AO
VER AS MULTIDÕES JESUS CONDOEU-SE DELAS.
Côn. José Geraldo Vidigal de
Carvalho*
O
Evangelista São Mateus mostrou como Jesus havia se compadecido das multidões
porque eram como ovelhas sem pastor. O Mestre divino afirmou em seguida que a
messe era grande, mas os trabalhadores poucos. Ele então escolheu doze
Apóstolos e lhes deu poderes especiais para sua missão (Mt 9,36-10,8). Estes
foram os primeiros enviados de Cristo ao mundo. O Reino de Deus se dilata
quando aqueles que creem testemunham por palavras e obras o que Jesus ensinou. É
de se notar que o fato de Cristo ter se compadecido das multidões não significa
apenas a constatação de uma situação infausta, mas ocorrência que deve levar a atitudes
concretas, as quais estimulem seus discípulos a trabalharem com afinco pela
expansão do Evangelho. Jesus diante de um povo cansado e abatido não teve
palavras de consolo e resignação, mas propôs um modo de ser que deve conduzir a
mudanças existenciais. Estas abrem o caminho de uma verdadeira conversão. Isto
deve mostrar mentalidades e atitudes eficientes que levem à implantação de um
apostolado que conduza à vivência plena dos meios de salvação. Aí está a missão
do Redentor, pois Ele afirmou: “Eu vim para que todos tenham a vida e a tenham
em abundância” (Jo 10,10). Eis porque a Igreja oferece tantas atividades
pastorais nas quais cada batizado se engaja dentro de seus carismas, de suas
disponibilidades. Mesmo porque dentro do lar, nos ambientes de trabalho ou onde
quer que esteja o cristão ele pode e deve evangelizar. Tudo isto além da
própria ordem de Cristo de rogar ao Pai que envie sempre operários para sua
seara. Portanto, Jesus não fez apenas uma verificação de uma situação
deplorável que se repetiria através dos tempos, mas fez uma averiguação de que
por causa da omissão, descuido ou negligência de seus seguidores muitos não alcançariam
a felicidade eterna. Ficam privados dos meios necessários a este fim. São aquelas ovelhas que deveriam ser tocadas
pelo empenho de seus irmãos, mas foram deixadas de lado. Daí ser necessário aos cristãos, orientados
pelos sucessores dos doze apóstolos, reconhecerem sua vocação que é cooperar
para que não haja ovelhas sem pastor. Trata-se de uma tarefa sublime que é
testemunhar ser Jesus, de fato, “o caminho, a verdade e a vida”. Donde um exame
sincero para verificar como temos feito este Jesus conhecido, amado e seguido
para que não haja ovelhas desgarradas, cansadas, excluídas. Anunciar Jesus não é um encargo exclusivo
dos Bispos e dos Sacerdotes. Todos os batizados são convidados a trabalhar na
vinha do Senhor. Com efeito, as necessidades espirituais de todos os que estão
em nossa volta devem nos levar a um infatigável e generoso trabalho apostólico. É necessário todo o empenho para que não seja frustrado o desejo
de Cristo, afim de que por toda parte se realize a obra da Redenção. Como nos tempos de Cristo os obreiros são
poucos em proporção a esta imensa tarefa.
O Papa São Paulo VI em 1977 dizia: “A responsabilidade da difusão do
Evangelho que salva é de todos. De todos os que o receberam”. O dever
missionário recai, portanto, sobre todo o Corpo da Igreja. De maneira e em
medidas diferentes, é certo, mas todos devemos ser solidários no cumprimento
desta obrigação. É deste modo que deve agir através dos tempos o novo Povo de
Deus. Trata-se de um empenho espiritual que atravessa os séculos, porque sempre
haverá clero e fiéis que respondem com fé à graça deste chamamento especifico.
Por conseguinte, cada cristão deve aproveitar os meios de formação que a Igreja
por meio dos sucessores dos doze Apóstolos lhe oferece nas circunstâncias
concretas nas quais está colocado no seu dia a dia, Clero e fiéis fazem parte
do plano de salvação estabelecido por Deus. Trata-se de uma obra divina. Ao
escolher os doze Apóstolos, dando-lhes poderes extraordinários, Jesus lançou o
germe de sua Igreja. Desde o começo de seu ministério público Ele colocou os
fundamentos de sua Instituição. Assim sendo, através do evangelista São Mateus,
implicitamente, mostrou a necessidade de uma formação doutrinária e apostólica
de todos os batizados para desempenharem sua vocação cristã. Ininterruptamente,
porém, todos lembrados de que Ele conta com a cooperação de cada um, porque a
messe é sempre grande e os operários são poucos. * Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.
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