01 A REALEZA DO REI DO UNIVERSO
Côn. José Geraldo
Vidigal de Carvalho*
No tribunal no qual foi julgado Jesus proclamou
solenemente sua realeza ao responder à indagação se Ele era, de fato, rei.
Declarou claramente a Pilatos: ”Tu o disseste eu sou rei” (Jo 18, 33-37). A essência de sua missão régia era “dar
testemunho da verdade”. Esta verdade era Ele mesmo e, portanto, acatá-lo seria
receber uma verdadeira consistência espiritual para dilatar seu reinado através
dos tempos. Deste vigor interior de seu seguidor viriam as luzes para pensar
corretamente e a coragem de agir segundo seus ensinamentos. De fato, Ele é rei
que instila nos corações a energia para irradiar a bondade e a misericórdia. Em
torno dele surgiriam sempre novos modos de relações entre os seres humanos
hauridas no amor de seu divino coração. Seu reino seria então um reino de
fraternidade e de paz, numa luta constante contra o mal. Trata-se do combate às
causas permanentes de violências e de ódio que são a injustiça, a miséria, a
dominação ou a exploração, a corrupção ou a exclusão social. Com Ele seus
súditos deveriam sempre ser sinais de seu amor, construtores de seu Reino, dado
que Ele é o vencedor do mal e da morte. Esta sempre foi e será a missão do
cristão: dar ao mundo a verdadeira imagem de Cristo Rei. Ele um soberano que se
colocou inteiramente ao serviço dos homens, criados à semelhança do Pai. É
sendo humilde e serviçal aos outros que seu discípulo entra no grande movimento
dos desígnios do amor divino numa abertura para acolher a irrupção de Deus na
história, desenvolvendo uma atitude de atenção e cordialidade para com todos.
Quem realmente pertence a Cristo Rei ajuda o próximo nas inquietudes da vida, a
ter confiança no dia a dia através da paciência e da perseverança que devem ser
distintivos de quem se submete a este Rei. Realiza-se deste modo a comunhão no
imenso movimento de amor que pulsa dentro do Reino de Cristo. Na solenidade de
hoje se pode perceber ao vivo a união de todos os batizados em torno de seu
Soberano e Senhor. Com Ele será sempre possível dominar as forças do mal não
sendo o cristão cúmplice das iniquidades que campeiam no mundo. A mensagem da
solenidade de Cristo Rei se torna então uma mensagem de otimismo porque aos que
creem é comunicada a tarefa de dilatar a vitória do bem e da verdade. Para
indicar o caminho do justo a Bíblia usa a imagem dos opostos, ou seja, o
caminho de Deus e o caminho do perverso, daquele que não se submete ao Reino
divino. São duas vias opostas. Neste mundo se vive nas fronteiras da luz e das
trevas e aí reside a responsabilidade dos que pertencem a Cristo Rei que é
difundir a claridade, afastando as sombras do erro e do pecado. Cumpre fazer
prevalecer a radicalidade da verdade que deve se sobrepor à ausência da
compaixão e misericórdia. O seguidor de Cristo Rei projeta sua luz no futuro da
história da humanidade e de sua história pessoal. As misérias do mundo presente
com seus horrores passarão. Raiará o dia no qual Cristo Rei vencerá todas as
potências infernais. Assim sendo, no coração da humanidade, o seguidor deste Rei
imortal dos séculos se enche de esperanças porque chamado por Cristo a
participar de sua obra de salvação na vida familiar, profissional, social,
vigilante para jamais trair seu soberano senhor. É que a fé invisível que
habita o coração do súdito de Cristo Rei ilumina a sociedade, mesmo porque a
força do bem é superior a todas as invectivas do mal. Desse modo, a festa de
Cristo Rei deve levar a todos a entrar no mistério de Jesus do qual se quer ser
discípulo fiel e sincero. A lição a reter então nesta festa, recordando que Cristo
é o Rei do Universo, é que não se pode duvidar da importância dos esforços pessoais
para levar por toda parte a verdadeira visão do império da virtude sobre todos
os erros, sendo cada um o sinal indissociável da santidade que faz ver a
presença de Jesus onde quer que o cristão esteja. Isto de modo especial
manifestando o interesse pelos pobres, pelos mais necessitados num contínuo serviço
ao próximo. É desse modo que se faz Jesus
seja conhecido por toda parte, visto como o Rei perfeito que tem o poder de
transformar seus seguidores à sua imagem, se estes, de fato, correspondem a
suas intervenções dentro de seus corações. Foi o que aconteceu com os santos,
com aqueles que já se acham no Reino dos céus e que continuam a convidar os
seus devotos a imitá-los. Para eles Cristo foi o Rei de suas inteligências e O
receberam com toda a submissão, numa obediência total da fé. Aqui na terra Ele
se tornara para os bons o Rei de suas vontades pela impulsão e inspirações que
sempre lhes ofereceu, inflamando seus sentimentos para as mais nobres ações.
Por tudo isto aqueles que já se acham no Reino do Céu, neste mundo, O tiveram
sempre como Rei de seus corações, imersos no seu imenso amor. Portanto, saibamos
também nós imitá-los e com eles estaremos com Cristo Rei por toda a eternidade. . * Professor
no Seminário de Mariana durante 40 anos.
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