UNIVERSALIDADE
DA MISSÃO DE JESUS
Côn. José Geraldo Vidigal de
Carvalho*
Ao narrar o ministério de Jesus na
Galileia São Lucas deixa clara a universalidade da missão de Jesus (Lc 11,1-4;
4, 11-21). Jesus “ensinava nas sinagogas com aplauso universal”. Muitos foram
testemunhas oculares dos prodígios por Ele realizados e se tornaram servidores
da Palavra, elogiando inclusive o extraordinário Pregador. Jesus veio a Nazaré
onde Ele, enquanto homem, fora educado. Na sinagoga de Nazaré, dia de sábado,
Ele se levantou para fazer a leitura da Escritura. Abriu o livro do Profeta
Isaias que lhe fora entregue. No qual encontrou a passagem na qual estava
escrito: “O Espírito do Senhor está sobre mim e me consagrou pela unção. Ele me
enviou para levar a Boa Nova aos pobres e anunciar aos cativos sua libertação,
e aos cegos o dom da vista, e pôr em liberdade os oprimidos e promulgar um ano
de graça concedido pelo Senhor”. Depois afirmou que esta passagem que acabavam
de escutar se confirmava ali. Jesus é aquele que veio trazer a Boa Nova ao
mundo. Ele veio e vem também para
transmitir a nós pessoalmente porque diante de Deus nós somos pobres, pobres de
amor e cegos da verdade e Ele abre nossos olhos, nossos corações para que
possamos ver e entender os valores do ser humano e não apenas as aparências,
oprimidos que somos por todas as más influências da sociedade ou dos olhares
atrevidos dos malignos. Jesus vem nos ensinar a acertar nossas ações, fixando
nele o nosso pensamento, nos mostrando a importância de viver na total
confiança nele. Sim! Em tudo isso Jesus está a nos cumular com suas graças, mas nós as reconhecemos, nós as
recebemos? Sabemos nós vivê-las em
plenitude? Jesus é realmente nosso Senhor, nosso Salvador? É preciso, porém nos
lembrarmos sempre que as palavras do Evangelho têm uma atualidade e uma
universalidade que são eternas. Isto porque elas foram pronunciadas pelo Ser
Eterno e são sempre atuais, dado que Deus faz que elas se realizem em qualquer
época. Trata-se de uma palavra que tem o poder de transformar o ser humano que
a recebe com amor. Deus nos fala não aos nossos ouvidos, mas ao nossos
corações, enchendo o fiel de sabedoria e retidão É fonte inesgotável de vida.
Eis por que quem a ouve deve dizer a Deus como Maria: “Que se faça em mim
segundo a tua palavra “(Lc 1,38). Então coisas maravilhosas se dão na vida
daquele que crê no que Deus que lhe fala. Pregando na Galileia logo no início
de seu ministério, Jesus quis colocar o programa que Ele tinha a intenção de
cumprir nos anos que depois iriam se seguir. Ele a todos encantava, pois falava
da vida espiritual a seus contemporâneos, contestando o culto estabelecido tal
como se desenrolava então nas sinagogas e também no Templo de Jerusalém. Segundo
os melhores exegetas Ele se apresentava como um Mestre, o Messias, na linha dos
grandes profetas que mostravam Deus numa visão cheia de ternura, diferente
daquela que transparecia através do ensinamento legalista dos fariseus e dos
doutores da lei. Pregava como os profetas anteriores que haviam aberto o futuro
numa esperança que devia se concretizar
na adesão aos verdadeiros valores. Eles anunciaram uma era de paz, de
prosperidade sem violência e a glória de Deus seria revelada para o bem de
todos sem discriminação. Na época de Jesus
contudo, o Deus no qual esperavam era acessível apenas pela aplicação rígida da lei tal como os
fariseus o exigiam Eis por que na própria sinagoga de Nazaré os aplausos se transformaram em ira e quiseram
inclusive precipitá-lo monte abaixo
sobre o qual estava construída a cidade
É de se notar que Jesus não havia
infligido nada que implicasse uma irregularidade no culto, uma vez que tomou e
leu o texto do profeta Isaias que lhe passaram, mas o que irritou a seus
conterrâneos foi que Ele recusara a
fazer prodígios exigidos por eles. No que diz a ordem do culto, Jesus não havia
perturbado em nada. Ele lera o texto
previsto para aquele dia, fechara o livro e o passara ao servente, tudo, portanto,
normal. Normal inclusive que Ele fizesse um comentário sobre o texto que
acabara de ler. O que aconteceu foi que Ele recusou a fazer ali os milagres que
realizar em Cafarnaum, pois os nazarenos se sentiram excluídos. Eles queriam
ter um lugar à parte nos planos de Deus. Neste caso Jesus estava focado na
reforma proposta pelo profeta Isaias e que era a linha diretriz de sua atuação.
Não se tratava de um Messias revolucionário, mas reformador, cujo programa
levava à pessoa humana, quer no plano físico, quer no plano moral, num notável
apoio condenando todos os ataques feitos ao ser humano sofredor Nestes a reforma,
previa um ano de graça do Senhor. * Professor
no Seminário de Mariana 40 anos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário