segunda-feira, 19 de abril de 2021

 

02 SER BOA OVELHA DE CRISTO

Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*

Neste domingo do Bom Pastor nada melhor do que refletir sobre as condições de como ser uma boa ovelha de tão inigualável Pastor (Jo 10 11-) Em primeiro lugar a alegria de se pertencer ao rebanho de Cristo que se imolou pela sua grei e afasta o lobo mau e voraz que aspira dizimá-la. Ele jamais se mostra vil mercenário. Um santo orgulho de ser conhecido pelo senhor deste aprisco e a Ele pertencer. A cada uma delas Ele pode verdadeiramente asseverar: “Com amor eterno eu te amei” (Jer 31,3). Regozijo de ser cumulado, além disto, gratuitamente com continuas maravilhosas graças.  Eis porque no Antigo Testamento o sábio “coloca sua alegria na lei da aliança do Senhor” (Sir 39,8). São Paulo gloria-se de pertencer a Cristo (2 Cor 10 e 11) e a Carta aos Hebreus fala no frescor e na ufania da esperança na qual vive o seguidor de Cristo. (He 3,6). O Catecismo Romano adverte: «Reconhece, ó cristão, a tua dignidade. Uma vez constituído participante da natureza divina, não penses em voltar às antigas misérias da tua vida passada. Lembra-te de que cabeça e de que corpo és membro. Não te esqueças de que foste libertado do poder das trevas e transferido para a luz e para o Reino de Deus» (n. 1691). Trata-se da santa empáfia de ser cristão, discípulo daquele que é o “Caminho a Verdade, e a Vida” (Jo14,6). São João deixou clara a razão pela qual não deve vacilar o seguidor de Jesus: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3,16).  O cristão, ovelha de Cristo, deve ser sal da terra e luz do mundo. Como dizia São Paulo a Timóteo, “por cujo motivo te lembro que despertes o dom de Deus que existe em ti pela imposição das minhas mãos. Porque Deus não nos deu o espírito de temor, mas de fortaleza, e de amor, e de moderação. Portanto, não te envergonhes do testemunho de nosso Senhor, nem de mim, que sou prisioneiro seu; antes participa das aflições do evangelho segundo o poder de Deus (2 Tm 1 6-8), A ovelha de Cristo de nada tem que se envergonhar. Ao contrário, deve levantar a cabeça porque seu chefe tem as chaves da história que revela aos homens o verdadeiro sentido de seu destino. Pode com ufania a exemplo de São Pedro dizer a Jesus: “A quem iremos nós, Senhor, tu tens palavras de Vida eterna. E nós cremos e nós conhecemos que tu és o santo Deus” (Jo 6, 68-69). Trata-se não de um ridículo orgulho, de um sentimento de vã suficiência ou de uma grotesca superioridade Na verdade, Jesus é a salvação e nunca exclusão dos semelhantes, criando privilegiados, distantes uns dos outros. Ele é um dom oferecido a todos podendo dizer: ”Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração e encontrareis descanso para as vossas almas. Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve (Mt 11:28-30). Todos são convidados a entrar no seu aprisco. Todas estas considerações devem gerar uma total e absoluta confiança na ovelha de Cristo. Tal a sua ordem; “Não tenhais medo”; “Não temais”. Claramente, assim se expressou: “Pedi e dar-se-vos-á; procurai e achareis: batei e abrir-se-vos-á. Na verdade, todo aquele que pede, recebe e quem procura, encontra; e ao que bate abrir-se-lhe-á. Se vós sendo maus, sabeis oferecer coisas boas a vossos filhos, quanto mais o pai celeste dará o Espirito Santo, àqueles que lhe pedirem” (Lc 11,13) . O Bom Pastor promete sua presença às suas ovelhas, a ação de seu Espirito aos que O amam e escutam. As boas ovelhas nos momentos da inquietude, das perseguições terão as luzes celestes sempre que precisarem. Nas situações difíceis estas ovelhas se entregam nas suas mãos e Ele e o  Espirito Santo iluminam e salvam. Tudo isto insufla coragem, segurança e perseverança. Surgem objeções, ataques, zombarias, oposições, mas a boa ovelha jamais sucumbe. Esta ovelha persevera e está sempre revestida de segurança Não se desencoraja nunca, pois tal foi sua afirmativa: “Coragem, eu venci o mundo” (Jo 16,33). A boa ovelha sabe testemunhar em palavras e em atos aquele que foi ‘um profeta poderoso em palavras e ações diante de Deus e diante do povo (Lc 24,19), Proclama explicitamente sua fé. Sabe que o Bom Pastor é a fonte da água viva e que enche de esperança seu seguidor. Esta ovelha pode repetir com São Paulo: “Eu sei em quem eu confiei” (2 Tm 1,12) Pode também proclamar: “Eu acreditei, eis porque eu falei” (Cor 4,13)., ou seja, nós cremos e por isso proclamamos as grandezas deste Pastor admirável A boa ovelha possui então a inteligência da fé, sendo serena, menos perturbada pelas questões dos inimigos de Cristo, menos aturdida pelas críticas dos que não amam o Filho de Deus. É firme, possui uma fé que cresce continuamente e sabe retorquir aos inimigos com uma atitude vigorosa. Exala por toda parte “o bom odor de Cristo” (1 Cor14,16). A boa ovelha testemunha o amor a Deus, a bondade de Deus, a vontade de Deus, Graças às boas ovelhas o rebanho do Bom Pastor pode crescer sempre mais, para a glória de Deus e bem das almas. * Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos

 

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