segunda-feira, 27 de janeiro de 2020

JESUS, SALVAÇÃO DE TODOS OS POVOS


JESUS, A SALVAÇÃO DE TODOS OS POVOS.
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho
A solenidade da apresentação de Jesus no templo de Jerusalém, cumprindo o que estava escrito na lei mosaica, recorda a presença de Maria, tendo em seus braços a oferenda do mundo, o próprio Filho de Deus, e José trazendo o donativo dos pobres, a saber, dois pombinhos (Lc 2,22-40). O Menino Deus é então consagrado ao serviço divino para salvação de toda a humanidade, colocado à disposição de Deus para vencer a morte. Lemos na Carta aos Hebreus: “Pela sua morte reduziu à impotência aquele que detinha o poder da morte, isto é, o demônio” (Hb 2, 14). Ali estava Aquele que era a luz do mundo, conforme proclamou o velho Simeão: “Luz para esclarecer as nações e glória de Israel seu povo”. Simeão prediz a Maria que uma espada de dor traspassaria seu coração. Deste modo a apresentação de Jesus foi uma antecipação do mistério pascal, pois Ele por amor, no alto do Calvário, seria o Cordeiro imolado. Simeão não era nem sacerdote, nem rabi, nem levita, mas era um homem ajustado ao querer divino, um filho de Israel que esperava a promessa totalmente associada ao destino de seu povo. Foi, portanto, bem escolhido pelo Espírito Santo para anunciar o Messias. Com o Menino Deus em seus braços ele estava apto a bendizer o Criador e a proclamar o destino do Redentor e de sua mãe. Ele já podia morrer em paz, porque havia visto e tocado aquele que se sacrificaria para a vida do mundo, Deus fiel que tinha se lembrado de seu povo. Disto tudo fluem mensagens luminosas para a vida dos seguidores de Cristo. Por entre os acontecimentos que envolvem a caminhada neste mundo o cristão se sente muitas vezes na fronteira entre o dom de si mesmo a Deus e a atração para o endeusamento dos bens materiais, vítima do minimalismo que impera no atual contexto histórico. Precisa, deste modo, o seguidor de Cristo da luz e da paz anunciadas por Simeão. Esta luz e esta paz devem reinar no coração de cada discípulo daquele que é verdadeiro Deus e verdadeiro homem, garantia da autêntica felicidade e da real liberdade humana. Daí a importância da presença de Maria que não vacilaria perante os sofrimentos desconhecidos, imprevistos, incompreensíveis, mas, segundo Simeão, incluídos nos planos eternos de Deus. Ela se torna deste modo o modelo da submissão completa ao projeto divino da redenção de cada um. Cristo, depois, deixaria claro em suas pregações que quem quisesse ser seu discípulo deveria tomar a sua cruz e segui-lo. Não se trataria de estar envolvido em nuvens negras da dor e da angústia, pois Ele, como disse Simeão, era a luz que não deixa haver trevas em derredor dos O acompanham, É por isto que, apesar dos sofrimentos inerentes ao atual exílio, o cristão não desanima nunca e, com entusiasmo, a exemplo de Maria coloca seus passos nos passos de seu Filho. O esplendor divino em hipótese alguma deixa o cristão esmorecer. É que Ele é, de fato, a luz vinda a este mundo, iluminando os que jazem as trevas, Ele o Sol nascente que veio do alto nos visitar, fazendo-se companheiro de viagem na nossa trajetória terrena. Saibamos, assim, a exemplo de Maria, José, Simeão e Ana ir ao encontro de Jesus e cada um se tornará um iluminado, colaborando na salvação do mundo inteiro. Nada de se lançar nas escuridões da angústia e do pecado, mas confortados pela certeza de estar indo rumo à luz gloriosa e eterna do céu, ficando firmes na total adesão aos preceitos do Senhor. Pela fé no divino Salvador, que vem sempre a nosso encontro, nos tornamos membros do povo de Deus, dado que Ele é a salvação oferecida pelo Pai que está no céu. De fato, indo sempre até o Filho de Deus encarnado, acolhendo-O em nossos corações passamos a fazer parte do novo Israel. Daí um profundo júbilo diante desta realidade. Nosso encontro com o divino Salvador ocorre em inúmeras circunstâncias, mas, sobretudo, na liturgia que nos faz reviver ao longo do ano as etapas da vida do Filho de Deus neste mundo. Batizados, nos tornamos filhos amados do Pai, e, se, infelizmente, ocorrer algum pecado grave, o sacramento da Confissão restaura a presença divina no íntimo de cada um. Então, recuperada a graça santificante, pode o cristão novamente comungar. Aliás, seria uma falta gravíssima ousar diabolicamente ir à mesa eucarística machado com o pecado mortal. A comunhão é o encontro sublime com aquele que afirmou: “Quem come a minha carte e bebe o meu sangue permanece em mim eu nele”. Trata-se de um encontro com a Luz verdadeira que se manifesta a seu seguidor num gesto admirável de amor. É através destes vários encontros com o divino Salvador que o cristão corresponde a seu desejo de transformar o mundo, iluminando-o pela sua cooperação, vivendo uma vida santa, praticando todas as virtudes. *Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.

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