sexta-feira, 9 de novembro de 2012

AS PALAVRAS DE JESUS NÃO PASSARÃO

AS PALAVRAS DE JESUS NÃO PASSARÃO
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*
Significativas a declaração de Jesus que vem merecendo profundas reflexões através dos tempos: “O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras não passarão” (Mc 13,31). Trata-se de uma clara alusão à destruição do universo, mas, se tudo desaparecerá um dia, a mensagem que Ele trouxe do céu à terra jamais se apagará. O Mestre divino emprega uma imagem apocalíptica para deixar um precioso ensinamento sobre a indestrutibilidade de sua palavra e de sua pessoa, pois no fim dos tempos o Filho do Homem virá nas nuvens com grande poder e glória.  Portanto, cumpre estar unido a Cristo que, como diz a Carta aos Hebreus, “é sempre o mesmo: ontem, hoje e por toda a eternidade” (Hb 13,8) . Esta certeza gera no coração daquele que crê uma profunda Esperança. Esta virtude teológica une o homem a Deus, dado que, na transitoriedade de tudo, somente Ele é a rocha inabalável na qual deve se apoiar o cristão. Aqueles que não possuem a fé não podem compreender o fundamento das promesas divinas feitas à humanidade através do divino Salvador. Ai daqueles, porém, que só pensam em construir um reino nesta terra. O principal, de fato, é o Reino de Deus que Jesus veio estabelecer dentro da história no qual há sementes de eternidade. Diante da dualidade entre o temporal e o eterno resta para o ser racional a luminosidade de sua crença na perenidade de uma felicidade sem fim  de corpo e alma após a consumação dos séculos. Então “todos os seus inimigos serão colocados como escabelo de seus pés” (Hb 10,13). Será a vitória definitiva do Redentor. O triunfo final do Reino de Deus está, realmente assegurado e bem-aventurados aqueles que esperam os acontecimentos escatológicos. Infelizes, porém, aqueles que vivem na injustiça, na desordem, pois não alcançarão a glória reservada aos que foram fiéis às palavras de Cristo  durante a caminhada terrena. Já o profeta Daniel havia predito: “E muitos dos que dormem debaixo da terra despertarão, este para a vida eterna, aquele para o opróbrio, para o horror eterno. Os sábios resplandecerão como o fulgor do firmamento e os que tiverem ensinado a muitos  a justiça serão como estrelas para sempre, eternamente” (Dn 12,2-6). A imortalidade é uma das verdades mais consoladoras da Bíblia. Entretanto que os oprimidos e os opressores, os bons e os maus não conhecerão a mesma sorte. Os que confiaram em Deus e viveram de acordo com seus preceitos serão felizes por todo sempre na Casa do Pai, na Jerusalém celeste. É o que ensina a sábia pedagogia de Deus nas Sagradas Escrituras. A esperança, porém, de tudo que aguarda a cada um que foi fiel a Deus numa eternidade feliz  significa que se deve trabalhar não só no próprio aperfeiçoamento, mas também no progresso da sociedade na qual se vive, enquanto se aguarda a beatitude da outra vida. Esta expectativa longe de levar à indolência, ao indiferentismo conduz a um esforço para melhorar esta terra, a situação política, social e econômica e isto como condição para se chegar um dia ao Reino eterno de Deus. Cumpre fazer refletir neste mundo a beleza, a justiça e o amor que existirão para sempre. Trata-se de implantar a liberdade total dos filhos de Deus, livres das injunções meramente humanas. Isto não consiste apenas em melhorar os salários, em abaixar o preço das coisas, em diminuir os impostos, em acabar com as desigualdades sociais, o que deve ser feito, mas que é apenas uma libertação pacial. É preciso, isto sim, atinar com as causas das desordens entre os seres humanos. Reinvidicações como bandeiras demagógicas e não como verdadeiros objetivos de libertação do povo de nada adiantam. É preciso combater o egoísmo, a violência, a má distribuição das riquezas. Há um mínimo de bem-estar social imprescindível para se chegar ao Reino de Deus, onde haverá a libertação total. Para isto é necessário se firmar nas palavras de Jesus que não passarão jamais. Escutá-las e colocá-las em prática é encontrar a chave da ventura própria e de toda a sociedade. É que as palavras de Cristo são criadoras por expressarem toda a verdade e, assim, são reveladores dado que mostram qual é o cerne desta verdade. Elas têm um poder de eternidade por serem palavras imortais. Apenas Jesus tem palavras de vida eterna (Jo 6,68). Os que crêem nestas palavras de Cristo  iluminam o mundo (Mt 5,14). Vivê-las é vencer a morte (Jo 8,52; 11,26). O mundo passará, mas depende dos cristãos que ele passe para Deus  e isto imitando o amor de Cristo. No nível da experiência humana viver em função das palavras do Mestre divino é transportar-se  desde já para o plano divino que deseja a acolher a todos no Reino de glória, mesmo porque em Jesus a palavra não é só uma expressão de uma mensagem divina, mas é Ele mesmo, Verbo de Deus que se fez carne e habitou entre nós (Jo 1,14). Tudo foi criado por esta Palavra divina e é por Ela que se encontrará a salvação eterna. * Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.

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