ADVENTO, TEMPO DE VIGILÂNCIA E
DISPONIBILIDADE.
Côn.
José Geraldo Vidigal de Carvalho*
O
tempo do Advento envolve os cristãos na expectativa da vinda do Senhor e exige
total disponibilidade para dignamente recebê-lo. Daí o alerta do Evangelho:
“Estai preparados, porque a hora em que não pensais virá o Filho do homem” (Mt
24,37-44). Ele vem e chegará com novas graças e isto supõe estar vigilantes e
inteiramente disponíveis para aguardá-lo. O Senhor vem para encorajar,
pacificar, orientar e vivificar a expectativa pela sua chegada. Ele ostenta seu
poder e chega para a todos salvar. Sublime é o seu nome e será preciso servi-lo
na justiça e na santidade sempre lembrado de sua presença santíssima. Então Ele
será para todos luz de vida, de felicidade e de paz. Eis por que é importante refletir
sobre ao mistério da chegada de Jesus que de maneira especial vem para
purificar e santificar. A teologia da expectativa do nascimento do Salvador e
de seu retorno no fim dos tempos apresenta pistas para uma espiritualidade do Advento.
Crer é desejar sempre mais ardentemente a vinda do Senhor, é perseverar com o coração
desperto e atento. Acreditar é se deixar transformar sob o influxo das
realidades natalinas e da consumação da história, apesar das fragilidades
humanas e as impaciências que elas fazem surgir. Daí muitas vezes o desânimo, o
afrouxamento espiritual. Eis porque São Paulo incita a sair cada um de sua
sonolência, fugindo da rotina no trato com Deus, de uma acédia, de uma
indolência que precisam ser vencidas. A expectativa suscitada pelo Advento bem
vivida leva a uma fuga do ativismo e de preces vazias, bem como do desânimo e
da falta de um grande fervor. Deste modo, o Advento conduz a um aprofundamento
interior, levando o fiel a se desconectar do uso exagerado do celular, da
televisão, para centralizá-lo mais na figura do divino Salvador. É este um
tempo precioso oferecido pela misericórdia divina para a própria transformação
e amadurecimento religioso, permitindo que Deus possa transformar o coração
daquele que piedosamente O aguarda. Eis porque cumpre penetrar fundo na
espiritualidade do Advento, caminhando no fulgor do Senhor ansiosamente
esperado, pois a salvação está próxima como alertou São Paulo (Rm 13,11). Deste
modo, quer a vinda de Cristo no seu Natal, quer no fim dos tempos não fica
envolta numa vã esperança na qual muitos, por vezes, enquadram o significado
destas realidades. O que Deus deseja é a conversão de cada um que nele crê, o
que atrairá todas as bênçãos natalinas e a visão beatificante da parusia final,
da sua vinda por ocasião do juízo universal. Cumpre, pois, abrir o coração e a
inteligência para entrar na verdadeira dinâmica proposta para bem viver este
tempo precioso. Todos, sejam quais forem suas atividades, são chamados a uma
revisão de vida. Trata-se de um apelo para que se consagre ainda mais toda
energia afim de que no Reino de Deus todos possam encontrar o que o mundo não
pode dar. Deste modo, cada um se torna um discípulo missionário de Cristo,
fazendo de seu Natal o momento precioso para fazer, de acordo com o carisma de
cada um, Jesus ainda mais conhecido e amado, Ele que um dia voltará para julgar
os vivos e os mortos. Cumpre que o seguidor de Jesus seja inteiramente
transformado pelo seu mistério, estando Ele no cerne da vida de cada um. Assim,
ano a ano, se dá um crescimento progressivo no encontro com Deus numa vida de
qualidade que somente o Filho de Deus encarnado pode oferecer. Uma existência
na qual se sai de si mesmo para caminhar à luz de valores espirituais
profundos, levando outros ao amor, ao perdão, ao acolhimento mútuo, ao
dinamismo de uma evangelização profícua. Então, realmente, Deus estará passando
de maneira especial na vida de cada um. A presença de Cristo se torna assim uma
força e todas as dificuldades são superadas e o cristão se sente fortalecido
diante das surpresas que a vida reserva dentro dos planos da providência
divina. Tudo interpretado como um sinal, como uma oportunidade para caminhar
para frente até o Presépio e, após uma trajetória luminosa nesta terra, poder,
um dia, estar tranquilo na vinda final de Jesus que voltará para julgar os
vivos e os mortos. Fixemos então o sábio conselho de São Paulo: “Revesti-vos do
Senhor nosso Jesus Cristo”. *Professor no
Seminário de Mariana durante 40 anos
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