quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

CAMINHOS DA SANTIDADE

CAMINHOS DA SANTIDADE
Côn.José Geraldo Vidigal de Carvalho*
Nada mais necessário ao cristão do que trilhar os caminhos da santidade de acordo com o preceito de Cristo: “Sede perfeitos, como o Pai celeste é perfeito” (Mt 5,48). Muitos são aqueles que antevêem este projeto como uma meta praticamente irrealizável. Projetam um programa ascético que se torna impraticável, inexeqüível porque se esquecem que a santificação pessoal é um projeto de Deus sobre cada um e não uma trajetória elaborada pelo próprio batizado. Assim sendo, o primeiro passo é a disposição sincera de não se colocar resistência à graça divina, fazendo todo o esforço pessoal para bem cumprir o dever de cada dia numa adesão total aos preceitos revelados pelo Criador, compendiados na Sagrada Escritura.  Eis o segredo da caminhada impedindo que a luta cotidiana contra os defeitos levem ao desânimo ou a um perfeccionismo condenável. 
A maleabilidade à ação do Espírito Santo é deste modo o meio para ir sempre adiante, não obstante as falhas humanas. Apenas Deus é infinitamente santo. O salmista assim se expressou: “Se observades as nossas faltas, Senhor, quem subsistirá”? (Sl 130, 3)
Esta atitude já inclui em si a humildade e leva a se conviver com as imperfeições inevitáveis a seres contingentes, limitados. É desta maneira que se atrai a complacência de Deus, Pai amoroso, que não abandona nunca quem se dispõe a fazer em tudo sua santíssima vontade. O amor obstinado e perseverante ao Ser Supremo O torna, no dizer dos grandes místicos, prisioneiro da alma e o poder divino encontra um terreno fértil no qual produz maravilhas.
Eis porque este ideal de santificação é viável a todo batizado, participante que é da vida divina pela graça santificante.
Não se trata, portanto, de se elaborar um cronograma de etapas a serem ultrapassadas, mas cumpre simplesmente permitir a ação do Todo-Poderoso Senhor.  A preocupação com um modelo de perfeição leva fatalmente ao fracasso, pois em cada um Deus quer realizar uma obra prima peculiar. O exemplo dos santos deve apenas ser um incentivo, mesmo porque eles viveram em outros contextos e em outras circunstâncias.
É óbvio que há princípios basilares que valem para todos os seguidores de Cristo, ou seja, a prática constante de tudo que o Mestre ensinou. 
Ao lado disto, é preciso captar continuamente as inspirações do Alto que levam cada um a se moldar espiritualmente cumprindo plenamente as tarefas diárias sem pensar em ações mirabolantes, em penitências exageradas que podem até impedir a vida de oração.  
É necessário sempre ter paciência consigo mesmo diante das dificuldades naturais que surgem na ascensão até Deus.  
O importante é a perseverança e a fidelidade através do empenho efetivo nos pequenos atos de cada instante, porque, deste modo, o cristão se torna apto a enfrentar o que é mais penoso, quando o céu envia suas provações. Então se compreende que a graça é luz que ilumina a inteligência e força que robustece a vontade, dado que se pratica unicamente o que Deus quer.
Como, porém, reconhecer que uma inspiração vem de Deus?
Em primeiro lugar cumpre verificar se não há contradição entre a mesma e tudo que a Bíblia prescreve e a Igreja ensina. Depois é necessário examinar se são exigências coerentes com o dever do próprio estado de vida, se estão de acordo com as obrigações do mister que se exerce. Tudo isto leva à docilidade ao Espírito Santo, à renovação constante dos bons propósitos, à luta contra os pecados e as imperfeições, fazendo crescer a sensibilidade diante de tudo que é bom e virtuoso.
 Por tudo isto o Sacramento da Confissão é importante, pois o Confessor está apto para ajudar a discernir em tudo a vontade divina e vai acompanhando cada um na trajetória de sua santificação, ideal sublime que deve empolgar o autêntico discípulo do Filho de Deus. 
* Professor no Seminário de Mariana durante40 anos.

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