IMPORTÃNCIA DA SEMANA SANTA
Côn. José Geraldo Vidigal de
Carvalho*
No início da Semana Santa é preciso disponibilidade para
captar os ensinamentos que jorram, sobretudo, das cátedras do Cenáculo, do Calvário,
do Sepulcro, culminado com as alegrias da Páscoa. Na última ceia Cristo
proclama seu amor e exalta a caridade fraterna como fundamento de sua Igreja.
Oferece ao homem seu Copo para o nutrir com sua graça, com o germe da imortalidade
e da ressurreição. Dá seu Sangue divino
para enobrecer o ser racional, que se torna consanguíneo do Filho de Deus. Concede ao homem seu Coração para moldar o
coração humano de acordo com a imensidade de sua ternura. Confere ao homem a
ventura de participar de sua divindade e declara: “Quem come a minha carne e bebe
o meu sangue permanece em mim e eu nele” (Jo 6,56) Desta maneira o cristão
enxertado nele pode repetir com São Paulo “Já não sou eu quem vive é Cristo
quem vive em mim” (Gal 2,20). No Cenáculo Jesus lega também o mandamento do amor:
“Amai-vos uns aos outros”. No Calvário
estabelece a cátedra do sacrifício e se oferece como vítima do mundo. Ele quis reparar a glória do Pai ultrajada,
pagar as dívidas da linhagem humana, oferecendo uma copiosíssima redenção. Ele
se fez na Cruz, Hóstia, Salvação e Vítima. Foi o Cordeiro de Deus que tirou o
pecado do mundo. Mereceu para toda a humanidade o perdão e a graça, frutos de
uma misericórdia infinita. Com razão, muitos artistas pintaram o Calvário com anjos e seus cálices de ouro recolhendo o
Sangue da augusta Vítima para derramá-lo sobre o mundo num batismo salvador e
sobre o purgatório como um rocio refrigerante. Depois, no Sepulcro a cátedra do
triunfo. Ele ressuscitaria imortal e impassível, vencendo a morte e todos os
seus inimigos. Vitorioso sobre o pecado, sobre o mundo, sobre satanás. Eis por
que ao penetrar no pórtico da grande semana é preciso mais do que nunca ter o
coração purificado e a mente disposta a perceber a grandiosidade do tríduo
pascal. A participação piedosa nas diversas procissões, nas cerimônias litúrgicas
e a atenção nas pregações destes dias sagrados resultará em novas luzes
celestiais que guiarão nos caminhos da santidade e da redenção eterna. Cumpre
recolher os frutos de dias tão abençoados que brindam de paz e gozo no Espírito
Santo aqueles que souberem usufruir de tantas bênçãos divinas. Por tudo isto é
preciso gestos com os de Maria Madalena humildemente aos pés de Jesus
envolvendo-os com o nardo genuíno de alto preço, símbolo um profundo amor ao
Mestre divino. Não imitar Judas que censurou atitude da irmã de Marta e Lázaro,
pois ele venderia aquele perfume não para dar aos pobres, mas para se apossar
do dinheiro da venda, dado que um larápio. A Semana Santa exige, de fato, muito
amor a Jesus e uma conversão total para que se recebam todas as graças especiais
destas horas benditas. É bom que se lembre sempre a advertência de Santo
Agostinho: “Temo a Jesus que passa e que pode não voltar” *Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.
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