segunda-feira, 16 de dezembro de 2019

JESUS, O EMANUEL


JESUS, O EMANUEL
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*
A Encarnação da Segunda Pessoa da Santíssima Trindade e o Nascimento virginal de Maria, focalizados por São Mateus, mostram a missão de São José nos admiráveis planos de Deus (Mt 1,18-24).  A vinda do Redentor da humanidade a este mundo se enraíza na história de Israel. O menino que nasceria de Maria é obra do Espírito Santo e pertenceria à linhagem de Davi através de José, homem justo, bondoso e humilde. Sua esposa estava grávida e, por não conhecer ainda o projeto redentor de Deus, ele pensou, para lhe salvar a honra, em se desvincular secretamente dela. Foi preciso então que um anjo lhe explicasse o papel do Espírito Santo naquela maternidade. São José confia então em Deus e lhe obedece, aceitando aquela missão paternal perante a lei. O grande objetivo de São Mateus foi salientar a filiação divina de Jesus, o Emanuel, Deus conosco. Aí está a perspectiva teológica ressaltada pelo Evangelista. É o próprio Deus quem revela ser Jesus o Cristo, o Salvador da humanidade, cuja identidade fica assim bem retratada. São José deixou o exemplo de como se comportar perante fatos tão maravilhosos, ou seja, como proceder na aceitação pela fé da iniciativa de Deus. Este naquele acontecimento visava a redenção de todos os homens. É importante, portanto, que o cristão esteja sem cessar preparado para acolher com fé e humildade o roteiro de salvação estabelecido por Deus. Jesus é este Deus conosco e isto para que os fiéis enfrentem todas as dificuldades inerentes a este exílio terreno no que toca à família, à sociedade, à própria Igreja, às diversas comunidades. A proximidade do Natal deve, deste modo, lançar raios de esperança para superar todos os momentos difíceis, imergindo o seguidor de Cristo no amor divino. Momentos de turbulência interior passou São José até o esclarecimento celeste, mas ele depois aderiu inteiramente aos desígnios celestes. É através de seus seguidores que Jesus quer se mostrar a este mundo tão materializado e no qual se multiplicam ataques à verdadeira Igreja de Cristo e um desprezo assustador dos dez mandamentos. Multiplicam-se exemplos degradantes de falsos ídolos criados pelos meios de comunicação social e todo o cuidado é pouco. Necessário, portanto, um ajustamento total à vontade de Deus e eis aí a grande mensagem que flui da atitude de São José. A ele o anjo lhe diz: “Não tenhas medo”. O mesmo é dito a todos que desejam perseverar, pois a verdade há sempre de permanece, não obstante os erros que se multiplicam por toda parte, numa traição ou negação do autêntico Evangelho trazido a este mundo pelo Emanuel. Como São José, o autêntico seguidor de Cristo tem sua inteligência atenta à iniciativa de Deus. Por isto deve estar repleto das luzes do Espírito Santo para realizar sua missão no meio dos homens, levando por toda parte a mensagem redentora do Emanuel, mostrando que, de fato, Ele é o Deus conosco. Este Deus liberta na ordem moral e espiritual pela união profunda entre o ser humano e seu Senhor. Uma libertação universal que precisa atingir todos os que têm a ventura de ter fé. Deste modo, o título de Emanuel vem completar o retrato teológico do Filho de Deus, é um programa e um ministério de apostolado para fazê-lo sempre mais conhecido e amado. É que este Jesus, Deus conosco, se faz presente na história dos homens através de seus discípulos. Ser fiel no sentido bíblico da palavra é ser coerente com sua fé, um cristão que pela sua santidade de vida realiza os desígnios de Deus. São José foi denominado um homem justo, porque totalmente ajustado ao querer divino e, por isto, não só exerceu uma função tão importante como Pai legal do Messias, como se tornou um exemplo de fidelidade a Deus. O mérito de São José foi acolher a iniciativa salvadora deste Deus e através dos tempos ele contesta as lentidões, as reticências de tantos cristãos que acabam impedindo a ação divina que deve se expandir por toda parte. Cumpre não fazer de Deus o nosso satélite, colocando-O a nosso serviço. São José mostrou que não há temor quando é Deus que age na vida de seu servidor. Venturosos os que adotam a atitude de São José. É do interior que flui a maleabilidade para seguir as inspirações divinas. Para isto é dentro de cada um de nós que devem borbulhar os eflúvios de todas as virtudes, gerando uma vida responsável e solidária. Apenas assim Jesus, o Salvador, será para nós o Emanuel, o Deus que estará sempre conosco. A preparação para o Natal já é um sinal de um desejo ardente da salvação daquele que, vindo ao encontro de nossas fraquezas, não nos abandonará jamais, Tudo isto porque o Natal deverá significar para nós um Encontro com uma Pessoa e não com uma ideia que se diluirá com o passar dos dias. O Natal vem nos recordar que a presença de Jesus é a expressão real de seu interesse por suas criaturas.  Deixemo-nos possuir por este inefável amor e seremos felizes! * Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.

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