JESUS
ENTRA COMO REI EM JERUSALÉM
Côn. José Geraldo Vidigal de
Carvalho*
A entrada solene de Jesus em Jerusalém
mostra que, embora fosse o início de uma caminhada que terminaria no Calvário,
ela deveria ser, de fato, como a de um Rei. Esta homenagem aumentou de muito a
responsabilidade daqueles que O julgariam sem lhes deixar nenhuma escusa. São
Marcos apresenta-O como Rei servidor e Profeta. Foi, realmente uma apoteose sem
precedentes. Tão logo o Filho de Deus se pôs em marcha inúmeros os que
estenderam suas vestimentas para a passagem do grande soberano, outros cortaram
ramos das árvores e os espalharam naquela via real Um cortejo triunfal com magníficas
aclamações: “Hosana, bendito seja aquele que vem em nome do Senhor! Bendito
seja o reino de nosso Pai Davi, que vem. Hosana no mais alto dos céus!”
Hosana”, isto é, como está no profeta Isaias: “o Eterno é nosso Rei, Ele nos
salvará” (23,22) ou no Salmo 118 “Salva-nos, Senhor!
Nós vos imploramos. Faze-nos prosperar, Senhor! Nós vos suplicamos. Bendito é o
que vem em nome do Senhor” (118:25), Era sob a ação
do Espírito Santo que os discípulos aclamavam Jesus como rei e salvador no que eram
acompanhados pela multidão. Pouco depois, porém, o povo em gritos desejaria sua
morte, mostrando quão volúvel é o juízo popular. Ficaria somente como recordação
daquele espetáculo o escrito de Pilatos sobre uma cruz ignominiosa no alto do
Gólgota, como testemunho da realeza de Cristo. O povo então a aclamar “Nós não temos
outro rei senão César” (Jo 19 15.20). No decorrer desta Semana Santa, cumpre refletir
que, através de sua Paixão e pelo seu Amor, Jesus foi fiel até à morte, fiel a
sua dileção infinita ao Pai, fiel a seu amor infinito por todos nós apesar das
infidelidades humanas. Pela sua Paixão aceita livremente, Jesus veio quebrar o
dinamismo de morte que está no homem e o dinamismo do pecado que se acha
enraizado no ser racional. Pecado que conduziu os escribas e os fariseus ao
ódio e que levou Pilatos ao medo. Pecado que lançou os discípulos ao sono s à
fuga, Pecado que levou Pedro, covardemente, a renegá-lo. Face a estes desastres
ocasionados pelos erros dos homens e ante uma espiral de violências, Jesus não
deixou de ser aquele que ama e amará até o fim, mesmo do alto da Cruz, tendo
sempre um olhar de amor. Ele nos convida a retribuir a este amor, a viver em
função de uma grande dileção a Ele. Nesta semana veremos ainda uma vez que tendo
chegado a hora em que se sacrificaria pela humanidade, percebendo que o golpe
final se aproximava, Jesus entrou em agonia, se viu abandonado. Entretanto, não
obstante tanto sofrimento, tanta angústia, Ele não recuou. Sua morte foi uma
morte doada, como sua vida foi uma vida ofertada totalmente à missão que lhe havia
confiado o Pai. Recordemos nesta semana
como a cruz, instrumento de sua paixão e de sua morte, se tornou um sinal para
seus verdadeiros seguidores, ela que se fez o trono de sua glória. Lembremo-nos
que grande foi a humilhação de Cristo diante de seus opressores, mas não nos
esqueçamos de que esta humilhação foi profética, anunciando a salvação do
gênero humano. Fato, realmente, maravilhoso dado que um Rei reinou se fazendo servidor.
Um Soberano que renunciou seus privilégios porque muito nos amou. Este Rei não
é como os outros reis, mas um monarca que quer permitir aos outros serem
felizes, que quer fazê-los participar de seu força. Um Rei cujo poder é uma potência
de dileção sem limites. Portanto, nesta Semana Santa, contemplando o trono de
sua glória, a Cruz, nos deve levar a entrar na lógica bendita desta ternura
incomensurável, uma atitude que conduz à entrega do dom desse acolhimento dos que
são irmãos regenerados pelo mesmo sangue divino. Arrependimento cabal de todos
os pecados, um novo programa de vida que revele total gratidão Àquele que tanto
nos amou e ama. Saibamos retribuir ao amor de Jesus Cristo, Messias e Salvador.
Soberano de um reino novo. Isto porque
Ele estabeleceu um reino de justiça e
de paz no qual devemos viver, correspondendo sempre a tanta generosidade
divina. Ele veio a este mundo para dar testemunho da verdade. Não obstante, esta demonstração O levou à
morte porque seus contraditores e todos os pecadores através dos tempos têm recusado
esta verdade. Sobretudo, por tudo isto, durante a Grande Semana em todas as
suas cerimoniosa é preciso refletir sinceramente se Ele tem sido para cada um
de nós “o Caminho, a Verdade e a Vida”. É necessário deixar de lado as
preocupações terrenas e estarmos convencidos de que a salvação de cada um de
nós custou o sacrifício de um Deus feito homem. De fato, lutar para que Jesus seja,
realmente, aclamado, amado, exaltado. O verdadeiro cristão não pode estar sujeito
a um mundo, como outrora aquele que julgou tão mal Àquele que só irradiou amor,
quantos a repetirem numa injúria inominável em pleno século vinte e um ao olhar
para a Cruz Redentora: “Salva-te a ti mesmo”, mas repitamos do íntimo do coração:
“Verdadeiramente Este era Filho de Deus”, e em consequência, seja sempre Jesus
a razão de ser de nossas vidas. * Professor no Seminário d Mariana durantes 40 anos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário