quinta-feira, 2 de junho de 2022

 

27 TUDO QUE O PAI TEM É MEU

Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*

Pela inteligências o ser humano pode atinar com a existência de Deus. Entretanto, somente pela revelação podemos saber e crer que nesta unidade há três pessoas realmente distintas, ou seja, o Pai e o Filho e o Espírito Santo. Isto aparece claramente também no Evangelho de hoje (Jo 16, 12-15). Trata-se do mistério íntimo de Deus, mistério de reciprocidade, mistério da luz divina que tem seu reflexo em Deus mesmo, mistério de amor, de um Deus Trindade. Jesus afirma que o Espírito Santo, que viria para glorifica-lo, porque receberia do que era dele para anunciar a todos. Afirmou ainda que tudo que o Pai tem é dele. Este mistério trinitário é anterior ao mundo e aos homens e se revela sempre no que Deus faz para o mundo e para os homens. O circuito de amor que parte do Pai volta ao Pai, mas, a cada passo de nossa adoração, o Espírito nos leva a redizer que, de fato, Deus é Uno. Ele é Uno antes do tempo, Ele é Uno quando se revela como Trindade e será Uno num hoje eterno. O melhor caminho para deparar o Deus Uno é meditar o agir distinto de cada uma das Pessoas e ao mesmo tempo a ação de cada uma das pessoas só tem a plenitude de seu sentido senão na referência à unicidade divina. Jesus foi claro: “Tudo que o Pai tem é meu” e que viria o Espírito Santo para guiar para a plenitude da verdade. Assim sendo, podemos orar: “Vinde Espírito de Des com o Filho e com o Pai, inundar a nossa mente, nossa vida iluminar”. Isto faz parte daquelas coisas que Deus ocultou aos sábios pretenciosos e aos que se julgam super. inteligentes, mas que Ele patenteia aos humildes. Quando alguém se julga confuso perante as dimensões divinas do Ser Supremo é por causa da fraqueza da fé e da debilidade da esperança. Robustecida, porém, a fé e aumentada a esperança, os humildes se imergem no fundo do mistério trinitário e sabem conviver com o Deus Uno e Trino. No projeto de Deus, contudo, tudo isto deve nos pôr em marcha espiritual. O temor do mistério, o medo de Deu que podem impedir o cristão de entrar corajosamente nas profundezas divinas são afastados. Deus, com efeito, não quer o temor, mas a imersão confiante no seu imenso amor. Deus Uno e Trino sabe bem que seu mistério de unidade e ação estão acima da capacidade humana, mas a finitude humana desapare3ce desde que se aceite viver como filho, pois o Espirito, Ele mesmo, se ajunta ao nosso espírito para atestar que somos criaturas racionais muito amadas do Criador de tudo. É nesta experiência espiritual, percebida ou não, que é preciso estabilizar a vida do cristão que se entrega filialmente nas mãos do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Este Espírito Santo é quem nos introduzirá no seu ritmo, na plena realidade divina. Eles nos fará perceber até que ponto o Pai é a plenitude da Verdade e que o Filho e Ele são a mesma substância, embora diferentes no modo de agir.  Percebe-se então que o Filho é a glória do Pai e isto sob a as luzes do Espírito Santo que tudo esclarece. O importante é viver em função do reino do Pai, da redenção Filho e da iluminação do Espírito Santo   com seus devotamentos, suas solicitudes e suas inspirações, guardando nosso coração aberto ao mistério de nosso Deus maior que tudo, que cuida de cada um para lhe dar a vida em abundância. Todo o louvor, portanto, a Cristo Salvador, a Deus Pai o Criador e ao Espírito Santo santificador. Ao meditar sobre o mistério trinitário compreende-se melhor que Deis é amor. O Evangelho de São João começa com estas palavras:” Deus tanto amou o mundo que Ele lhe deu seu Filho único”. No fundo, o que o mesmo evangelista nos diz é que Deus se dá ele mesmo pelo dom do Filho e este dom não existe senão em função da salvação do mundo. Diz ainda São João:” Assim, todo homem que crê nele não perecerá jamais, mas obterá a vida eterna”, porque “Deus enviou seu Filho no mundo não para julgar o mundo, mas para que por Ele o mundo seja salvo” * Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.

 

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