TESTEMUNHAS DE CRISTO
Côn. José
Geraldo Vidigal de Carvalho*
Várias
vezes, antes de sua gloriosa ascensão ao céu, Jesus para dirimir receios e
dúvidas que pairavam para seus seguidores, lhes apareceu. Não foi fácil para os
apóstolos acreditarem na ressurreição. O primeiro movimento da parte deles era
crer que estavam perante um mero espírito, como, está no Evangelho de hoje (Lc
24 35-48). Isto porque estavam tomados de espanto e de medo. Para eles era mais
fácil acreditar em fantasma do que no divino ressuscitado. Jesus então lhes
desejava paz, fazia-se ver claramente, e, até, tomava alimentação com eles. O
choque causado pela dolorosas morte sobre a cruz fora por demais forte e,
apesar do júbilo pela presença do
Ressuscitado, não podiam crer completamente, pois estavam tomados por profundo deslumbramento.
Cristo, pedagogicamente, os foi convencendo de que a vitória sobre a morte era realidade
sublime. A cada aparição aqueles corações desanuviavam-se, as inteligências se
esclareciam e eles penetravam mais fundo na Escritura. Tudo que havia sido
escrito sobre Ele na lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos, tudo que Ele
lhes havia dito que se cumpriria, de fato, realizara-se. Até à última aparição foi
uma trajetória que visava fazer dos apóstolos as bases consistentes de sua
Igreja sobre as quais se apoiasse através dos séculos a doutrina verdadeira.
Eis por que com justificável alarde o mesmo São Joao assim se expressou na sua
primeira Carta: “O que era
desde o princípio, o que temos ouvido, o que temos visto com os nossos olhos, o
que temos contemplado e as nossas mãos têm apalpado no tocante ao Verbo da
vida, porque a vida se manifestou, e nós a temos visto; damos testemunho e vos
anunciamos a vida eterna, que estava no Pai e que se nos manifestou. O que
vimos e ouvimos nós vos anunciamos, para que também vós tenhais comunhão
conosco. Ora, a nossa comunhão é com o Pai e com o seu Filho Jesus Cristo. Escrevemos-vos
estas coisas para que a vossa alegria seja completa"(1 Jo 1 1-4) É de se notar que após sua ressurreição o grande objetivo
da parte do divino Ressuscitado era que constatassem que Ele, que estivera,
morto, retornara à vida e, deste modo, estivessem inteiramente esclarecidas
suas mentes, afastados os empecilhos a uma fé sólida no fato de sua ressurreição. De vital importância, portanto, a certeza da
realidade corporal desta sua ressurreição, ou seja, aquele que morrera agora
estava vivo. Eram necessárias testemunhas competentes de tão relevante acontecimento.
Aí está a razão pela qual São Pedro escreveu nos Atos dos Apóstolos: “Ele que
fizemos morrer, suspendendo-o na Cruz, Deus O ressuscitou ao terceiro dia e lhe
deu o poder de se manifestar, não a todo o povo, mas às testemunhas que Deus havia
escolhido anteriormente, a nós que temos
comido e bebido com Ele depois de sua ressureição dentre os mortos”. Até à
última aparição, de fato, “abriu-lhes então a mente para compreenderem as
Escrituras”. Os Apóstolos firmes na fé na ressurreição pregaram depois por toda
parte, após receberem o Espírito Santo, sendo testemunhas fiéis de tudo que
tinham visto e ouvido. Tal a missão sublime do cristão através dos tempos: ser
testemunha de Cristo, um reflexo fulgurante do Filho de Deus, vencedor da
morte. Ele que abriu as portas do Reino dos céus para que todos os que O
acatassem. Testemunhas vivas das coisas
do alto, apontando para muitos uma eternidade feliz junto de Deus. De fato, é a ressurreição de Jesus que deve
dar um sentido a todos os desejos, a todas as ações do cristão. Pelo seu imenso
amor Jesus, através de suas testemunhas, despertaria em seus seguidores a
fulgente esperança de sua volta gloriosa, quando Ele retornará para conduzir os
que lhe foram fiéis para seu Reino de delícias perenes. Então Ele colocará a
seus pés todos seus inimigos como disse São Paulo (1 Cor 15,25). Daí a importância
de ser testemunha de Jesus, missão claramente confiada por Ele a seu seguidor.
Pelo batismo batizado, pelo sacramento da confirmação, cada participante da Eucaristia
tem por obrigação testemunhar Cristo, pois Jesus passa aos outros por ele.
Muitos são os que vivem fora de toda referência religiosa ou ignorando a autêntica
religiosidade Confessam-se católicos, mas não receberam o sacramento do
matrimônio ou admitem o amor livre, aplaudindo programas inadmissíveis por um
cristão. Lamentável a ausência de conhecimento religioso de inúmeros que
admitem um ateísmo prático, uma sociedade inteiramente secularizada, um indiferentismo
religioso. A Igreja tem apelado para uma nova Evangelização. É que o
cristianismo, de modo geral, é visto por muitos como inimigo da liberdade, da
evolução dos costumes. A mídia apresenta programas inteiramente contrários à
Bíblia, mas aplaudidos por tantos telespectadores. Eis aí um campo imenso para
a atuação corajosa dos que querem ser verdadeiras testemunhas de Cristo. * Professor no Seminário de Mariana durante 40
anos.
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