27 TUDO QUE O PAI TEM É MEU
Côn. José Geraldo
Vidigal de Carvalho*
Pela inteligências o ser humano pode atinar com a existência
de Deus. Entretanto, somente pela revelação podemos saber e crer que nesta unidade
há três pessoas realmente distintas, ou seja, o Pai e o Filho e o Espírito
Santo. Isto aparece claramente também no Evangelho de hoje (Jo 16, 12-15).
Trata-se do mistério íntimo de Deus, mistério de reciprocidade, mistério da luz
divina que tem seu reflexo em Deus mesmo, mistério de amor, de um Deus
Trindade. Jesus afirma que o Espírito Santo, que viria para glorifica-lo, porque
receberia do que era dele para anunciar a todos. Afirmou ainda que tudo que o
Pai tem é dele. Este mistério trinitário é anterior ao mundo e aos homens e se
revela sempre no que Deus faz para o mundo e para os homens. O circuito de amor
que parte do Pai volta ao Pai, mas, a cada passo de nossa adoração, o Espírito
nos leva a redizer que, de fato, Deus é Uno. Ele é Uno antes do tempo, Ele é
Uno quando se revela como Trindade e será Uno num hoje eterno. O melhor caminho
para deparar o Deus Uno é meditar o agir distinto de cada uma das Pessoas e ao
mesmo tempo a ação de cada uma das pessoas só tem a plenitude de seu sentido
senão na referência à unicidade divina. Jesus foi claro: “Tudo que o Pai tem é
meu” e que viria o Espírito Santo para guiar para a plenitude da verdade. Assim
sendo, podemos orar: “Vinde Espírito de Des com o Filho e com o Pai, inundar a
nossa mente, nossa vida iluminar”. Isto faz parte daquelas coisas que Deus
ocultou aos sábios pretenciosos e aos que se julgam super. inteligentes, mas
que Ele patenteia aos humildes. Quando alguém se julga confuso perante as
dimensões divinas do Ser Supremo é por causa da fraqueza da fé e da debilidade
da esperança. Robustecida, porém, a fé e aumentada a esperança, os humildes se
imergem no fundo do mistério trinitário e sabem conviver com o Deus Uno e
Trino. No projeto de Deus, contudo, tudo isto deve nos pôr em marcha
espiritual. O temor do mistério, o medo de Deu que podem impedir o cristão de
entrar corajosamente nas profundezas divinas são afastados. Deus, com efeito,
não quer o temor, mas a imersão confiante no seu imenso amor. Deus Uno e Trino
sabe bem que seu mistério de unidade e ação estão acima da capacidade humana,
mas a finitude humana desapare3ce desde que se aceite viver como filho, pois o Espirito,
Ele mesmo, se ajunta ao nosso espírito para atestar que somos criaturas racionais
muito amadas do Criador de tudo. É nesta experiência espiritual, percebida ou
não, que é preciso estabilizar a vida do cristão que se entrega filialmente nas
mãos do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Este Espírito Santo é quem nos
introduzirá no seu ritmo, na plena realidade divina. Eles nos fará perceber até
que ponto o Pai é a plenitude da Verdade e que o Filho e Ele são a mesma
substância, embora diferentes no modo de agir.
Percebe-se então que o Filho é a glória do Pai e isto sob a as luzes do
Espírito Santo que tudo esclarece. O importante é viver em função do reino do
Pai, da redenção Filho e da iluminação do Espírito Santo com seus devotamentos, suas solicitudes e
suas inspirações, guardando nosso coração aberto ao mistério de nosso Deus
maior que tudo, que cuida de cada um para lhe dar a vida em abundância. Todo o
louvor, portanto, a Cristo Salvador, a Deus Pai o Criador e ao Espírito Santo
santificador. Ao meditar sobre o mistério trinitário compreende-se melhor que
Deis é amor. O Evangelho de São João começa com estas palavras:” Deus tanto
amou o mundo que Ele lhe deu seu Filho único”. No fundo, o que o mesmo
evangelista nos diz é que Deus se dá ele mesmo pelo dom do Filho e este dom não
existe senão em função da salvação do mundo. Diz ainda São João:” Assim, todo
homem que crê nele não perecerá jamais, mas obterá a vida eterna”, porque “Deus
enviou seu Filho no mundo não para julgar o mundo, mas para que por Ele o mundo
seja salvo” * Professor no Seminário de
Mariana durante 40 anos.
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