DISCURSO DO CÔNEGO JOSÉ GERALDO
VIDIGAL DE CARVALHO, PRESIDENTE HONORÁRIO DO IHGV NA SESSÃO SOLENE DA
INSTALAÇÃO DESTE INSTITUTO DIA 21 DE SETEMBRO DE 2017.
Excelentíssimo
Senhor Prefeito Municipal de Viçosa, Ângelo Chequer, demais ilustres membros
desta Mesa, prezados amigos e amigas, cuja presença prestigia imensamente esta
cerimônia.
Gratias
agimus Deum - Damos graças ao Senhor
21 de setembro, dia marcante para
a História de Viçosa, data fulgente da instalação oficial de seu Instituto
Histórico e Geográfico, “Casa de Alexandre de Alencar”. Fundado dia 10 de
novembro de 2016, este Instituto tem por objetivo cuidar da preservação da
História desta cidade universitária, dar incentivo a novos estudos de natureza
histórica e geográfica, bem como a organização de documentos relacionados à
origem e desenvolvimento de uma das mais importantes cidades do Brasil.
Acabamos de diplomar o primeiro Presidente deste Instituto, o historiador Dr.
Henrique Cruz Neto, que vai empossar os demais 26 membros efetivos,
considerados fundadores. Serão também homenageados os sócios honorários e
beneméritos, num total de 40 baluartes desta novel Instituição. Dia primeiro
deste glorioso mês de setembro tivemos o prazer de receber na Casa da Praça do Rosário
dois idealizadores deste Instituto, o sábio e incansável batalhador da cultura
viçosense, José Mário Rangel; o consagrado Professor Dr. Vicente de Paula de
Souza Castro, que o apoiou desde o início nos trabalhos de organização desta
Instituição e o notável historiador Dr. Henrique Cruz Neto, já empossado como o
primeiro Presidente. Fizeram-me então a comunicação de que este historiador e
professor seria o Presidente Honorário deste Instituto. Título sumamente
honorífico recebido com gratidão e profunda emoção por quem já pertence ao
Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais e ao Instituto Histórico e
Geográfico Brasileiro. Cabe a todos
os membros do Instituto Histórico e Geográfico de Viçosa mostrar os valores
que, através dos tempos, tem feito desta cidade a pioneira na concretização dos
mais vibrantes ideais cívicos, graças às atuações dos que aqui já viveram e
atualmente vivem. Instituto Histórico e Geográfico, porque embora a História
esteja relacionada com todas as demais ciências sociais, sua ligação com a
Geografia é ainda maior. Com efeito, deste os tempos de Hecateu de Mileto e de
Heródoto, este considerado o Pai da História, se associou a Geografia a esta
ciência dos atos humanos do passado e dos fatores que neles influenciaram vistos
na sua sucessão temporal. Chegou-se até a pretender englobar definitivamente a
geografia humana à história, ficando a geografia física como um estudo à parte.
Seja dito inclusive que Lucien Lebvre no seu livro La terre et l`évolution humaine traçou com muita pertinência a
linha mestra de uma história geográfica. Ressalte-se que
um Instituto como este, hoje aqui instalado, visa também incrementar o
patriotismo a começar da cidade na qual se vive. Na verdade, a seiva desta
terra viçosense circula em nossas veias, o granito de sua história compõe o nosso caráter, a beleza de sua
natureza resplende em nosso modo de ser,
suas entranhas irrompem em nossa existência, nela mergulha a raiz de nossa
consciência cívica e religiosa. Com razão Byron lançou esta interrogação que
nesta hora solene entusiasticamente repetimos:
“Não fazem estes céus, águas e serras, / Uma parte de mim e eu
parte delas”? Eis porque cumpre
cultivar cada vez mais tudo que a esta urbe diz respeito, ou seja, sua origem,
suas tradições, seu contributo para o progresso do Brasil, porque tudo isto nos
repassa até o fundo de nossas vidas. Aliás, com todas as características do
mineiro, criado geograficamente entre decantadas montanhas o que o torna um ser
que pensa profundamente, assimilando o que é justo e verdadeiro, irradiando por
toda parte sua peculiar iluminadora mundividência. A instalação deste Instituto
Histórico e Geográfico de Viçosa é, portanto, um ato de amor a esta querida
cidade e fará ainda mais exaltados seus heróis, os seus poetas, os seus sábios,
porque eles traduziram e traduzem em seus feitos e em suas obras algo mais
excelso que o gênio e a glória pessoal, dado que traduzem e sintetizam o gênio
e glória de uma urbe que deu ao Brasil o melhor Presidente da República de
todos os tempos, como foi a figura impoluta de Arthur da Silva Bernardes. Quer para a História, quer para a Geografia há necessidade, entretanto,
de uma documentação adequada, organizada por um arquivista competente. O
historiador tem sempre em mente o princípio basilar pas de document, pas d`histoire
- não há documento não há história.
Donde a importância do
Arquivo Histórico Municipal “Prof. Arduíno Bolivar”, bem com os documentos do
Legislativo Municipal que se acham numa das dependências do prédio à Rua Arthur
Bernardes, 95. Note-se ainda que há todo um trâmite sobre os Documentos do
judiciário que se encontram no Fórum, dependendo do convênio com a Universidade
Federal de Viçosa, onde funciona um dos
mais conceituados Cursos de História de todo o país. De acordo com a
metodologia todos os documentos passam pela crítica interna e externa, sendo
que a base do espírito histórico é caracterizado pela crítica metódica. Cabe ao
historiador julgar o valor de cada documento. Não se pode depositar uma
confiança ingênua em textos mal embasados. A crítica externa a verificar a
origem do documento e a forma na qual se apresenta o que, é claro, obvia o
perigo das falsificações. A crítica interna conduz à análise do conteúdo do
documento. O historiador se torna então um hermeneuta para chegar a uma
interpretação adequada do que é relatado. Por certo este Instituto Histórico e
Geográfico de Viçosa batalhará para que técnicas ultramodernas estejam sendo
empregadas pelos organizadores dos referidos arquivos. Perante uma documentação segura, o Historiador erudito, tudo situando
num contexto geográfico, econômico e sociológico, poderá contribuir
cientificamente para um conhecimento que ele trará a lume através dos recursos
da tecnologia da informação. O grande objetivo dos historiadores se
torna então possível e eles podem captar os fatos históricos, sabendo que um
fato é histórico quando possui, conjuntamente, as qualidades de um evento
passado, sendo portador de consequências. É que o fato histórico corresponde,
incontestavelmente, à matéria-prima da História. Ele é o objeto intelectual da pesquisa. Os
fatos passados pertencem de modo especial à História, dado que oferecem ao historiador o recuo na escala do tempo. Para
conseguir, entretanto, escapar da insídia da seleção errônea dos documentos, a
fim de se esquivar do perigo da falsidade e da manipulação das informações a
que tem acesso, enfim para fazer uma apropriada e válida História, o
historiador deve sair de si mesmo, necessita se tornar acessível, indo ao
encontro da realidade. Este esforço histórico só é possível se há neste
cientista social o desejo de atingir a verdade, de estar disponível a captar o
que os documentos têm, de fato, a revelar, evitando projetar sobre eles idéias
preconcebidas ou teorias preestabelecidas, eivadas de um subjetivismo
deletério. O passado pode nos locupletar apenas se o procurarmos livres de
qualquer tipo de posicionamento preconceituoso. Então,
com uma boa documentação em mãos, bem trabalhada, o expert da ciência histórica
é capaz de discernir os acontecimentos importantes e suas reais implicações.
Revela-se desta forma um historiador abalizado. Desta
maneira, se justifica e se torna até necessária a publicação de textos
redigidos por parte dos membros deste Instituto, cuja produção histórica deverá
chegar aos interessados inclusive através do site desta agremiação. Parte-se do
princípio de que não basta que um fato tenha verdadeiramente existido numa
época anterior para que sua existência seja histórica.
É preciso que tal existência tenha sido manifestada. Daí ser imprescindível sua
divulgação. Grande importância terão no site deste
Instituto os boletins mensais relatando as pesquisas em andamento, textos bem
elaborados, incentivando novos estudos. Caberá ao Presidente empossado, Dr.
Henrique Cruz Neto, providenciar na web a hospedagem e o domínio do site deste
Instituto o que será possível com o apoio e prestígio do Chefe do Departamento Municipal de Cultura de Viçosa e
secretário-geral do Conselho Municipal de Política Cultural, José Mário Rangel.
Crescerá deste modo
o apreço à História em todos os seus aspectos e um destes aspectos é o que o
referido Presidente deste Instituto, Dr. Henrique Cruz Neto, trabalha com rara
sabedoria e perseverança que é a genealogia da família Lopes Carvalho e suas
ramificações. Eis aí algumas reflexões metodológicas que a Instalação deste
Instituto traz à baila. Adite-se a tudo isto que neste 21 de setembro se
festeja também um grande historiador, ou seja, o Evangelista Mateus que nos
legou lances maravilhosos e bem fundamentados da História de Jesus de Nazaré, o
maior personagem de todos os tempos e lugares. Dentre os textos deste
Evangelista se destaque o registro que ele fez do Sermão da Montanha. Este sermão é a carta magna da nova ordem
fundada por Cristo. Proferido por Jesus numa colina próxima a Cafarnaum, entre
a segunda Páscoa e o Pentecostes seguinte, tem como tema central a verdadeira
justiça, ou seja, a perfeição ética, indispensável ao verdadeiro cidadão. Como
bom historiador São Mateus também não inventa episódios como os escritos
apócrifos que violam a realidade histórica com ficções literárias, no intuito
de alimentar a fantasia de seus leitores. Mostra um personagem cujo ensinamento
supera de muito a ciência dos filósofos e sábios deste mundo, porque suas
palavras são espírito e vida jamais esgotados pela inteligência humana. É que
Cristo e o homem são como a pergunta e a resposta, o problema e a sua solução.
Quem acha nele a resposta de suas indagações e a solução de seus problemas está
salvo e será um cidadão prestante. São Mateus e Jesus Cristo,
haverão eles, também, de iluminar os
trabalhos deste Instituto. Além disto, hoje se comemora o Dia da árvore.
Frondosas árvores nos lembram, igualmente, o caminho arborizado até à
Universidade Federal de Viçosa que possui decantados bosques com seus ambientes
silenciosos e aconchegantes. Pois
bem, nesta cidade está sendo hoje plantada outra árvore frondejante que é esse
Instituto. Frutos históricos há de dar
esta árvore, frutos opimos para a cultura viçosense cuja história bem estudada
se constituirá um farol para as futuras gerações. Se plantar uma nova árvore
significa produzir mais oxigênio, grande a responsabilidade dos integrantes
deste Instituto cuja missão é também oxigenar, clarear, revigorar ainda mais a
cultura histórica viçosense. Que esta árvore indique uma passagem segura para
as regiões iluminadas do amor à História e à Geografia desta gloriosa Cidade de
Viçosa. A exemplo do que se diz da
histórica cidade de Mariana, também se pode afirmar “Viçosa docet” – Viçosa ensina e este Instituto
Histórico e Geográfico estará confirmando ainda mais esta assertiva. Por tudo
isto gratias agimus Deum – damos
graças a Deus. Dixi in fide sacerdotis et magistri
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