sexta-feira, 22 de setembro de 2017

INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DE VIÇOSA

DISCURSO DO CÔNEGO JOSÉ GERALDO VIDIGAL DE CARVALHO, PRESIDENTE HONORÁRIO DO IHGV NA SESSÃO SOLENE DA INSTALAÇÃO DESTE INSTITUTO DIA 21 DE SETEMBRO DE 2017.
Excelentíssimo Senhor Prefeito Municipal de Viçosa, Ângelo Chequer, demais ilustres membros desta Mesa, prezados amigos e amigas, cuja presença prestigia imensamente esta cerimônia.
Gratias agimus Deum  - Damos graças ao Senhor

21 de setembro, dia marcante para a História de Viçosa, data fulgente da instalação oficial de seu Instituto Histórico e Geográfico, “Casa de Alexandre de Alencar”. Fundado dia 10 de novembro de 2016, este Instituto tem por objetivo cuidar da preservação da História desta cidade universitária, dar incentivo a novos estudos de natureza histórica e geográfica, bem como a organização de documentos relacionados à origem e desenvolvimento de uma das mais importantes cidades do Brasil. Acabamos de diplomar o primeiro Presidente deste Instituto, o historiador Dr. Henrique Cruz Neto, que vai empossar os demais 26 membros efetivos, considerados fundadores. Serão também homenageados os sócios honorários e beneméritos, num total de 40 baluartes desta novel Instituição. Dia primeiro deste glorioso mês de setembro tivemos o prazer de receber na Casa da Praça do Rosário dois idealizadores deste Instituto, o sábio e incansável batalhador da cultura viçosense, José Mário Rangel; o consagrado Professor Dr. Vicente de Paula de Souza Castro, que o apoiou desde o início nos trabalhos de organização desta Instituição e o notável historiador Dr. Henrique Cruz Neto, já empossado como o primeiro Presidente. Fizeram-me então a comunicação de que este historiador e professor seria o Presidente Honorário deste Instituto. Título sumamente honorífico recebido com gratidão e profunda emoção por quem já pertence ao Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais e ao Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. Cabe a todos os membros do Instituto Histórico e Geográfico de Viçosa mostrar os valores que, através dos tempos, tem feito desta cidade a pioneira na concretização dos mais vibrantes ideais cívicos, graças às atuações dos que aqui já viveram e atualmente vivem. Instituto Histórico e Geográfico, porque embora a História esteja relacionada com todas as demais ciências sociais, sua ligação com a Geografia é ainda maior. Com efeito, deste os tempos de Hecateu de Mileto e de Heródoto, este considerado o Pai da História, se associou a Geografia a esta ciência dos atos humanos do passado e dos fatores que neles influenciaram vistos na sua sucessão temporal. Chegou-se até a pretender englobar definitivamente a geografia humana à história, ficando a geografia física como um estudo à parte. Seja dito inclusive que Lucien Lebvre no seu livro La terre et l`évolution humaine traçou com muita pertinência a linha  mestra  de uma história geográfica. Ressalte-se que um Instituto como este, hoje aqui instalado, visa também incrementar o patriotismo a começar da cidade na qual se vive. Na verdade, a seiva desta terra viçosense circula em nossas veias, o granito de sua história  compõe o nosso caráter, a beleza de sua natureza  resplende em nosso modo de ser, suas entranhas irrompem em nossa existência, nela mergulha a raiz de nossa consciência cívica e religiosa. Com razão Byron lançou esta interrogação que nesta hora solene entusiasticamente repetimos:  “Não fazem estes céus, águas e serras, /   Uma parte de mim e eu parte delas”? Eis porque cumpre cultivar cada vez mais tudo que a esta urbe diz respeito, ou seja, sua origem, suas tradições, seu contributo para o progresso do Brasil, porque tudo isto nos repassa até o fundo de nossas vidas. Aliás, com todas as características do mineiro, criado geograficamente entre decantadas montanhas o que o torna um ser que pensa profundamente, assimilando o que é justo e verdadeiro, irradiando por toda parte sua peculiar iluminadora mundividência. A instalação deste Instituto Histórico e Geográfico de Viçosa é, portanto, um ato de amor a esta querida cidade e fará ainda mais exaltados seus heróis, os seus poetas, os seus sábios, porque eles traduziram e traduzem em seus feitos e em suas obras algo mais excelso que o gênio e a glória pessoal, dado que traduzem e sintetizam o gênio e glória de uma urbe que deu ao Brasil o melhor Presidente da República de todos os tempos, como foi a figura impoluta de Arthur da Silva Bernardes. Quer para a História, quer para a Geografia há necessidade, entretanto, de uma documentação adequada, organizada por um arquivista competente. O historiador tem sempre em mente o princípio basilar pas de document,  pas d`histoire - não há documento não há história. Donde a importância do Arquivo Histórico Municipal “Prof. Arduíno Bolivar”, bem com os documentos do Legislativo Municipal que se acham numa das dependências do prédio à Rua Arthur Bernardes, 95. Note-se ainda que há todo um trâmite sobre os Documentos do judiciário que se encontram no Fórum, dependendo do convênio com a Universidade Federal de Viçosa, onde funciona  um dos mais conceituados Cursos de História de todo o país. De acordo com a metodologia todos os documentos passam pela crítica interna e externa, sendo que a base do espírito histórico é caracterizado pela crítica metódica. Cabe ao historiador julgar o valor de cada documento. Não se pode depositar uma confiança ingênua em textos mal embasados. A crítica externa a verificar a origem do documento e a forma na qual se apresenta o que, é claro, obvia o perigo das falsificações. A crítica interna conduz à análise do conteúdo do documento. O historiador se torna então um hermeneuta para chegar a uma interpretação adequada do que é relatado. Por certo este Instituto Histórico e Geográfico de Viçosa batalhará para que técnicas ultramodernas estejam sendo empregadas pelos organizadores dos referidos arquivos. Perante uma documentação segura, o Historiador erudito, tudo situando num contexto geográfico, econômico e sociológico, poderá contribuir cientificamente para um conhecimento que ele trará a lume através dos recursos da tecnologia da informação. O grande objetivo dos historiadores se torna então possível e eles podem captar os fatos históricos, sabendo que um fato é histórico quando possui, conjuntamente, as qualidades de um evento passado, sendo portador de consequências. É que o fato histórico corresponde, incontestavelmente, à matéria-prima da História.  Ele é o objeto intelectual da pesquisa. Os fatos passados pertencem de modo especial à História, dado que oferecem ao  historiador o recuo na escala do tempo. Para conseguir, entretanto, escapar da insídia da seleção errônea dos documentos, a fim de se esquivar do perigo da falsidade e da manipulação das informações a que tem acesso, enfim para fazer uma apropriada e válida História, o historiador deve sair de si mesmo, necessita se tornar acessível, indo ao encontro da realidade. Este esforço histórico só é possível se há neste cientista social o desejo de atingir a verdade, de estar disponível a captar o que os documentos têm, de fato, a revelar, evitando projetar sobre eles idéias preconcebidas ou teorias preestabelecidas, eivadas de um subjetivismo deletério. O passado pode nos locupletar apenas se o procurarmos livres de qualquer tipo de posicionamento preconceituoso. Então, com uma boa documentação em mãos, bem trabalhada, o expert da ciência histórica é capaz de discernir os acontecimentos importantes e suas reais implicações. Revela-se desta forma um historiador abalizado. Desta maneira, se justifica e se torna até necessária a publicação de textos redigidos por parte dos membros deste Instituto, cuja produção histórica deverá chegar aos interessados inclusive através do site desta agremiação. Parte-se do princípio de que não basta que um fato tenha verdadeiramente existido numa época anterior para que sua existência seja histórica. É preciso que tal existência tenha sido manifestada. Daí ser imprescindível sua divulgação. Grande importância terão no site deste Instituto os boletins mensais relatando as pesquisas em andamento, textos bem elaborados, incentivando novos estudos. Caberá ao Presidente empossado, Dr. Henrique Cruz Neto, providenciar na web a hospedagem e o domínio do site deste Instituto o que será possível com o apoio e prestígio do Chefe do Departamento Municipal de Cultura de Viçosa e secretário-geral do Conselho Municipal de Política Cultural, José Mário Rangel. Crescerá deste modo o apreço à História em todos os seus aspectos e um destes aspectos é o que o referido Presidente deste Instituto, Dr. Henrique Cruz Neto, trabalha com rara sabedoria e perseverança que é a genealogia da família Lopes Carvalho e suas ramificações. Eis aí algumas reflexões metodológicas que a Instalação deste Instituto traz à baila. Adite-se a tudo isto que neste 21 de setembro se festeja também um grande historiador, ou seja, o Evangelista Mateus que nos legou lances maravilhosos e bem fundamentados da História de Jesus de Nazaré, o maior personagem de todos os tempos e lugares. Dentre os textos deste Evangelista se destaque o registro que ele fez do Sermão da Montanha. Este sermão é a carta magna da nova ordem fundada por Cristo. Proferido por Jesus numa colina próxima a Cafarnaum, entre a segunda Páscoa e o Pentecostes seguinte, tem como tema central a verdadeira justiça, ou seja, a perfeição ética, indispensável ao verdadeiro cidadão. Como bom historiador São Mateus também não inventa episódios como os escritos apócrifos que violam a realidade histórica com ficções literárias, no intuito de alimentar a fantasia de seus leitores. Mostra um personagem cujo ensinamento supera de muito a ciência dos filósofos e sábios deste mundo, porque suas palavras são espírito e vida jamais esgotados pela inteligência humana. É que Cristo e o homem são como a pergunta e a resposta, o problema e a sua solução. Quem acha nele a resposta de suas indagações e a solução de seus problemas está salvo e será um cidadão prestante. São Mateus e Jesus Cristo, haverão  eles, também, de iluminar os trabalhos deste Instituto. Além disto, hoje se comemora o Dia da árvore. Frondosas árvores nos lembram, igualmente, o caminho arborizado até à Universidade Federal de Viçosa que possui decantados bosques com seus ambientes silenciosos e aconchegantes. Pois bem, nesta cidade está sendo hoje plantada outra árvore frondejante que é esse Instituto.  Frutos históricos há de dar esta árvore, frutos opimos para a cultura viçosense cuja história bem estudada se constituirá um farol para as futuras gerações. Se plantar uma nova árvore significa produzir mais oxigênio, grande a responsabilidade dos integrantes deste Instituto cuja missão é também oxigenar, clarear, revigorar ainda mais a cultura histórica viçosense. Que esta árvore indique uma passagem segura para as regiões iluminadas do amor à História e à Geografia desta gloriosa Cidade de Viçosa. A exemplo do que se diz da histórica cidade de Mariana, também se pode afirmar “Viçosa docet” – Viçosa ensina e este Instituto Histórico e Geográfico estará confirmando ainda mais esta assertiva. Por tudo isto gratias agimus Deum – damos graças a Deus.  Dixi in fide sacerdotis et magistri

Nenhum comentário:

Postar um comentário