segunda-feira, 22 de março de 2021

 

JESUS ENTRA COMO REI EM JERUSALÉM

Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*

A entrada solene de Jesus em Jerusalém mostra que, embora fosse o início de uma caminhada que terminaria no Calvário, ela deveria ser, de fato, como a de um Rei. Esta homenagem aumentou de muito a responsabilidade daqueles que O julgariam sem lhes deixar nenhuma escusa. São Marcos apresenta-O como Rei servidor e Profeta. Foi, realmente uma apoteose sem precedentes. Tão logo o Filho de Deus se pôs em marcha inúmeros os que estenderam suas vestimentas para a passagem do grande soberano, outros cortaram ramos das árvores e os espalharam naquela via real Um cortejo triunfal com magníficas aclamações: “Hosana, bendito seja aquele que vem em nome do Senhor! Bendito seja o reino de nosso Pai Davi, que vem. Hosana no mais alto dos céus!” Hosana”, isto é, como está no profeta Isaias: “o Eterno é nosso Rei, Ele nos salvará” (23,22) ou no Salmo 118 “Salva-nos, Senhor! Nós vos imploramos. Faze-nos prosperar, Senhor! Nós vos suplicamos. Bendito é o que vem em nome do Senhor” (118:25), Era sob a ação do Espírito Santo que os discípulos aclamavam Jesus como rei e salvador no que eram acompanhados pela multidão. Pouco depois, porém, o povo em gritos desejaria sua morte, mostrando quão volúvel é o juízo popular. Ficaria somente como recordação daquele espetáculo o escrito de Pilatos sobre uma cruz ignominiosa no alto do Gólgota, como testemunho da realeza de Cristo. O povo então a aclamar “Nós não temos outro rei senão César” (Jo 19 15.20). No decorrer desta Semana Santa, cumpre refletir que, através de sua Paixão e pelo seu Amor, Jesus foi fiel até à morte, fiel a sua dileção infinita ao Pai, fiel a seu amor infinito por todos nós apesar das infidelidades humanas. Pela sua Paixão aceita livremente, Jesus veio quebrar o dinamismo de morte que está no homem e o dinamismo do pecado que se acha enraizado no ser racional. Pecado que conduziu os escribas e os fariseus ao ódio e que levou Pilatos ao medo. Pecado que lançou os discípulos ao sono s à fuga, Pecado que levou Pedro, covardemente, a renegá-lo. Face a estes desastres ocasionados pelos erros dos homens e ante uma espiral de violências, Jesus não deixou de ser aquele que ama e amará até o fim, mesmo do alto da Cruz, tendo sempre um olhar de amor. Ele nos convida a retribuir a este amor, a viver em função de uma grande dileção a Ele. Nesta semana veremos ainda uma vez que tendo chegado a hora em que se sacrificaria pela humanidade, percebendo que o golpe final se aproximava, Jesus entrou em agonia, se viu abandonado. Entretanto, não obstante tanto sofrimento, tanta angústia, Ele não recuou. Sua morte foi uma morte doada, como sua vida foi uma vida ofertada totalmente à missão que lhe havia confiado o Pai.   Recordemos nesta semana como a cruz, instrumento de sua paixão e de sua morte, se tornou um sinal para seus verdadeiros seguidores, ela que se fez o trono de sua glória. Lembremo-nos que grande foi a humilhação de Cristo diante de seus opressores, mas não nos esqueçamos de que esta humilhação foi profética, anunciando a salvação do gênero humano. Fato, realmente, maravilhoso dado que um Rei reinou se fazendo servidor. Um Soberano que renunciou seus privilégios porque muito nos amou. Este Rei não é como os outros reis, mas um monarca que quer permitir aos outros serem felizes, que quer fazê-los participar de seu força. Um Rei cujo poder é uma potência de dileção sem limites. Portanto, nesta Semana Santa, contemplando o trono de sua glória, a Cruz, nos deve levar a entrar na lógica bendita desta ternura incomensurável, uma atitude que conduz à entrega do dom desse acolhimento dos que são irmãos regenerados pelo mesmo sangue divino. Arrependimento cabal de todos os pecados, um novo programa de vida que revele total gratidão Àquele que tanto nos amou e ama. Saibamos retribuir ao amor de Jesus Cristo, Messias e Salvador. Soberano de um reino novo.  Isto porque Ele estabeleceu    um reino de justiça e de paz no qual devemos viver, correspondendo sempre a tanta generosidade divina. Ele veio a este mundo para dar testemunho da verdade.  Não obstante, esta demonstração O levou à morte porque seus contraditores e todos os pecadores através dos tempos têm recusado esta verdade. Sobretudo, por tudo isto, durante a Grande Semana em todas as suas cerimoniosa é preciso refletir sinceramente se Ele tem sido para cada um de nós “o Caminho, a Verdade e a Vida”. É necessário deixar de lado as preocupações terrenas e estarmos convencidos de que a salvação de cada um de nós custou o sacrifício de um Deus feito homem. De fato, lutar para que Jesus seja, realmente, aclamado, amado, exaltado. O verdadeiro cristão não pode estar sujeito a um mundo, como outrora aquele que julgou tão mal Àquele que só irradiou amor, quantos a repetirem numa injúria inominável em pleno século vinte e um ao olhar para a Cruz Redentora: “Salva-te a ti mesmo”, mas repitamos do íntimo do coração: “Verdadeiramente Este era Filho de Deus”, e em consequência, seja sempre Jesus a razão de ser de nossas vidas. * Professor no Seminário d Mariana durantes 40 anos.



 

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