15 A MISERICÓRDIA DE JESUS
Côn.
José Geraldo Vidigal de Carvalho*
O
episódio da mulher adúltera ostenta, ainda uma vez, a notável misericórdia de Jesus,
que, como admirável 0tornes a pecar” (Jo 8, 1-15). Como de costume, quando o Filho
de Deus vinha a Jerusalém, assentado no adro do Templo, Ele se punha a ensinar
a multidão que o cercava. Desta vez, bruscamente, Ele foi interrompido por um
grupo de escribas e de Fariseus, que lhe trazem uma mulher surpreendida em
adultério. Lembram então ao Mestre divino que Moisés ordenou que se apedrejasse
tais mulheres e indagam “Tu que dizes?”. Uma armadilha bem armada, pois se
Jesus respondesse que a deixassem ir em paz, seus interlocutores o acusariam de
contradizer a Lei mosaica. Se Jesus a deixasse que ela fosse punida até a
morte, Ele estaria indo contra a autoridade romana a quem estava reservada
naquela época, todas as execuções capitais. Daí ser capciosa a indagação que
lhe fizeram: “Que dizes tu”? A resposta não veio. Jesus se abaixou e escrevia
no chão sem olhar a ninguém como que absorvido em seus pensamentos. Ao redor
dele os Fariseus começavam a se enervar. Jesus então falou: “Quem dentre vós
jamais cometeu pecado, atire-lhe a primeira pedra”. Resposta maravilhosa vindo da sabedoria do
Filho de Deus! Jesus de novo se abaixou para escrever no chão e seus
interlocutores, a começar dos mais velhos foram saindo ficando Jesus a sós com a
mulher e não a condenou, mas recomendou que ela não voltasse a pecar. Que então
ela renunciasse à sua paixão desregrada, a seus desejos maléficos, mas fosse
fiel à lei divina todos os dias de sua vida, movida por uma conversão sincera
fruto da bondade, da misericórdia divina que a perdoara. Todas as vezes que ela
pensasse em se deixar levar pelo mal ela deveria reviver na sua mente o
encontro com Jesus no Templo e o sadismo de seus acusadores que brutalmente a
acusavam. Jesus tão calmo escrevendo, não se sabe o que no chão, afirmando que
Ele não a condenava e que ela fosse em paz passasse a ter uma vida correta. Do
encontro com Jesus deve sempre resultar uma total mudança de vida, tocado cada
um pela sua infinita bondade. É olhar para a Cruz prova definitiva de sua
benignidade sem limites e nunca se deixar paralisar pela própria miséria, mas
se envolver por sua comiseração ilimitada, buscando sempre as veredas luminosas
da virtude, longe das trevas do mal. É preciso também aprender com Jesus a não
simplesmente condenar os outros, mas a se examinar a si mesmo e a partir desta
atitude fazer surgir uma renovação espiritual intensa. Nada de se julgar
superior aos outros, mas sempre estar num processo de conversão total dos
próprios defeitos. Remarquemos bem a atitude de Jesus com a mulher adúltera,
dado que não somente Ele a salva dos julgamentos dos outros e a preserva da
morte, mas a anistia e lhe mostra uma vereda nova a trilhar. É preciso rever
nossas próprias atitudes não julgando precipitadamente os outros, não causando
divisões, mas reparar todo o mal, indicando caminhos novos de virtude a serem
vividos. Tenhamos coragem de nós mesmos de percorre-los para depois mostrar aos
outros a vereda a ser percorrida. Os mandamentos levam uma ética rigorosa, mas
as atitudes humanas devem ser analisadas com compreensão, abrindo brechas para
um procedimento correto nas atitudes futuras que deverão estar bem de acordo
com os preceitos divinos. Uma ética bem interpretadas levará sempre ao respeito
do outro e ao respeito da vida o que faltava aos acusadores da adúltera que
acertavam em condenar o pecado, mas não tinham comiseração com pecadora.
Condenar sempre a infração dos preceitos divinos, mas procurar salvar quem
errou. Sábia a atitude de Jesus perante a pecadora, mas os acusadores dela se
colocavam eles mesmos em processo contra a lei de Moisés. Tanto isto é verdade
que reconhecendo sua culpabilidade foram indo embora a começar dos mais velhos.
Surgiu então a novidade de Cristo, de sua misericórdia que cria corações novos
e converte a pecadora, mostrando assim que ela era uma filha de Deus. Culpada,
mas perdoada Qu9e alegria, que paz não deviam ter tomado o coação daquela
pecadoras! Jesus a liberta do pecado do qual ela se tornara escrava. O passado
havia desaparecido e um futuro maravilhoso se abria a sua frente! O salário do pecado é a morte, mas perante
Jesus jorra a graça, dom gratuito de Deus que leva a
vida eterna. Jesus Cristo é o senhor que salva e oferece uma vida nova. * Professor no Seminário de Mariana durante
40anos.
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