segunda-feira, 11 de junho de 2018
JESUS, O MENSAGEIRO DA PALAVRA
JESUS, O MENSAGEIRO DA PALAVRA.
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*
À multidão que o escutava Jesus dirigia sua palavra salvadora através de parábolas (Mc 4, 26- 34). Ele comparou reino de Deus com a semente que cresce. Contempla-se então o semeador tranquilo confiante no desenvolvimento natural, por virtude ingênita, sem necessidade da ação do agricultor. Este espera pacientemente até o tempo da ceifa. É deste modo que Deus age na natureza e é assim que a palavra lançada por Jesus produz maravilhas dentro da História. No contexto atual no qual reina uma cultura de resultados imediatos muitas vezes o esforço dos semeadores do Evangelho provoca, sobretudo, nos agentes de pastoral uma certa ansiedade apostólica com anseios de efeitos de curto prazo. Disto podem resultar decepções que levam ao desânimo. Nem sempre se sabe conjugar a paciência com a atividade.
Plantar, sim, mas deixar a colheita para o tempo de Deus que nem sempre é o tempo dos homens. Uns lançam a semente, outros colherão, mas o principal é que a palavra divina venha a produzir fruto. O processo de crescimento do bem muitas vezes passa sem a interferência do que semeia. Este vigia, mas entrega tudo nas mãos de Deus. Bem se expressou Elisabeth Leseur: ”Não sabemos o bem que fazemos, quando fazemos o bem” e isto, sobretudo, no trabalho árduo da catequese, da pregação, da semeadura. É um dom divino saber contemplar o Mistério do Reino de Deus que depende da graça celeste e não do mero empenho humano. O principal é não ser nunca omisso. A imagem do grão de mostarda é sumamente sugestiva. Isto significa a importância da santidade no Reino de Jesus. O esforço da perfeição cristã por parte das pessoas, mais humildes que sejam, faz irradiar esta santidade por toda a Igreja É que “uma alma que se eleva, eleva o mundo inteiro”. Há por toda parte cristãos fervorosos que vivem profundamente a realidade do Reino a que se refere Jesus. O principal, porém, é ninguém atribuir a si mesmo o êxito na evangelização. Nunca se reflete demais sobre o que disse São Paulo aos Coríntios: “Eu plantei, Apolo regou, mas Deus deu o crescimento”. Por isso, nem o que planta é alguma coisa, nem o que rega, mas Deus que dá o crescimento. Ora, o que planta e o que rega são um; mas cada um receberá o seu galardão segundo o seu trabalho. Porque nós somos cooperadores de Deus, vós sois lavoura de Deus e edifício de Deus (1 Cor (3,5-9). Cumpre receber a Palavra divina nos corações sinceros, meditá-la e difundi-la, confiados no poder da graça. É preciso ser cristão de fé para a salvação própria e das almas. Esta é a realidade misteriosa do Reino de Deus. Uma realidade que nos ultrapassa, cujo desenvolvimento nos excede, mas que o poder dinâmico de Deus faz propagar e progredir por toda parte. É com esperança que se deve aguardar o tempo da colheita. Saint Exupéry, escritor francês, deixou uma frase significativa: “O essencial é invisível a nossos olhos”. Nas duas parábolas de hoje Jesus mostrou como a semente lançada à terra, por uma força oculta, imperceptível cresce e se expande. Ele mesmo o pregador genial não converteu muitos de seus contemporâneos e de sua própria família. Ele sabia, porém, que a pregação do Evangelho não era uma audácia inútil, um tempo perdido para o Reino de Deus. Os que se dedicam à evangelização necessitam de muita calma e paciência. O Reino de Deus é uma revelação, porém nem todos se dispõem a nela penetrar. Ao batizado que participa do múnus profético de Cristo cabe cooperar e se alegrar com o crescimento do Reino, lançando com eficiência a semente da Palavra. Deus faz muito mais do que qualquer evangelizador e contempla o esforço missionário de cada batizado e faz frutificar tudo no tempo oportuno. Há muitas maneiras de lançar a semente da vida eterna, ou seja, não apenas nos diversos meios de catequese oferecidos pelas Paróquias, mas também pela oração, pela penitência a favor do progresso do Evangelho, pelo bom exemplo. É que os bons exemplos não mostram somente como se deve fazer, mas imprimem também o desejo de querer praticar o bem. Sejamos semeadores da semente do Reino nesta terra e grande será a recompensa lá no Reino do Céu. * Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.
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