CRISTO, REI DO UNIVERSO
Côn. José Geraldo Vidigal de
Carvalho*
Ecoam neste domingo especiais louvores a
Cristo Rei do Universo. Como lemos no Evangelho de São Mateus, o Filho do homem
voltará a esta terra em sua gloria para o juízo universal (Mt 25,31-40) Dada a impetuosidade
das forças do mal, sobretudo no atual contexto histórico, nada mais necessário
do que meditar sobre esta intervenção do poder do Redentor da humanidade. De
uma maneira ainda mais cruel, seres humanos são massacrados, as inteligências
são asfixiadas com os erros mais absurdos e a mentira campeia através dos meios
de comunicação social e. até. se popularizou a expressão “fake news” – notícias
falsas. Nada, portanto, mais necessário do que implorar a vinda do Senhor do
céu e da terra para dar rumos mais justos por entre tantas calamidades, para
que a justiça reine por toda parte. Cumpre, entretanto, que cada um se examine
até onde é culpado nestes transtornos atuais. A certeza, porém, de que todos e
tudo que praticaram, um dia, serão submetidos ao julgamento de Deus, é um
poderoso alerta. Cristo, o Crucificado que ressuscitou imortal e impassível, no
juízo final, separará os bons e os maus. A vitória será daquele amor que raiou
no alto de uma cruz, fato glorioso bem assim sintetizado por São Paulo: "Com efeito,
de tal modo Deus amou o mundo, que lhe deu seu Filho único, para que todo o que
nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna." (Jo 3,16). No decorrer da
história há os que trilham o caminho do bem, ou seja, os que seguem os
preceitos estabelecidos pelo Criador, e aqueles que aderem àquilo que a esta
vontade divina se opõe. A liberdade de cada um é sempre respeitada pelo Senhor
de tudo. São, contudo, duas sendas opostas. No dia a dia do ser humano nesta
terra muitas vezes se percebe que a fronteira do bem e do mal passa dentro de
si, tanto que a própria Bíblia afirma que o coração do homem é duplo. Segundo
São Tiago, “aquele que hesita é semelhante à uma onda do mar, batida pelo
vento. Portanto, não pense tal homem que receberá do Senhor coisa alguma,
irresoluto como é e volúvel em todo o seu operar” (Tg 1,8). Na hora da morte,
contudo, o proceder de cada um estará definido pois ou foi inteiramente bom ou
completamente mau. Por isto, no julgamento final haverá apenas duas categorias,
pois os bons receberão as promessas do Reino e os outros o fogo eterno. A
responsabilidade pessoal fica definida ao se deixar este mundo. A Bíblia
emprega uma linguagem concreta e fala do fogo eterno “preparado para o demônio
e seus anjos”. Mensagem direta que deve ser bem assimilada por aquele que crê
na vida eterna, pois o julgamento divino será com relação ao bem ou ao mal que
se praticou. O juízo será sobre os atos e não é meramente conceptual, pois o
Evangelho de hoje focaliza como se agiu diante dos pequenos, dos fracos, dos
famintos, dos sedentos, dos sofredores em geral, com os quais Jesus se
identificou. O que cada um fez ao menor dos irmãos é a Cristo que foi feito.
Quem socorreu o próximo não por uma generosidade interesseira, mas
gratuitamente, por verdadeira caridade, receberá o faustoso convite: “Vinde benditos
de meu Pai, recebei em herança o Reino preparado para vós desde a criação do mundo”.
O mesmo não ocorrerá com quem não teve compaixão para com os outros. Desde modo,
a solenidade de Cristo Rei deve levar a todos os seus súditos a uma revisão do
modo como tem tratado seu semelhante, dado que se trata de uma recompensa ou de
uma condenação por toda a eternidade. Na sua primeira Carta São João deixou
esta séria advertência: “Não amemos por palavras nem com a língua, mas por
obras e em verdade. Por este sinal saberemos que somos da verdade” (1Jn 3,1).
Cristo Rei é, como foi dito, a revelação do Deus de amor, aquele que mostrou
que o verdadeiro amor está em Deus. Entrarão em seu reino apenas aqueles que
viveram em função desta dileção concretizada em atos que ampararam nesta terra
os mais necessitados. Diante de seu tribunal seremos examinados sobre como
amamos os indigentes, vendo neles sua figura salvadora. Todo serviço ao próximo
que teve a marca da caridade foi passaporte para o céu. Deixemo-nos então penetrar
pelo poder de Cristo Rei, tão próximo de nós em nossos irmãos e estaremos
conscientes de nossa responsabilidade nesta nossa trajetória terrena. * Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.
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