ESTOU
ESTOU ESTOU CONVOSCO TODOS OS DIAS
Côn. José
Geraldo Vidigal de Carvalho*
Antes de sua ascensão ao céu, Jesus confirmou a
missão dada aos Apóstolos e assegurou sua duradoura assistência à Igreja,
firmando sua infalibilidade (Jo 28, 16-20). Sua partida para junto do Pai não
significava que sua obra redentora estava terminada e que não deixaria seus
seguidores órfãos. Os onze e seus sucessores deveriam ir pelo mundo proclamando
a Boa Nova a todos os povos. Pelo livro dos Atos dos Apóstolos se pode ver como
nas primeiras comunidades cristãs não somente a palavra de Deus ia se
espalhando, mas também que a mensagem de Cristo não perdia nada de sua
eficácia. Sobretudo os apóstolos Pedro e Paulo anunciavam com vigor tudo que
Jesus havia ensinado, mas também operavam milagres tão estupendos como os
feitos pelo Mestre divino. Curavam os cegos, os coxos e até ressuscitavam
mortos. É que Jesus, tendo ido para junto do Pai, embora ausente, permanecia
atuante na sua obra salvadora. Verídicas suas palavras: “E eis que eu estou
convosco todos os dias até ao fim do mundo”. Ele continuou a agir no coração
mesmo de sua Igreja. O mistério de sua Ascensão traz à baila duas realidades
que poderiam parecer opostas. De um lado era proveitoso que Ele voltasse para
junto o Pai e fosse lá nosso intercessor, mas por outra é de se notar que se
tratava de uma ausência aparente, pois Ele foi fisicamente, mas continuou
presente espiritualmente de maneira de fato extraordinária, eficaz e poderosa.
De junto do Pai Jesus enviou o Espírito Santo e Pentecostes iniciou a história
da Igreja através dos tempos. A ordem de Jesus foi não apenas doutrinar todas
as gentes, mas ainda “batizando-as em nome do Pai e do Filho e do Espírito
Santo”, ensinando-as a observar tudo que Ele mandou. Há, assim, um liame
profundo entre a Ascensão e o Batismo. O Batismo inaugurou a vida pública de
Cristo, a Ascensão foi o limite final. São Pedro deixou isto bem claro ao
afirmar, como está nos Atos dos Apóstolos, que tal foi a trajetória de Jesus “a
partir do batismo de João até o dia em que do meio de nós foi elevado ao céu”
(Atos 1,22). O Batismo pelo qual se multiplicariam seus seguidores é,
realmente, uma imersão na vida trinitária. Vida em Deus, vida do Espírito
Santo, vida de Jesus que, deste modo, estaria com seus discípulos até a
consumação dos tempos. Termos sido batizados em nome do Pai, do Filho e do
Espírito Santo não foi um rito mágico, mas o começo de uma marcha com Jesus,
colocando nossos passos nos seus passos, mesmo porque no final de nossa
passagem por este mundo, na outra margem da vida, Ele está à nossa espera. Deste modo a Ascensão se torna nosso destino,
o fim da caminhada terrena iniciada no nosso batismo. Tal o sentido profundo da
vida do cristão viver como Jesus para um dia estar com Ele por toda a
eternidade. Eis aí o que Jesus ressalta no dia de sua Ascensão. Ele nos dá o
poder de nos tornarmos filhos de Deus, de viver pelo batismo, desde agora e por
toda a eternidade, com Ele, unidos ao Pai e ao Espírito Santo. No momento em
que Ele deixa esta terra, Ele revela a seus discípulos que um lime definitivo
os une com a Trindade Santa, ligação tão forte que nada deverá separar. Nem
podemos nos esquecer de que, indo para o Pai no dia de sua Ascensão, Ele se
deixou ficar também na Eucaristia. Ele havia dito solenemente: “Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em
mim e eu nele”. Deste modo, a solenidade da Ascensão fixa verdades maravilhosas
que devem ser a razão de ser do cristão. Resulta uma profunda esperança que
lança alegria total no coração de quem ama a Jesus. Esperança que é uma virtude
dinâmica, um motor para a perseverança no bem, dilatando o coração no desejo de
estar com o Mestre divino após uma vida virtuosa nesta terra. Tudo isto deve
ser fixado, tanto mais que se vive numa sociedade triste, sombria, depressiva,
repleta de hediondos crimes, exatamente porque para muitos o céu, onde Jesus
está a nossa espera, deixou de ser o fim último de todas as atividades.
Impressionam desilusões lamentáveis afogadas no álcool, nas drogas, nas ações
mais deprimentes. Nada, portanto, mais necessário do que irradiar as mensagens
da Ascensão de Jesus para que a luz da fé faça brilhar em todos os corações a
certeza de um destino glorioso. Reavivemos, portanto, nossa esperança fagueira:
Jesus está à nossa espera lá na Casa do Pai! * Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.
ECONV
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