quinta-feira, 24 de fevereiro de 2022

 

AS TENTAÇÕES DE JESUS NO DESERTO

Côn. Jose ‘Geraldo Vidigal de Carvalho*

Segundo São Lucas, Jesus foi conduzido pelo Espírito ao deserto, onde esteve durante quarenta dias, sendo tentado, enquanto homem, pelo demônio (Lc 4.1-13). A tentação do pão se liga ao episódio bem conhecido do maná, a tentação dos Reinos da terra faz referência ao famoso acontecimento do bezerro de ouro e a última tentação, aquela do Templo, tem relação com   o evento de Massa e Meriba no qual, apesar de terem visto as maravilhosas obras de Deus, os israelenses O provocaram. As três respostas de Jesus tem relação   não somente com a fé de Israel em um só Deus, mas também, e sobretudo. à maneira de se comportar diante dele, a saber, alimentar-se da Palavra, não colocar Deus à prova e render somente a Ele o culto que só a Ele é devido. São os três preceitos fundamentais aos quais Israel havia sido infiel durante a peregrinação no deserto.  Jesus três vezes foi colocado à prova, saindo vitorioso, cumprindo assim as Escrituras ficando fiel à aliança com o Pai. É de se notar que São Lucas insere entre o batismo e as tentações no deserto a genealogia de Jesus que ele conclui por “filho de Adão, filho de Deus” (Luc 3,38). Foi, portanto, confortado em sua identidade que Jesus “foi conduzido pelo Espirito ao deserto”. Aliás, Satanás tentou por duas vezes Jesus, invocando explicitamente a essência de seu ser: “Se és o Filho de Deus”. É exatamente por isto que Ele ia ser colocado à prova. Entretanto Ele era, de fato, o Filho de Deus, mas as consequências que o diabo tira desta realidade são inteiramente errôneas e é isto que constitui a tentação. Jesus haveria de ensinar o que significa para o cristão a dignidade e a vocação de filho de Deus e como se comportar em consequência desta realidade sublime. O demônio queria que Ele fizesse prodígios extraordinários fora dos planos divinos. Na primeira tentação o diabo   se apoiou em uma necessidade legítima de Jesus depois de 40 dias de jejum. Ele teve naturalmente fome. Nada mais natural.  Mas se era uma necessidade legítima, devia-se tomar os meios para vencer aquela dificuldade. Entretanto, Jesus não era um ser dividido interiormente, era um ser unificado, ou seja, Ele organizara toda sua vida em redor de sua identidade profunda. Ora, ser Filho de Deus era antes de tudo, e sobretudo, estar em sintonia cm o Pai, reconhecendo que tudo dele se recebe. Um dia Ele dirá: “Meu alimento é fazer a vontade do Pai” e jamais Ele seguiria o conselho do demônio, transformando pedras em pães e, assim sendo, afastou para longe de si o tentador iníquo.  Na segunda tentação o diabão mostrou a Jesus todos os reinos do universo, querendo, ousadamente, sua submissão, mas recebendo imediatamente a resposta taxativa: “Ao senhor teu Deus é que adorarás e só a ele prestarás culto”. Na terceira tentação Jesus se viu no pináculo do templo, querendo que Ele dali se precipitasse, pois os anjos viriam e O sustentariam. Peremptoriamente veio a resposta de Cristo ao Príncipe das Trevas: “Não tentarás o Senhor teu Deus” Diz São Marcos que “esgotada toda espece de tentação o diabo retirou-se de junto dele, até certo tempo”, pois voltaria no tempo da Paixão de Cristo. Colocando este texto no início da quaresma a Igreja quer nos lembrar que a verdadeira conversão para o cristão é de se recordar de sua vocação e intimidade com o Filho de Deus. Jesus é o Filho de Deus não porque poderia mudar as pedras em pão, nem porque podia se lançar do alto do templo, nem porque Ele é livre de dar um culto a quem Ele o quiser dar. Ser Filho de Deus não é a exaltação de um eu hipertrofiado, nem realização de nosso desejo de todo o poder. Jesus ao repelir as insinuações de satanás realizou sua identidade de Filho de Deus, vivendo em plenitude a Palavra de seu Pai e nem colocando à prova aquele no qual Ele confiava e adorando seu Pai e somente a Ele. Por sua atitude Jesus realizava em plenitude as Escrituras e deste modo realizou sua vocação e mostrou sua verdadeira identidade. Ele foi tentado mas sem pecado algum, como lemos na Carta aos Hebreus.  Ele foi tentado quanto à fome, ao orgulho, ao desejo de poder, mas, deixou-nos o exemplo, de como vencer definitivamente ao diabo que deve sempre ser vencido. Ser filho de Deus é antes de tudo, e sobretudo, reconhecer que nossa vida vem de Deus e receber dele tudo que temos numa fidelidade absoluta nele, apoiando sempre em sua Palavra. Ser dele filho é adorá-lo somente a Ele e de nenhum outro esperar a salvação. Ser cristão é estar intimamente unido a Deus na confiança e no amor e, para isto, se torna muito favorável o tempo quaresmal. A exemplo de Jesus cumpre ao cristão vencer sempre as insinuações do demônio e, assim, viver em plenitude a dimensão espiritual da existência de um verdadeiro cristão. Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.

=

 

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2022

 

CADA ÁRVORE SE CONHECE PELO PRÓPRIO FRUTO

Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*

Desde a primeira comunidade cristã surgiram problemas como mostram as exigências levantadas pelo trecho do Evangelho de São Lucas que objetiva regular as relações entre os irmãos (Lc 6, 39-45). Jesus foi claro: “Porque olhas o cisco que está o olho de teu irmão e não descobres a trave que está no teu?” (...) Hipócrita!  Retirai primeiro a trave de teu olho e então começaras a enxergar bem, para extrair o argueiro que está olho de teu irmão”. Esta exigência é uma ordem, ou seja, primeiro Cristo manda que se considere a nossa vida pessoal para o bom funcionamento de toda a comunidade cristã. Isto a partir primeiro de uma correção, fruto de uma necessária revisão pessoal. Dois pontos de vista a serem considerados: não julgar de plano os desvios dos irmãos e irmãs, dando-lhes lições de moral, quando primeiro mister se faz corrigir-se a si mesmo. Portanto, acentua Jesus em segundo lugar, não simplesmente denunciar os erros sem considerar o próprio modo de proceder pessoal. Trata-se de um modo de agir difícil daquele que corrige e que não enxerga bem e lhe é necessário tirar a trave que está no próprio olho.  Indaga Jesus: “Um cego pode guiar outro cego? Não cairão ambos na cova”?  Bela lição do Mestre divino, concitando a um trabalho pessoal para enxergar bem, retirado tudo que impede uma boa visão. Isso começa por uma disponibilidade interior Incra, numa purificação dos próprios pensamentos e preconceitos que impedem viver santamente para então melhorar toda comunidade. Imporás ac0lher o outro sem querer projetar no próximo os próprios defeitos, as próprias opiniões, lançando para longe os julgamentos pessoais tantas vezes precipitados. Então, sim, a palavras que nasce é uma palavra que constrói e não destrói. O mesmo pode se dar na oração pessoal muitas vezes impedida de escutar e entender a Palavra de Deus por causa de um turbilhão de solicitações inúteis. Além disto, é preciso atenção àquilo que cada um deve fazer para a glória de Deus e o bem do próximo. Apenas assim, se é uma árvore que dá bons frutos.  O modo de agir, a maneira de falar são de suma importância para o crescimento do reino de Deus. A advertência de Jesus é clara: “O homem de bem do bom tesouro de seu coração tira coisas boas, e o mau do mau tesouro”.  O anúncio do Evangelho supõe uma atitude correta semelhante a que Ele está pedindo no Evangelho de hoje. Tudo isto nos deve levar a rever como se dá o contato cotidiano com as pessoas, sobretudo dentro da própria família. Nosso acesso à fé e seu aprofundamento nos vieram através daqueles que souberam bem pô-los transmitir, lançando com sabedoria a palavra da verdade. O mesmo cuidado demos ser para melhor agir no meio em que vivemos. Muitos frutos bons nos vieram de árvores boas. Por isto devemos ser árvores frutíferas que ofereçam bons frutos para o bem do próximo. Quem se julga perfeito, sem o ser, não está apto para ajudar os outros. Não se deve ser como um espinheiro   que obsta uma palavra impregnada de humildade e de delicadeza, a qual deve sair do fundo do tesouro de um bom coração, do íntimo daquele que sabe conviver com os sofrimentos inevitáveis da vida e se conforma sempre com a vontade divina e procura considerar suas próprias limitações. Tudo isto leva a ver com clareza a si mesmo e aos irmãos e irmãs, libertando-se de toda implicância e de toda arrogância. Nada de palavras duras próprias dos inquisidores e moralistas inveterados. Então, sim, é possível mostrar um caminho seguro e vencer toda dificuldade numa fidelidade à Palavra de Deus. Surge então o homem bom e nobre, aquele que pode sempre solicitar a Jesus que faça o seu coração semelhante ao dele e vai se tornando uma migam daquele que esculpe nele esta sua imagem. Trata-se da presença de Deus em sua vida num trabalho de aperfeiçoamento constante. Jesus que se fez homem não vem ao cristão no esplendor, no brilho da força, no prestígio dos heróis, mas na disponibilidade, na atenção, na cortesia na escuta, possibilitando ofertas mútuas. Isto longe de toda discórdia, inveja, disputas, dissensões. Cisões, sentimentos de inveja, de orgias e algo semelhante, num luta perseverante contra todo e qualquer excesso Longe, portanto, de qualquer superficialidade, de toda mediocridade estéril. Mas na sabedoria de Deus em sua vida, num trabalho de aperfeiçoamento constante. Surge então o bom tesouro do nosso coração que se situa bem no íntimo da alma que vive em contato direto com Deus. Afastadas se acham, deste modo, a indiferença, a frivolidade, numa vivência completa das verdades da fé. A sociedade de hoje nos leva a nos fecharmos sobre nós mesmos, impedindo ir até o mais profundo do nosso coração onde está o verdadeiro tesouro   do cristão, lá ode se encontra a verdadeira felicidade, uma vida interior profunda, enraizada em Deus. Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos

 

 

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2022

 

MIISERICORDIOSOS COMO O Pai CELESTE É MISERICORDIOSO

Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho

No sermão da montanha, logo após as bem-aventuranças, Jesus nos legou um belíssimo trecho sobre a caridade cristã, especialmente sobre o amor aos inimigos (Luc 6, 27-38). Trata-se dos inimigos pessoais ou dos inimigos do grupo ao qual se pertence, da comunidade em que se vive. Em síntese, o Mestre divino ensina que se deve fazer o bem àqueles que nos odeiam, desejar coisas boas àqueles que nos maldizem e rezar por aqueles que nos maltratam, isto é, pedir tudo de bom para aqueles que são também filhos de Deus e para os quais o Ser Supremo tem também tesouros de paciência. A ordem de Cristo é clara “Sede misericordiosos, como o Pai do céu é misericordioso”. Além destas características de um amor sem fronteiras Jesus fala da não-violência, da oferta da outra face a quem de um lado lhe bateu, da túnica a quem lhe tomou o manto, tudo isto sob o olhar de Jesus. Trata-se de pagar o mal com o bem. Cristo preconiza um estilo de vida que Ele quer inculcar a seu seguidor, um novo olhar sobre a conduta cristã, sobre os acontecimentos, sobre as pessoas. Ao se deixar levar por seus impulsos humanos, o homem cai na lei de talião, ou seja “olho por olho, dente por dente”. Nada, portanto, dentro de tal coração de gratuidade, de benevolência, tomando atitudes adversas bem longe da misericórdia de um Deus benévolo. A atitude, porém, verdadeiramente cristã consiste em proceder exatamente ao contrário do agressor seja ele quem for segundo a ordem de Cristo: “Amai vossos inimigos e fazei-lhes o bem”. Somente assim, acrescenta Jesus, “sereis filhos do Altíssimo, o qual é bom para com os ingratos e os malvados”. Para quem assim procede, afirma Jesus, grande será a recompensa. Poderíamos, neste caso, indagar onde está a gratuidade que deve impregnar o procedimento cristão. A gratuidade fica salva, incontaminada, porque a recompensa da qual fala o Mestre divino não é um novo ter, mas um suplemento do ser daquele que é, de verdade, idêntico a Cristo no seu bom proceder, agindo como filho de Deus. Com efeito, mais nós amamos nossos irmãos por eles mesmos, apesar de suas malevolências, mais então cresce nossa semelhança com o Pai celeste. Deste modo, esta semelhança não é uma recompensa à qual poderíamos renunciar, mas se torna o sentido mesmo e o fim último de nossa vida neste mundo. Ela é, desta maneira, em nós o anúncio da vida eterna. Maravilhoso o resultado da caridade cristã na existência do autêntico seguidor de Cristo. Irradia-se, assim, por toda parte a paz de Cristo, apartados os conflitos e tornando-se o mundo não uma casa de guerras, mas a mansão da tranquilidade. Eis aí a realidade última que os bons sentimentos geram, afastando estratégias ilusórias de pacificação ante a agressividade alheia. Nossa fé no Deus misericordioso, a quem devemos imitar, nos obriga a ter consciência de nosso papel neste mundo visível, eivado de violências inconsequentes, levantando pontes que são passagem possíveis para um outro mundo no qual os inimigos da paz e da verdadeira vida podem ser olhados sob um ponto de vista otimista porque o verdadeiro cristão se torna aquele que inscreve o amor invisível de Deus nos acontecimentos visíveis da história humana. A mensagem de Cristo é então transformadora em tantos lugares nos quais nossos irmãos e irmãs, nossas famílias e nossos amigos são engolidos numa espiral de violências não só corporais como espirituais, quando as leis eternas de Deus são menoscabadas. Para o coração de quem entende a lição de caridade de Jesus não há situação irreversível. Se somos verdadeiramente cristãos temos o mundo em nossas mãos pelo nosso proceder, pelas nossas preces, irradiando por toda parte tranquilidade, sossego, compreensão.  Cumpre vencer a lógica do medo, da exclusão e isto não por uma demonstração de forças contrárias e sem limites, não por estratégias humanas mas pelo amor que vem de Deus misericordioso. Assim o inimigo real que propaga as forças da morte é até olhado como um amigo capaz de receber o amor divino, levando por toda parte a mensagem salvífica de Cristo que se fez homem para se tornar próximo de todos os seres humanos e preceituou “Amai-vos uns aos outros {...} Sede misericordiosos como o Pai celeste é misericordioso “*Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.

 

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2022

 

AS BEM-AVENTURANÇAS E AS MALDIÇÕES

Côn.  José Geraldo Vidigal de Carvalho*

Das Bem-aventuranças São Lucas reteve sobretudo os elementos mais apropriados para sustentar uma comunidade de pobres, provados e ameaçados. Entre os Evangelistas ele é o único a reforçar as beatitudes, opondo-lhes quatro maldições. Jesus a dizer “Bem-aventurados sois vós” e depois igualmente quatro vezes “Infelizes sois vós”. (Lc 6, 17.20-226). Pode-se, deste modo, abordar a mensagem de Jesus sob dois aspectos, a saber, o lado das reprovações nos quais o homem sentirá o erro que o afastará da virtude e o lado da promessa no qual cada apelo ao heroísmo se torna um penhor de felicidade. As bem-aventuranças e as maldições têm por mira a felicidade. Toda a moral cristã está ordenada a esta felicidade, ou seja, à felicidade assegurada ou à felicidade que escapa. É de se notar que Jesus dá a razão de cada uma destas situações.  Cristo claramente mostra quem é realmente feliz e, logo em seguida, usando o termo “ai de vós” define quem, erroneamente, procura a felicidade lá onde ela não se encontra. São casos opostos entre si. A pobreza abre o Reino, a riqueza oferece a consolação imediata que conduz a uma ilusão a quem a endeusa. Somos deste modo convidados a perceber ao vivo as nuanças do pensamento do Mestre divino sob dois aspectos opostos entre si. “Ai de vós os ricos” afirma Jesus. Infelizes por que? Não pelo fato de serem ricos, uma vez que Jesus tinha amigos entre pessoas afortunadas como Mateus e Zaqueu.  Marta e Maria tinham posses e Joana que seguia o grupo dos discípulos era esposa de Cusa, o intendente de Herodes.  Então, porque infelizes os ricos? Vós tende já a recompensa é a explicação de Jesus, para quem o rico é aquele que não espera mais nada de Deus, dado que ele fecha as mãos e tem toda sua consolação no que possui, endeusando uma segurança material. Para muitos o Deus deles é o dinheiro.  Ser rico neste caso é não esperar mais nada de Deus, porque tal rico se fecha em si mesmo e não deixa mais aquele espaço que somente o Ser Supremo pode preencher, aquele lugar de esperança que apenas o Criador deve ocupar, não impedindo as amarguras e apreensões. Felizes, ao contrário, os pobres, porque o Reino de Deus a eles pertence, dado que a riqueza deles é este reino do amor que neles e por eles se realiza. Jesus não afirma que a miséria é felicidade, porque a miséria é um mal que deve ser eliminado. O Mestre divino, porém declara que é causa de felicidade a pobreza que abre o coração aos dons de Deus e é, de fato, a fonte do verdadeiro contentamento.  Infelizes os que estão agora fartos, porque haverão de ter fome, pois estes, com efeito, correm o risco de não ter fome de Deus, das riquezas sobrenaturais que realmente engrandecem o ser humano. Muitos de fato se contentam com o imediato e se deixam satisfazer com as coisas que fazem e que possuem, abrindo um poço sem fundo, uma saciedade insensata e deixam escapar a fome de uma vida autêntica, aberta e generosa. Ter fome das realidade divinas é o que deve ter em mira o autêntico cristão que não se prende às coisas passageiras desta vida. Infelizes, realmente, os que se sentem bem quando se instalam na comodidade, no egoísmo sem nada de profundo que os motive, tendo horizontes limitados e naufragam quando qualquer desgraça os visita. Felizes ao contrário os que sabem chorar no momento em que o sorriso divino triunfa sobre todas as provações. Estes gozarão o jubilo dos corações livres, a satisfação do que amam e se sentem amados por Deus e pelo próximo. Infelizes os que se tornam profetas da mediocridade, esquecidos das exigências do Reino de Deus e que se deixam levar, como dizia São Paulo, por todo o vento de doutrinas falsas (Ef 4,14) e não têm coragem de se afirmarem como alguém que crê em Jesus e no que Ele ensinou ou se põem a duvidar de tudo que está revelado na Bíblia, não tendo coragem de se mostrarem fiéis a seu Senhor. Felizes, bem-aventurados, contudo, se por causa de Cristo e de sua fé em Deus, é detestado, rejeitado.  Se, de fato, é pelo fato de se ser cristão é que se é desprezado está na hora de se sentir feliz e de se tornar um profeta de Jesus e não pelas falácias do que é terreno, pondo a felicidade naquilo que é mundano, buscando as alegrias superficiais e não procurando senão em Deus a recompensa que Ele reserva para os que Lhe são fiéis. Pode-se, portanto, ser feliz ou infeliz quando se sabe administrar as próprias qualidades ou misérias longe das mensagens que Jesus condensa em quatro beatitudes ou maldições. Examine-se então o cristão para ver se está sob as luzes do Espirito Santo para poder sempre discernir entre o certo e o errado, a felicidade e a maldição. A exclusividade de São Lucas ao abordar este tema da pregação de Cristo merece toda a atenção, * Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.