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O ARREPENDIMENTO DO FILHO PRÓDIGO
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*
A parábola do Filho Pródigo apresenta três personagens em torno dos quais
lições preciosas podem ser tiradas: o pai, o filho mais novo e seu irmão (Luc
15, 1-3.11-32. O pai que deseja uma casa repleta de alegria, o filho mais novo
que usufrui exteriormente sem cessar daquela felicidade e seu irmão que vai
embora, mas retorna arrependido, encontrando seu verdadeiro lugar, numa atitude
interior de um arrependimento fruto de uma triste experiência. O pai promove
uma festa no retorno do filho que abandonara o lar e dá explicações àquele que
não se regozijava com o regresso do irmão ao qual, pelo contrário, recrimina
veementemente. Uma intransigência injustificável, mas que patenteia a maneira de
ser de quem agia sem viver em plenitude o gaudio que deveria fluir da paz
dentro daquela casa paterna. Por isto mesmo, não poderia gozar da alegria da
reconciliação do pai a perdoar o filho que errara. Em tudo se deve esperar a
união, crer que tudo é possível onda de reina um profunda e doce paciência que
gera harmonia e reconciliação, não obstante as fraquezas humanas. É preciso
aguardar e viver o equilíbrio das mudanças e aplaudir qualquer atitude de
arrependimento pelos erros cometidos como ocorreu com o filho pródigo. Toda
intransigência deve ser afastada e o pai da parábola sabiamente agiu. Cumpre
sempre se colocar no lugar do outro e aplaudir todo retorno à casa paterna.
Deus quer que sempre se procure o caminho da vida, a via da transformação
interior. Havendo compreensão paira a alegria que inventa e afasta a
intolerância. Cumpre dar tempo à graça de Deus que pode operar maravilhas. A
raiz dos erros se encontra no espírito de independência, de egoísmo, e de
orgulho. Como o filho mais novo muitos julgam poder gerir sua via sozinhos,
fora dos desígnios paternos não compreendendo o alcance do perdão. É necessário
não enquadrar as situações nos próprios moldes mentais para poder aceitar que é
possível ao ser humano errar e se arrepender. Muitos como o filho mais novo se
recusam em admitir a autoridade paterna e obedecer à mesma, reconhecendo seus
acertos misericordiosos. Como o filho mais novo são aquele que querem
aproveitar-se da fortuna do Pai, mas sem nada lhe dar em troca, ainda que isto
lhe custe tão pouco. Ao filho que loucamente pede sua parte na riqueza paterna,
o pai atende sem nada exigir. Deus age sempre assim nos cumulando de seu amor,
de seus dons, de suas graças, isto gratuitamente, respeitando a liberdade de
cada um. Infeliz, contudo, quem malbarata as dadivas divinas e não se arrepende
como aconteceu com o filho mais velho. Este numa vida dissoluta dissipou o que
recebera, procurando a felicidade onde ela não se encontrava. Foi viver sua
liberdade fora dos ensinamentos paternos e rapidamente perde tudo que havia
exigido do pai e daí sua ruina completa. Deus oferece a todos os seus dez
mandamentos sagrados, mas, em os abandonando, só surgem desgraças, frutos do
abandono da vontade do Deus três vezes sábio. Sendo, contudo, felizes na
obediência ao Senhor é preciso lhe agradecer sempre e, no caso, da infelicidade
causada pela rebelião contra Deus, procurar agir com um arrependimento sincero,
confiante e eficaz. Com Deus, de fato não se brinca. Na prece sincera fluem
todas as luzes celestiais, resultado do amor paterno que perdoa o coração
contrito. Para Deus ininterruptamente é possível a conversão, desde que haja
sinceridade. Junto dele há solução para tudo. O pai da parábola recebe
festivamente o filho transviado, o abraça e manda preparar um baquete festivo
pele seu regresso. Estava feliz com sua volta. O mesmo acontece com Deus,
quando o pecador arrependido se volta para Ele. Deus não olha o pecador
arrependido do alto de sua grandeza infinita, mas, sim, sabe olhar a fraqueza
humana para anistiar com seu amor infinito. O importante será viver
intensamente os gestos da dileção divina, vivendo intensamente seu imenso amor
com profundo espírito filial, mesmo porque o amor divino é incondicional para
quem Lhe é leal. Saibamos, contudo, nos regozijar com a conversão daqueles que
erram Longe, portanto, qualquer laivo de orgulho, egoísmo, vã glória. Confiar
sempre na misericórdia divina e imitar em tudo a comiseração do Pai que está
nos céus. * Professor no Seminário de
Mariana durante 40 anos.
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