segunda-feira, 12 de abril de 2021

 

TESTEMUNHAS DE CRISTO

Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*

Várias vezes, antes de sua gloriosa ascensão ao céu, Jesus para dirimir receios e dúvidas que pairavam para seus seguidores, lhes apareceu. Não foi fácil para os apóstolos acreditarem na ressurreição. O primeiro movimento da parte deles era crer que estavam perante um mero espírito, como, está no Evangelho de hoje (Lc 24 35-48). Isto porque estavam tomados de espanto e de medo. Para eles era mais fácil acreditar em fantasma do que no divino ressuscitado. Jesus então lhes desejava paz, fazia-se ver claramente, e, até, tomava alimentação com eles. O choque causado pela dolorosas morte sobre a cruz fora por demais forte e, apesar do júbilo pela presença do Ressuscitado, não podiam crer completamente, pois estavam tomados por profundo deslumbramento. Cristo, pedagogicamente, os foi convencendo de que a vitória sobre a morte era realidade sublime. A cada aparição aqueles corações desanuviavam-se, as inteligências se esclareciam e eles penetravam mais fundo na Escritura. Tudo que havia sido escrito sobre Ele na lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos, tudo que Ele lhes havia dito que se cumpriria, de fato, realizara-se. Até à última aparição foi uma trajetória que visava fazer dos apóstolos as bases consistentes de sua Igreja sobre as quais se apoiasse através dos séculos a doutrina verdadeira. Eis por que com justificável alarde o mesmo São Joao assim se expressou na sua primeira Carta: “O que era desde o princípio, o que temos ouvido, o que temos visto com os nossos olhos, o que temos contemplado e as nossas mãos têm apalpado no tocante ao Verbo da vida, porque a vida se manifestou, e nós a temos visto; damos testemunho e vos anunciamos a vida eterna, que estava no Pai e que se nos manifestou. O que vimos e ouvimos nós vos anunciamos, para que também vós tenhais comunhão conosco. Ora, a nossa comunhão é com o Pai e com o seu Filho Jesus Cristo. Escrevemos-vos estas coisas para que a vossa alegria seja completa"(1 Jo 1 1-4) É de se notar que após sua ressurreição o grande objetivo da parte do divino Ressuscitado era que constatassem que Ele, que estivera, morto, retornara à vida e, deste modo, estivessem inteiramente esclarecidas suas mentes, afastados os empecilhos a uma fé sólida no fato de sua ressurreição.  De vital importância, portanto, a certeza da realidade corporal desta sua ressurreição, ou seja, aquele que morrera agora estava vivo. Eram necessárias testemunhas competentes de tão relevante acontecimento. Aí está a razão pela qual São Pedro escreveu nos Atos dos Apóstolos: “Ele que fizemos morrer, suspendendo-o na Cruz, Deus O ressuscitou ao terceiro dia e lhe deu o poder de se manifestar, não a todo o povo, mas às testemunhas que Deus havia escolhido anteriormente, a nós que   temos comido e bebido com Ele depois de sua ressureição dentre os mortos”. Até à última aparição, de fato, “abriu-lhes então a mente para compreenderem as Escrituras”. Os Apóstolos firmes na fé na ressurreição pregaram depois por toda parte, após receberem o Espírito Santo, sendo testemunhas fiéis de tudo que tinham visto e ouvido. Tal a missão sublime do cristão através dos tempos: ser testemunha de Cristo, um reflexo fulgurante do Filho de Deus, vencedor da morte. Ele que abriu as portas do Reino dos céus para que todos os que O acatassem.  Testemunhas vivas das coisas do alto, apontando para muitos uma eternidade feliz junto de Deus.  De fato, é a ressurreição de Jesus que deve dar um sentido a todos os desejos, a todas as ações do cristão. Pelo seu imenso amor Jesus, através de suas testemunhas, despertaria em seus seguidores a fulgente esperança de sua volta gloriosa, quando Ele retornará para conduzir os que lhe foram fiéis para seu Reino de delícias perenes. Então Ele colocará a seus pés todos seus inimigos como disse São Paulo (1 Cor 15,25). Daí a importância de ser testemunha de Jesus, missão claramente confiada por Ele a seu seguidor. Pelo batismo batizado, pelo sacramento da confirmação, cada participante da Eucaristia tem por obrigação testemunhar Cristo, pois Jesus passa aos outros por ele. Muitos são os que vivem fora de toda referência religiosa ou ignorando a autêntica religiosidade Confessam-se católicos, mas não receberam o sacramento do matrimônio ou admitem o amor livre, aplaudindo programas inadmissíveis por um cristão. Lamentável a ausência de conhecimento religioso de inúmeros que admitem um ateísmo prático, uma sociedade inteiramente secularizada, um indiferentismo religioso. A Igreja tem apelado para uma nova Evangelização. É que o cristianismo, de modo geral, é visto por muitos como inimigo da liberdade, da evolução dos costumes. A mídia apresenta programas inteiramente contrários à Bíblia, mas aplaudidos por tantos telespectadores. Eis aí um campo imenso para a atuação corajosa dos que querem ser verdadeiras testemunhas de Cristo. * Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.

 

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