quinta-feira, 13 de janeiro de 2022

 

                                                           UNIVERSALIDADE DA MISSÃO DE JESUS

Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*

Ao narrar o ministério de Jesus na Galileia São Lucas deixa clara a universalidade da missão de Jesus (Lc 11,1-4; 4, 11-21). Jesus “ensinava nas sinagogas com aplauso universal”. Muitos foram testemunhas oculares dos prodígios por Ele realizados e se tornaram servidores da Palavra, elogiando inclusive o extraordinário Pregador. Jesus veio a Nazaré onde Ele, enquanto homem, fora educado. Na sinagoga de Nazaré, dia de sábado, Ele se levantou para fazer a leitura da Escritura. Abriu o livro do Profeta Isaias que lhe fora entregue. No qual encontrou a passagem na qual estava escrito: “O Espírito do Senhor está sobre mim e me consagrou pela unção. Ele me enviou para levar a Boa Nova aos pobres e anunciar aos cativos sua libertação, e aos cegos o dom da vista, e pôr em liberdade os oprimidos e promulgar um ano de graça concedido pelo Senhor”. Depois afirmou que esta passagem que acabavam de escutar se confirmava ali. Jesus é aquele que veio trazer a Boa Nova ao mundo.  Ele veio e vem também para transmitir a nós pessoalmente porque diante de Deus nós somos pobres, pobres de amor e cegos da verdade e Ele abre nossos olhos, nossos corações para que possamos ver e entender os valores do ser humano e não apenas as aparências, oprimidos que somos por todas as más influências da sociedade ou dos olhares atrevidos dos malignos. Jesus vem nos ensinar a acertar nossas ações, fixando nele o nosso pensamento, nos mostrando a importância de viver na total confiança nele. Sim! Em tudo isso Jesus está a nos cumular com suas   graças, mas nós as reconhecemos, nós as recebemos?  Sabemos nós vivê-las em plenitude? Jesus é realmente nosso Senhor, nosso Salvador? É preciso, porém nos lembrarmos sempre que as palavras do Evangelho têm uma atualidade e uma universalidade que são eternas. Isto porque elas foram pronunciadas pelo Ser Eterno e são sempre atuais, dado que Deus faz que elas se realizem em qualquer época. Trata-se de uma palavra que tem o poder de transformar o ser humano que a recebe com amor. Deus nos fala não aos nossos ouvidos, mas ao nossos corações, enchendo o fiel de sabedoria e retidão É fonte inesgotável de vida. Eis por que quem a ouve deve dizer a Deus como Maria: “Que se faça em mim segundo a tua palavra “(Lc 1,38). Então coisas maravilhosas se dão na vida daquele que crê no que Deus que lhe fala. Pregando na Galileia logo no início de seu ministério, Jesus quis colocar o programa que Ele tinha a intenção de cumprir nos anos que depois iriam se seguir. Ele a todos encantava, pois falava da vida espiritual a seus contemporâneos, contestando o culto estabelecido tal como se desenrolava então nas sinagogas e também no Templo de Jerusalém. Segundo os melhores exegetas Ele se apresentava como um Mestre, o Messias, na linha dos grandes profetas que mostravam Deus numa visão cheia de ternura, diferente daquela que transparecia através do ensinamento legalista dos fariseus e dos doutores da lei. Pregava como os profetas anteriores que haviam aberto o futuro numa esperança que devia   se concretizar na adesão aos verdadeiros valores. Eles anunciaram uma era de paz, de prosperidade sem violência e a glória de Deus seria revelada para o bem de todos sem discriminação. Na época de Jesus  contudo, o Deus no qual esperavam era acessível apenas  pela aplicação rígida da lei tal como os fariseus o exigiam Eis por que na própria sinagoga de Nazaré  os aplausos se transformaram em ira e quiseram inclusive precipitá-lo  monte abaixo sobre o qual estava construída  a cidade É de se notar que Jesus  não havia infligido nada que implicasse uma irregularidade no culto, uma vez que tomou e leu o texto do profeta Isaias que lhe passaram, mas o que irritou a seus conterrâneos foi que Ele recusara  a fazer prodígios exigidos por eles. No que diz a ordem do culto, Jesus não havia perturbado em nada.  Ele lera o texto previsto para aquele dia, fechara o livro e o passara ao servente, tudo, portanto, normal. Normal inclusive que Ele fizesse um comentário sobre o texto que acabara de ler. O que aconteceu foi que Ele recusou a fazer ali os milagres que realizar em Cafarnaum, pois os nazarenos se sentiram excluídos. Eles queriam ter um lugar à parte nos planos de Deus. Neste caso Jesus estava focado na reforma proposta pelo profeta Isaias e que era a linha diretriz de sua atuação. Não se tratava de um Messias revolucionário, mas reformador, cujo programa levava à pessoa humana, quer no plano físico, quer no plano moral, num notável apoio condenando todos os ataques feitos ao ser humano sofredor Nestes a reforma, previa um ano de graça do Senhor. * Professor no Seminário de Mariana 40 anos.

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