assim, se é uma árvore que dá bons frutos.  O modo de agir, a maneira de falar são de suma importância para o crescimento do reino de Deus. A advertência de Jesus é clara: “O homem de bem do bom tesouro de seu coração tira coisas boas, e o mau do mau tesouro”.  O anúncio do Evangelho supõe uma atitude correta semelhante a que Ele está pedindo no Evangelho de hoje. Tudo isto nos deve levar a rever como se dá o contato cotidiano com as pessoas, sobretudo dentro da própria família. Nosso acesso à fé e seu aprofundamento nos vieram através daqueles que souberam bem pô-los transmitir, lançando com sabedoria a palavra da verdade. O mesmo cuidado demos ser para melhor agir no meio em que vivemos. Muitos frutos bons nos vieram de árvores boas. Por isto devemos ser árvores frutíferas que ofereçam bons frutos para o bem do próximo. Quem se julga perfeito, sem o ser, não está apto para ajudar os outros. Não se deve ser como um espinheiro   que obsta uma palavra impregnada de humildade e de delicadeza, a qual deve sair do fundo do tesouro de um bom coração, do íntimo daquele que sabe conviver com os sofrimentos inevitáveis da vida e se conforma sempre com a vontade divina e procura considerar suas próprias limitações. Tudo isto leva a ver com clareza a si mesmo e aos irmãos e irmãs, libertando-se de toda implicância e de toda arrogância. Nada de palavras duras próprias dos inquisidores e moralistas inveterados. Então, sim, é possível mostrar um caminho seguro e vencer toda dificuldade numa fidelidade à Palavra de Deus. Surge então o homem bom e nobre, aquele que pode sempre solicitar a Jesus que faça o seu coração semelhante ao dele e vai se tornando uma migam daquele que esculpe nele esta sua imagem. Trata-se da presença de Deus em sua vida num trabalho de aperfeiçoamento constante. Jesus que se fez homem não vem ao cristão no esplendor, no brilho da força, no prestígio dos heróis, mas na disponibilidade, na atenção, na cortesia na escuta, possibilitando ofertas mútuas. Isto longe de toda discórdia, inveja, disputas, dissensões. Cisões, sentimentos de inveja, de orgias e algo semelhante, num luta perseverante contra todo e qualquer excesso Longe, portanto, de qualquer superficialidade, de toda mediocridade estéril. Mas na sabedoria de Deus em sua vida, num trabalho de aperfeiçoamento constante. Surge então o bom tesouro do nosso coração que se situa bem no íntimo da alma que vive em contato direto com Deus. Afastadas se acham, deste modo, a indiferença, a frivolidade, numa vivência completa das verdades da fé. A sociedade de hoje nos leva a nos fecharmos sobre nós mesmos, impedindo ir até o mais profundo do nosso coração onde está o verdadeiro tesouro   do cristão, lá ode se encontra a verdadeira felicidade, uma vida interior profunda, enraizada em Deus. Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos

 

 

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