A
FAMÍLIA DE JESUS
Côn. José Geraldo Vidigal de
Carvalho*
Após a apresentação de Jesus no
templo de Jerusalém, diz São Lucas que Ele e seus pais voltaram para Nazaré,
onde o Menino “crescia robusto, cheio de sabedoria e a graça de Deus estava com
ele” (Lc l 22-40). Uma família santa,
perfeita, normal em perpétua busca do equilíbrio. José e Maria custodiavam
Aquele que era o “Messias do Senhor, luz das nações pagãs e gloria de Israel”. Por sua encarnação Jesus escolheu a
humanidade inteira como família. A Bíblia apresenta o tema da Aliança
entre o céu e a terra, entre Deus e homem. Do Gênese ao Apocalipse, Ele se
revela como um Pai que quer estender sua família trinitária por toda a terra. Todos os seres humanos
devem se considerar então irmãos e irmãs. Um ícone sublime desta verdade é,
portanto, a Sagrada Família de Nazaré, a qual é uma referência, um modelo para
as famílias de todos os tempos. Com efeito, nesta família nasce Jesus o santo
de Deus e suas três pessoas tinham em comum, antes de tudo e sobre tudo, o amor
divino, anteriores a suas relações afetivas recíprocas. O mistério da Encarnação, cuja grandiosidade é
meditada durante o tempo litúrgico do Natal mostra Jesus como o Filho de Deus,
primogênito de uma multidão de irmãos. É assim o tipo da humanidade que acolhe
Deus, mesmo porque a família não é um modelo meramente sociológico, mas deve
ser um exemplar de inspiração e de imitação. José e Maria vivendo inteiramente
em função de seu divino Filho, a mostrarem que primordial é o dever de educação
dos Pais, que necessitam ser os educadores por excelência, de tal modo que sua
progênie possa exercer plenamente seu papel no mundo em todos os aspectos. Eis
porque a família é um lugar importantíssimo para o engrandecimento de toda a
humanidade. José acolheu Jesus e Maria com uma fé profunda e assumia a
responsabilidade de pai desta família, conformando sua vida não a seus
projetos, mas aos desígnios de Deus, Maria em tudo que ocorria em seu derredor,
de São José e de Jesus, guardava e meditava em seu coração, tendo absoluta
confiança na providência divina. Belo exemplo de José e Maria que amavam Jesus não
com seu próprio olhar, mas tentando captar o pensamento de Deus e, por isto,
perscrutavam cuidadosamente como deveriam agir com relação a Jesus. A vida de
uma família não está nunca já escrita, mas está sempre em construção e, por
vezes, numa edificação dentro de um cotidiano, rude, difícil, imprevisível. Aí
porque a sabedoria e a dedicação dos pais e a compreensão dos filhos é imprescindível.
A solenidade da Sagrada Família vem lembrar que a missão dos pais e dos filhos
não é algo fácil e que, com exceção da Sagrada Família de Nazaré não há família
perfeita. Assim sendo cumpre reconhecer em cada membro de nossas famílias
pessoas que devem ser amadas, respeitadas, acompanhadas, orientadas. Jesus,
Maria e José souberam discernir e aceitar os planos divinos e, apesar das
tribulações que enfrentaram, cumpriram sua nobre missão. Por tudo isto, não se
trata de idealizar todas as famílias, porque sempre aparecem as rupturas, as
dores, e até as violências familiares, sobretudo num mundo tão turbulento como
o atual. O que cabe ao cristão é minimizar todos os males que atacam a estrutura
familiar tudo fazendo para que brilhe por toda parte os reflexos da grandeza da
família de Jesus. Não querer nunca enquadrar os outros em moldes individuais,
mas acolher o outro não como o queremos que seja, mas tal como ele é, fazendo
sempre com perspicácia os ajustes necessários, pois só Deus é perfeito A vida conjugal
e familiar é um dos lugares fortes da existência na qual se estuda a maneira de
aceitar a realidade assim como ela é e não como a queremos que seja. Na
tradição cristã a família é a primeira célula da Igreja, ou Igreja em
miniatura. Na família se aprende respeitar os pais e estes a acatar e amar os
filhos; os jovens a amar os anciãos e estes a ajudar os moços. A família é uma
escola de perdão e de partilha; de abertura para os outros, de compreensão
mútua. Da família de Nazaré saiu o Redentor da humanidade, nas famílias cristãs
se formam missionários, devotados apóstolos, mesmo porque os pais devem ser os primeiros
catequistas dos filhos. O mundo será, de fato, feliz quando os pais, como
acentua belíssimo cântico, se assemelharem plenamente a José, as mães a Maria e
os filhos a Jesus! E fica, então, a pergunta: “Será porque mundo não consegue entender o
que se deu em Nazaré? Professor no Seminário de Mariana durante 40
anos.
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