segunda-feira, 30 de dezembro de 2019

UMA ESTRELA BRILHOU PARA OS MAGOS

 UMA ESTRELA BRILHOU PARA OS MAGOS
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*
Preciosas lições oferece a ida dos Magos até Belém guiados por uma estrela para adorar o Menino Deus aí nascido (Mt 2,1-12). Com grande disposição eles partiram do Oriente e, apesar dos percalços, não desanimaram e em Jerusalém cuidadosamente indagam sobre o lugar onde deveria nascer o Messias e rumam para Belém. São tomados de alegria ao encontrar aquele que procuravam. Sua perseverança foi recompensada. Não haviam ficados acomodados, não foram indolentes e logo se puseram na rota indicada pelo astro. Valorizaram seus conhecimentos e se mostraram competentes astrônomos. Estava escrito no livro dos Números: “Surgirá uma estrela de Jacó”. Esta profecia se verificou num sentido mais sublime e completo no Messias prometido.   Era um meteoro extraordinário criado especialmente por Deus para dar às nações a alvissareira notícia do nascimento do Salvador da humanidade. Os magos decodificaram sabiamente o fenômeno e deixaram exemplo de disponibilidade e persistência. Chegaram até um Menino pobre, mas que era o Rei que atrairia a si todas as gentes, soberano imortal dos séculos futuros. O evangelista ressaltou que “viram o Menino com Maria sua Mãe”. Mais tarde São Bernardo, num momento de pulcra inspiração, não hesitou em proclamar “per Mariam ad Jesum”, pois, de fato, somos conduzidos a Jesus através de sua Mãe. Ela ensinaria sempre os cristãos a receber e a seguir seu divino Filho pelas estradas da vida, abrindo seus corações ao sentido mais profundo da obra redentora. Os Magos ao oferecerem àquele Menino que estava ali com sua mãe presentes típicos de sua região mostraram com o ouro que ele era rei, com o incenso que era Deus, com a mirra que era um homem que se sacrificaria para a salvação de todos que nele cressem, seguindo seus ensinamentos. Uma admirável visão teológica estava assim contida nas dádivas daqueles sábios que voltaram por outro caminho para evitar o ímpio rei Herodes. Alertavam assim que sempre se deve fugir dos inimigos de Cristo. Todas estas verdades alimentariam a grande fé dos seguidores de Jesus. Esta fé chegaria à maturidade em milhares de cristãos pelo mundo afora não obstante a resistência daqueles que, como Herodes e seus sequazes, lutariam em vão contra o divino Redentor. São os que desconhecem os caminhos espirituais traçados pelo Mestre divino. No mundo da criação com sua dimensão, tanto física quanto psíquica, é preciso deixar sempre um lugar para o mundo religioso a ser iluminado pela Palavra divina contida na Bíblia e nas inspirações do Espírito Santo. Este até em sonho se comunicou com os Magos. É preciso, porém, estar sempre atentos às ambiguidades suscitadas pelo espírito das trevas. Os magos, apesar de sábios, humildemente consultaram em Jerusalém os grãos-sacerdotes e os escribas do povo, os entendidos nas Escrituras, e depois se ajoelharam perante uma criança inerme. Maria já havia dito no seu cântico  Magnificat que Deus dispersa os soberbos com os desígnios que eles conceberam e exalta os humildes (Lc 1,31-32). Eis aí outro aspecto fundamental da revelação do mistério epifânico num acontecimento tão simples, claro e maravilhoso em seus pormenores. Astrônomos notáveis, ricos, poderosos a legarem ensinamentos teológicos ao procurarem o lugar onde tinha nascido o Messias que lhes merecia uma visita surpreendente. Esta resultou na manifestação, na revelação do Deus feito homem, o Salvador do mundo anunciado pelos profetas e tão aguardado pelo povo da Bíblia. Desta visita bem fundamentada em fatos reais resultou um notável ensinamento espiritual. Jesus nasceu em Belém da Judéia no tempo do rei Herodes. Tal fato, que revolucionaria a História, tinha uma significação profunda. Os Magos eram as primícias das nações e figuravam a humanidade caminhando para Cristo. Ele que poderia depois se proclamar a Luz do mundo (Jo 8,12; 12,46). Os Magos saem de cena, pois já haviam reconhecido em Cristo o Redentor. Abriram as portas de um reconhecimento universal àquele que deveria ser amado e adorado como o Senhor da glória de acordo com o que escreveu São Paulo aos Coríntios (1 Cor 2,8). Deste modo, a Epifania vem mostrar ao vivo o mistério de Cristo, a manifestação de Deus neste mundo, a revelação de sua presença viva no nosso meio. Cristo, a imagem do Deus invisível, o primogênito dos redivivos e que tem em tudo o primado. (Col 1,15.18). Ele mostrou um Deus que de fato ama os seres humanos e seres humanos que devem apaixonadamente amar este Deus que veio à terra para a todos redimir. Este Deus que quer ser tudo em todos. Assim a Epifania é o grande mistério do amor divino. Por tudo isto esta solenidade deve nos levar a oferecer a Jesus o ouro de nosso amor, o incenso contínuo de nossos louvores, a mirra dos sacrifícios de cada dia. Desta maneira, o cristão se torna, de fato, um iluminado, rendendo-lhe todas as homenagens como fizeram um dia aqueles sábios vindo do Oriente. * Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.
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