segunda-feira, 3 de fevereiro de 2020

A IDENTIDADE DO CRISTÃO


A identidade do cristão
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*
A quem é verdadeiramente seu seguidor Cristo declarou com toda clareza: ”Vós sois o sal da terra [...] Vós sois a luz do mundo” (Mt 5,13-16). Dois elementos que identificam o cristão. Que enorme responsabilidade! Com efeito, assim como o sal preserva da corrupção e a luz ilumina, assim também cumpre a seu discípulo proteger o mundo da decomposição moral e aclará-lo com a salutar doutrina e as boas ações. Nem sempre se apreende a profundidade da excelência de quem foi batizado. Em um de seus sermões São Gregório Magno assim se expressou: “Reconhece, ó cristão, a tua dignidade. Uma vez constituído participante da natureza divina, não penses em voltar às antigas misérias com um comportamento indigno da tua geração. Lembra-te de que cabeça e de que corpo és membro. Não esqueças que foste libertado do poder das trevas e transferido para a luz do reino de Deus. O preço do teu resgate é o Sangue de Cristo”. Em consequência, grande é a parte do cristão em tudo de bom que há no mundo, mas também pode ser enorme sua culpa na maldade que campeia em seu derredor. Trata-se, portanto, de um profundo exame de consciência que Jesus exige de quem é seu sequaz. Isto não deve ser algo vago no espírito de cada um, mas uma realidade profunda na existência do cristão por ser um alerta fundamental do Mestre divino. Ser sal da terra e luz do mundo eis aí uma norma basilar para quem ostenta o honroso título de cristão, o qual deve demonstrar, onde quer que esteja, o amor do Pai e o que é o Reino por Jesus apregoado. Como sal o cristão a expor o gosto de viver tudo que Ele ensinou, tornando-se uma luz por entre as trevas dos erros mais abomináveis. Trata-se de uma questão de coerência e de gratidão, pois foi gratuitamente que cada um recebeu no batismo missão de tão grande repercussão mundo todo, mundo a ser preservado do pecado e transfigurado pela luz divina da qual deve ser portador cada um de nós. É a este ministério sublime que somos todos chamados por Jesus. Tarefa singular junto de uma humanidade ferida pela desordem moral e pelos desvios mais lamentáveis. O batizado é colaborador do divino Redentor na construção de seu reino de virtudes, alumiando os que se acham no reino das trevas. Eis porque o cristão vai buscar na Eucaristia, na sua união mais profunda com seu Senhor, a graça de ser sal que preserva e luz que fulgura. Nunca se medita demais sobre esta verdade: “O cristão é outro Cristo”! Donde a necessidade de se examinar bem o que faria Jesus nesta ou naquela ocasião. Certamente estaria Ele praticando a caridade, jamais Ele abriria sites pornográficos nem se exporia às ocasiões de pecado ou a qualquer desvio moral. Toda vez que o cristão sabe compadecer-se do sofrimento alheio e dá o bom exemplo ele está agindo como Jesus atuaria. O cristão tem esta incumbência de espancar as escuridões dos vícios, espiritualizando o ambiente no qual vive. A indagação de Jesus, porém, é clara: “Se o sal perde sua força com que se há de salgar”. O mesmo se dá quando não há luz que aclara. Daí a obrigação de seu seguidor de rever sempre seus conceitos e suas ações que, quer queira quer não, influenciarão para o bem ou para o mal. Cabe ao cristão ser verdadeiro sal da terra e luz do mundo, levando por toda parte o tempero da sabedoria e o archote da fé. Jesus é o Santo de Deus e é preciso segui-lo fielmente na justiça e na santidade ao longo de todos os dias nesta terra. É necessário então pedir ao Senhor que saibamos sempre oferecer o sabor espiritual à vida dos que estão em nosso derredor e a eles levar sem cessar a luz da verdade. A amplidão da tarefa a ser executada neste mundo poderá até desconcertar diante das dificuldades que surgem. Entretanto, para ser o sal ou luz para os outros cada um conta sempre com a graça divina. O essencial é ser testemunha de Jesus para que outros não se apartem dele. É preciso estar atentos porque por toda parte há pessoas frágeis, oprimidas que clamam por uma ajuda espiritual. É a hora em que se deve ser para o outro sal e luz. Trata-se de quebrar as cadeias de almas cativas. Tal atitude gera também para quem assim age a paz, a alegria. É que ser sal da terra e luz do mundo beneficia não somente os outros, mas também a si mesmo. Isto se dá porque todo o bem que se faz é fruto da ação do Espírito Santo. É Ele quem oferece às coisas da terra seu justo sabor e aos acontecimentos diários seu autêntico valor, tudo aclarando pela fé. * Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.


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