01 A MORTE E A RESSURREIÇÃO
DE LÁZARO
Côn.
José Geraldo Vidigal de Carvalho*
Preciosas lições oferecem a morte e a ressurreição
de Lázaro (Jo 11,1-45). A morte e a vida são duas realidades que devem também
ser encaradas com sabedoria. Na trajetória humana nesta terra, surgem estes doi
enigmas perante os quais é preciso se posicionar, pois sérias as questões que suscitam. É preciso, porém, meditar sobre elas
com esperanças e sem angústias. O drama vivido pelas irmãs de Lázaro diante de
seu falecimento e as palavras de Jesus trazem claridade para um tema tão
importante. É à luz da fé que se deve considerar a condição do ser racional
perante tais fatos incontestáveis. Ante, sobretudo, da doença mais
profundamente se medita sobre o valor da vida e o fato da morte. Foi o que
ocorreu com as irmãs de Lázaro entristecidas com sua enfermidade e posterior
falecimento. Inicialmente tomaram uma providência sensata, pois mandaram dizer
a Jesus: “Senhor, aquele a quem amas está enfermo”. Sem dúvida uma medida
exemplar, revelando enorme confiança no divino taumaturgo. Jesus chega e Marta
vai ao seu encontro, enquanto Maria fica em casa curtindo sua dor. Recebeu,
porém, o aviso de sua irmã: “O Mestre está lá e te chama”. Marta havia renovado
sua confiança no poder de Jesus: “Senhor, se tivesses estado aqui, meu irmão
não teria morrido, mas agora eu sei que tudo o que pedires a Deus, Deus te concederá”.
Jesus se serviu daquele acontecimento
para dar um ensinamento sobre a ressurreição:” Eu sou a ressureição e a vida;
aquele que crê em mim, ainda que esteja morto, viverá; todo aquele que vive e crê em mim não morrerá
jamais”. Cobrou, contudo de Marta um ato de fé: “Crês isto?”. Belíssima a resposta que recebeu: “Sim, creio
Senhor, que tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo que vieste a este mundo!”. Portanto,
diante da morte ali estava o Senhor da vida. Este ato de fé foi um motivo a
mais para que Jesus ressuscitasse seu amigo Lázaro. Deu-lhe uma ordem em frente
de sua sepultura: “Lázaro, vem para fora!”. Ele mesmo, depois de morto e
sepultado, ressuscitaria imortal e impassível, firmando definitivamente a esperança
de seus seguidores de gozar de corpo e alma a vida eterna. Jesus mostrou o
sentido da morte e do destino humano. Daí a convicção com que se repete no Símbolo
dos Apóstolos: “Creio na ressurreição dos mortos” e isto com todas as suas
consequências luminosas. Onde Marta e Maria tinham visto doença e morte Jesus
viu a vida. A confiança, porém, em Jesus foi para Marta e Maria um caminho de
fé, pavimentado de profunda confiança no poder do divino amigo. A atitude das
irmãs de Lázaro é um convite para que se coloque em Jesus toda esperança. Disto
deve resultar um profundo amor ao divino Redentor que leve a um abandono e
oferta pessoal de cada um para viver unido a Ele. Assim se obterá com Ele a
vitória dos ressuscitados, após o fato inevitável da morte. Isto como e quando
já foi determinado por Deus nos seus insondáveis desígnios. O corpo humano
apesar de todas as misérias que o cercam está destinado a uma glória eterna, graças
ao poder salvífico da redenção ofertada pelo Filho de Deus. Este ressuscitará
cada um para a felicidade eterna de acordo com as boas obras praticadas nesta
terra. É a fé em Jesus que a Igreja firma e reafirma a iluminar a existência
daquele que tem a felicidade de nele crer e esperar. Eis aí o que deve tornar o seguidor de Cristo
forte e, ao mesmo tempo, humilde. Ter sempre diante de si a perpétua visão de
um mundo feliz por toda a eternidade depois desta vida mortal A teologia da morte que a ressurreição
de Lázaro nos faz recordar é um dos capítulos mais belos do credo cristão. Feliz
aquele que tiver Jesus junto de si na hora de sua morte. Ao túmulo de Lázaro chegou Jesus para levar a
luz e a salvação. Lázaro escutou sua voz que o tirou da sepultura. Bem-aventurado
aquele que no instante derradeiro perceber a presença do divino Salvador. Não
importará o lugar em que estiver desde que esteja ligado a Cristo. Entrará
tranquilo na eternidade feliz do céu, aguardando o dia da ressurreição
universal. Toda situação de medo, incerteza e agitação terá passado. Saibamos viver estes ensinamentos, depositando
uma confiança total naquele que é o vencedor da morte. * Professor durante 40 anos no Seminário de Mariana.
Aproveito este espaço para agradecer a Deus pela vida do Cônego Geraldo Vidigal e pelo seus escritos. Um dos mais belos livros que conheço chama-se "TEMAS MARIANOS", de sua autoria. É maravilhoso. Parabéns Cônego e que Deus, pela intercessão da Mãe Imaculada, continue abençoando-lhe sempre. Amém!
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