segunda-feira, 23 de novembro de 2020

Estai atentos! Vigiai e orai!

 

ESTAI ATENTOS! VIGIAI E ORAI.

Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*

Com o Advento um novo ano litúrgico começa e a Igreja convida a todos os fiéis a bem se prepararem para a solenidade do Natal. Nesta época na qual reina no atual contexto social, nas instituições e até nas famílias e comunidades católicas o temor, a apreensão ocasionada pela pandemia e outros males, viver profundamente a alegria pela comemoração da vinda do Filho de Deus a esta terra, é renovar a fé, indo ao encontro de uma nova esperança. Esta esperança tem um nome sublime: Jesus. Ele fará cada um caminhar sem desfalecimentos no seu aprimoramento pessoal, contribuindo a fim de que o mundo seja melhor para todos. Enorme responsabilidade, porque Deus vem com graças especiais ao encontro dos que se imergirem na mística cristã deste período litúrgico e daí o alerta: “Estai atentos! Vigiai e orai”.  É que as inspirações divinas deverão ser captadas e a vigilância é imprescindível, vivida, porém, numa união ainda mais profunda com este Deus que se fez homem e habitou entre nós. Isto para a todos chamar afim de participarem da natureza divina. Donde ser necessária total disponibilidade para corresponder a tão maravilhosa vocação. Vigilância para que os corações não endureçam, não estejam inertes, mas aptos a cor. responderem aos chamados divinos. Trata-se de percorrer com mais fervor o caminho da santidade através dos sofrimentos de cada hora, do trabalho humilde e da prece constante. O Advento leva assim o cristão a um reencontro especial com seu Senhor no coração mesmo de sua história pessoal. Estar de sobreaviso para que cada um possa passar frutuosamente estes dias abençoados do Advento, como insistia São Paulo: na sobriedade, revestidos da couraça da fé e da caridade, do capacete da esperança da salvação que Jesus veio trazer para os que O receberem com amor. As forças humanas, as intelectuais como as biológicas, são sempre insuficientes, donde a precisão da energia divina que cumpre seja pedida com persistência. À impotência humana vem o poder do Todo-poderoso Senhor que deve ser confiadamente aguardado. A oração confirma a insignificância do ser humano e robustece, porém, sua fé. As calamidades dos fenômenos da natureza exigem, mais do que nunca atenção e oração. Jesus veio, vem e virá são as três certezas que o tempo do Advento nos recordará. Ele veio, porque desceu do céu e se encarnou no seio da Virgem Maria, abolindo maravilhosamente toda distância entre o Criador e suas criaturas, lançando seus apelos no interior de cada um que procurar seguir seus caminhos, ajustando-se à Sua vontade longe da borrasca do pecado; Trata-se do dinamismo divino que varre para longe as misérias e fraquezas humanas. Ele veio e vem até os corações de boa vontade, oferecendo sua amizade, seu corpo e sangue, todas as riquezas celestiais. Faz conhecer os dons divinos, as delicadezas de seu amor redentor que transfiguram o coração humano. Tudo isto se dá na medida em que cada um vive coerentemente tudo que Ele veio ensinar para conseguir a vida eterna.   Ele veio na humildade, vem na intimidade de cada coração e virá um dia na sua glória. Esta glória outra coisa não é senão sua união com o Pai, a densidade da vida e da felicidade que Ele oferece como Segunda Pessoa da Trindade Santa.   Vivendo santamente o Advento, virá o grande dia prometido por ]esus que é fiel com quem lhe foi fiel nesta terra  e o verá face a face. Daí a importância da vigilância e da oração.tão insistidas por Jesus. Ele deseja que estejamos alertas. Eis aí disposição essencial do verdadeiro cristão que compreende o significado do Advento, que entende o que quer dizer verdadeiramente estar atento. Não estar a dormir, nem estar adormecido, mas cauteloso, consciente do bom aproveitamento deste tempo de graças especiais, voltado unicamente para Deus e não para as futilidades terrenas.  Longe, portanto, das preocupações mundanas, de sonhos mirabolantes, da dispersão, de uma passividade deletéria. Que se afastem as inquietações, as preocupações estéreis, as obsessões malignas. O amor de Deus deve mais do que numa reinar, porque Jesus que chega é salvador amoroso que quer recompensar e não punir.  Velar é se voltar inteiramente para Deus, desejando ardentemente sua manifestação   amorosa, pois Ele é o salvador misericordioso. Daí a prática cuidadosa de toda justiça com alegria, seguindo mais perfeitamente os caminhos do Senhor que vem. É preciso sentir a ausência daquele que ansiosamente se espera. Trata-se da sede espiritual de quem crê e aguarda o grande Rei * Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.

 

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