segunda-feira, 11 de junho de 2018

A VIRTUDE DA TEMPERANÇA

05 A VIRTUDE DA TEMPERANÇA Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho* A temperança é a virtude que refreia o desejo de gozos sensíveis e se opõe à gula que é o amor desordenado ao alimento. A gula quando aplicada à bebida chama-se embriaguez. Esta é a forma mais repugnante da gula e chega ao auge com o consumo das drogas, Santo Ambrósio afirmava que: “Aquele que submete o seu próprio corpo e governa sua alma, sem se deixar submergir pelas paixões, é seu próprio senhor pode ser chamado rei, porque é capaz de reger a sua própria pessoa”, Quem não pratica a virtude da temperança está exposto a inúmeras doenças do corpo e da alma. A temperança leva a um equilíbrio psicossomático saudável. Para isto é preciso viver segundo as inspirações do divino Espírito Santo, conforme ensinou São Paulo: “Se viverdes segundo a carne, morrereis, mas se pelo Espírito fizerdes morrer as obras do corpo, vivereis” (Rm 8,12). A gula é uma porta aberta para satanás, gerando uma série de pecados que devem ser evitados. É lícito degustar as delícias dos alimentos e de algumas bebidas, mas com total moderação no comer e no beber e com a seleção de nutrimentos sadios. Aí entra o papel importantíssimo dos nutricionistas que podem oferecer cardápio acomodado ao organismo de cada um, ajudando a manter o peso ideal e evitando a circunferência abdominal. É preciso, de fato, usar com discernimento os bens criados por Deus. Jesus esteve numa festa de casamento em Caná da Galileia e até transformou a água em vinho (Jo 2,1-12). Presidiu a última ceia com os apóstolos e transubstanciou o pão e o vinho no seu corpo, sangue, alma e divindade. Ensinou, porém, claramente a moderação:” 4Velai sobre vós mesmos, para que os vossos corações não se tornem pesados com o excesso do comer, com a embriaguez e com as preocupações da vida; para que aquele dia não vos apanhe de improviso. Como um laço cairá sobre aqueles que habitam a face de toda a terra. Vigiai, pois, em todo o tempo e orai, a fim de que vos torneis dignos de escapar a todos estes males que hão de acontecer, e de vos apresentar de pé diante do Filho do Homem” (Luc 21,34). . São Paulo então advertia: “Há muitos por aí, de quem repetidas vezes vos tenho falado e agora o digo chorando, que se portam como inimigos da cruz de Cristo, cujo destino é a perdição, cujo deus é o ventre, para quem a própria ignomínia é causa de envaidecimento, e só têm prazer no que é terreno. Nós, porém, somos cidadãos dos céus. É de lá que ansiosamente esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo (Fil 3,18-21). Condenação clara da busca do prazer imoderado, comendo e bebendo em excesso e, até, alimentos e bebidas nocivos. Entre os remédios contra a gula está evitar tudo que lisonjeia demais o paladar, como iguarias que agridem o bem-estar. Comer para viver e não viver para comer e beber deve ser o lema do verdadeiro seguidor de Cristo. A sobriedade deve regular a relação do cristão com a alimentação, procurando sempre o meio termo. Louvável é a mortificação, privando-se de certos alimentos e bebidas permitidos para assegurar o império da razão sobre a paixão. Cumpre ter um horário certo para as refeições bem distribuídas durante o dia e ser fiel a ele, mesmo porque comer sem necessidade é uma falta a ser evitada. O cristão não pode ser um gastrônomo inveterado. Enfartar-se de comida ou bebida com risco de contrair doenças pode se tornar até um pecado grave, denominado glutonaria. O discípulo de Cristo não come e bebe com avidez, com sofreguidão como certos animais. É preciso tomar as refeições com intenção reta e sobrenatural, ou seja, afim de ter forças para trabalhar, para estudar, para praticar o bem, para adquirir as energias necessárias ao cumprimento dos deveres de cada dia. Toda volúpia é condenável, pois prepara a alma para capitulações perigosas , abrindo as portas aos assaltos do demônio. Cumpre sempre colocar em prática o sábio conselho de São Paulo: “Quer comais, que bebais, fazei tudo para glória de Deus (1 Cr 10,31); Os nutricionistas ensinam que a sobriedade ou a frugalidade é condição essencial do vigor físico e espiritual. * Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.

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