terça-feira, 31 de março de 2020


01 O DOMINGO DE RAMOS
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*
A Providência divina concede-nos a graça de iniciarmos mais uma Semana Santa no domingo de Ramos e da Paixão do Senhor. Alegria com a entrada festiva de Jesus em Jerusalém (Mt 21,1-11), mas também uma grande tristeza com a narrativa da Paixão do Senhor, rejeitado, sofredor, levado à morte (Mt 26.14-26,66). Comemora-se uma notável vitória de Jesus e, ao mesmo tempo,  se recorda que Ele é o Messias, salvador da humanidade, através de seu sangue redentor. É, contudo, isto outra vitória do Filho de Deus, ou seja, o triunfo do amor eterno. O próprio Cristo havia declarado que “não há maior dileção do que dar sua vida por seus amigos" (Jo 15,13). Seus sofrimentos foram garantia absoluta de sua dileção para com a humanidade, amor sem limites. No alto do Calvário a desobediência de Adão seria reparada, bem como reparados os pecados de todos os tempos. Portanto, tristeza causada pelas prevaricações humanas e pelo sofrimento imenso do Redentor. Júbilo, contudo, por causa do grande amor de Cristo que na cruz triunfou de todo o mal. Unidos ao divino Redentor pelas preces, pelos sacramentos e obediência aos sagrados mandamentos, à sua santíssima vontade, todas as cruzes, todos os sofrimentos, decepções e angústias de transformam no triunfo salutar do bem contra o mal. Portanto, é preciso a alegria da recepção triunfal de Jesus em Jerusalém e a compunção perante tudo que ocorreu desde sua prisão no Horto das Oliveiras até sua morte no Gólgota. Tudo isto deixando uma mensagem de força e esperança. É que a fé dos seguidores de Cristo oferece a certeza da vitória final de todos aqueles que perseveram no amor a seu Redentor. Jesus triunfante entrando em Jerusalém e depois martirizado é a certeza da vitória do bem num mundo onde reina o pecado e tanta dor. É que a perspectiva da esperança cristã está centrada naquele que venceu a morte, ressuscitando imortal e impassível. Quem penetra fundo no mistério do Domingo de Ramos pode repetir com São João XXIII que “seu passado está entregue à misericórdia divina, o futuro à sua providência e o momento presente ao seu incomensurável amor”. O importante, portanto, será viver intensamente a Semana Santa, unindo as apreensões e sofrimentos causados pelo coronavírus no Brasil e no mundo.à paixão de Jesus. No Jardim das Oliveiras Pedro, Tiago e João os amigos de Cristo dormiram, enquanto o Mestre entrava em agonia. Não foram assim capazes de confortá-lo em momento tão doloroso. Pedro, aliás, depois a negar Jesus no episódio do Sinédrio. Viver a Semana Santa longe também da hipocrisia de Pilatos que viu cruzar em sua vida o Salvador do Mundo e não obstante, grotescamente, lavou as mãos, mas nada fez para libertá-lo de seus inimigos. Procurou uma falsa tranquilidade de espírito desembaraçando-se de Jesus, o inocente.  Os outros apóstolos haviam abandonado a Cristo. Como Simão de Cirene, porém, é necessário ajudar Jesus a carregar a cruz até o Calvário, através da aplicação de todos os sofrimentos em reparação dos pecados próprios e da humanidade prevaricadora. Louvores a Maria Madalena e às santas mulheres firmes junto de Jesus aos pés da cruz. Aí o exemplo magnífico de Maria, sua Mãe, de pé, no Calvário após a dor do Encontro na Rua da Amargura. Ela acompanhou o Filho até o monte da dor e esteve a seu lado, inclusive no seu sepultamento, apesar de dilacerado estar o seu coração. Tornou-se a Corredentora da humanidade. Com ela estava o discípulo amado de Jesus a quem Ele confiou os cuidados de sua Mãe que ali se torna Mãe de todos os regenerados pelo sofrimento de Cristo, sendo João, o fiel discípulo, ali representante de todos nós. Como passar a Semana santa senão abominando as infidelidades de tantos outros ingratos, mas imitando exemplos tão maravilhosos dos que não desampararam o divino Salvador. Ele quer nesta Semana operar grande transformação  em cada um de nós através da liturgia, rumo a uma união perfeita com Ele, valorizando seu sangue salvador. Santificados nesta Semana Santa estarão abandonadas as coisas efêmeras, fúteis, pecaminosas, unindo cada um seu sofrimento ao sofrimento de Jesus para que completa seja a alegria da Pascoa do próximo domingo. * Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.

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