segunda-feira, 28 de janeiro de 2019

JSC E O PAPA FANCISCO

"Siamo la gioventù del Papa". 👏🏼👏🏼👏🏼🙏🏼
Papa Francisco na Jornada Mundial da Juventude, no Panamá, no dia 23/01/2019, levantando a camisa do grupo de jovens (JSC - Jovens Seguidores de Cristo) da paróquia Santa Rita de Cássia da cidade de Viçosa-MG, tendo o referido grupo como diretor espiritual o estimado amigo Cônego José Geraldo Vidigal.

A MISSÃO UNIVERSAL DO REDENTOR


A MISSÃO UNIVERSAL DO REDENTOR

Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*

A reação dos ouvintes de Jesus na Sinagoga de Nazaré passou de uma admiração profunda a um furor virulento, como bem registrou São Lucas (4,21-30). Inicialmente “todos o elogiavam e admiravam-se das palavras cheia de graça que saíam de sua boca”. Depois, “se encheram de ira” e Ele foi expulso de sua cidade.  Nenhuma das duas posturas afetou o Mestre divino que sempre dizia a verdade, apesar de tentarem precipitá-lo monte abaixo, pois “Jesus passou pelo meio deles, seguia o seu caminho”. Ele ensinaria a seus discípulos: “Seja o vosso falar: Sim, sim; não, não, porque tudo o que passa disto procede do maligno”, ou seja, é sugestão diabólica. (Mt 5,37). Apesar então do fascínio com que seus conterrâneos O escutavam, apreciando a beleza de suas palavras, Jesus não deixou de recriminar a incredulidade que pairava no íntimo de seus corações que duvidavam da sua missão messiânica a qual deveria se estender a todos que verdadeiramente O aceitariam como o salvador prometido. Os nazarenos simbolizavam os demais judeus que O perseguiriam e O levariam também para fora da cidade de Jerusalém e O crucificariam  numa lamentável recusa de sua tarefa redentora. Através dos tempos idênticas são a reações humanas  perante o mistério de Jesus. Isto tantas vezes numa visão estreita, diminuindo a universalidade de sua obra salvífica que deve se estender  a todos e por toda parte. Ele se manifestou não como o “o filho de José, mas como o “Filho de Deus”, mas muitos até os que nele creriam colocariam sobre Ele etiquetas ao serviço de seus interesses pessoais e daí de um lado um rigorismo condenável e de outro uma laxismo diabólico, distorcendo tantas vezes sua doutrina ou não acatando as determinações das autoridades de sua Igreja. Surgiriam os rigoristas que não admitem as reformas necessárias nos diversos contextos e os falsos progressistas que não se submetem às orientações do papa, dos bispos, dos Párocos. Em pleno século XXI, por exemplo, há até aqueles que querem  de novo a Missa em latim com o celebrante de costas para os fiéis e não acatam as rubricas do Missal atualizado. O apelo profético de Jesus seria sempre colocado em questão. Seus verdadeiros discípulos fariam, eles sim, de seu Evangelho um programa de ação, uma palavra divina que mobiliza, deixando de lado questiúnculas mesquinhas. Disto é que resultaria a não aceitação de tudo que o magistério de sua Igreja apresenta como o autêntico caminho da salvação. Através dos tempos, como aconteceu em Nazaré, Jesus vai seguindo o seu caminho e é uma grande multidão que passa a viver a realidade de tudo que Ele ensinou. Ele, como aconteceu em Nazaré seria perseguido e, em Jerusalém, seria condenado a morrer crucificado, mas, ressuscitando dos mortos provaria sua divindade, podendo oferecer aos seus seguidores a vida eterna. Aqueles que se fecham em si mesmos e querem impor seu próprio modo de ver criticam a Igreja, o Papa, os Bispos, os Padres e desejam uma religião adaptada a seus moldes mentais. Faltar tantas vezes a compreensão de Jesus e de seus legítimos representantes. A oposição aos mesmos coloca muitos na contramão do caminho da salvação. Acontece então a perda da identidade do autêntico fiel submisso em tudo ao Redentor, distorcendo a verdade doutrinária ou o ritual do culto litúrgico devido a Deus. Felizmente, porém, a maioria dos cristãos ostenta a capacidade de se conformar com as. normas de uma religiosidade iluminada pelas orientações eclesiásticas sem retrocesso ou  avanços condenáveis. Toda tensão, porém, pode e deve ser contornada e afastada para que se evite sempre cindir a legítima postura de quem quer, de fato, seguir a Jesus, obediente a seus representantes. A Igreja sempre remobiliza a história, faz as reformas necessárias e em tudo procura unicamente a glória de Deus e o bem das almas, porque Jesus passa sereno pelos séculos e aqueles que fielmente O seguem têm a luz da vida (Jo 8,12). Estes serão salvos. * Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.

 

 

 

 

segunda-feira, 21 de janeiro de 2019

A SALVAÇÃO ANUNCIADA POR JESUS


02 A SALVAÇÃO ANUNCIADA POR  JESUS

Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*

Na Sinagoga de Nazaré Jesus, após a leitura do texto de Isaias, assim começou seu comentário: “Hoje se cumpriu esta palavra” (Lc 4, 14-21). A salvação proclamada pelo Profeta seria inteiramente realizada por Ele não apenas nos dias de sua pregação, mas sempre através de seus discípulos em todos os tempos e lugares. Todas as vezes que homens e mulheres se aproximassem dele e acolhessem com fé sua palavra deparariam o poderoso influxo salvador de sua mensagem. Isto porque o Espírito do Senhor estava sempre sobre Ele e lhe conferira a unção para a transmissão da Boa Nova aos pobres. Ele viera, também para anunciar a libertação dos cativos, para dar a vista aos cegos, a liberdade aos oprimidos e promulgar um ano de graça da parte do Senhor. Ele convida então a todos a marchar com Ele, meditando o Evangelho e crendo que Deus veio para falar aos corações de boa vontade. No seu imenso amor envolveria a todos sem condições preliminares, pois afirmara por meio do Profeta Jeremias: “Porquanto com amor eterno eu te amei por isso com benignidade te atraí” (Jr 31,3). Cumpre-nos aprofundar esta surpreendente realidade, porque amor com amor se paga. Um sublime diálogo deve, assim, se instaurar entre a criatura e seu Criador. Registrou São Lucas que na Sinagoga “os olhos de todos estava cravados nele”. O mesmo ocorreria a todos que se tornariam nos mais diversos contextos históricos seus contemporâneos, ansiosos por escutar o que Ele tem a dizer a cada um. Ele se dirigia não apenas aos habitantes de Nazaré, mas também aos de todo mundo. Seu projeto salvífico, abrangendo nossas vidas individuais e nossas sociedades, deveria ser continuamente salvador, segundo os valores do seu coração amantíssimo. Era uma nova história que se iniciava, demandando, porém, a colaboração de seus seguidores que deveriam ser pobres, ou seja, desapegados dos bens terrenos. Ocorreria, desta maneira, a libertação dos que estivessem cativos de seus erros, cegos por não poderem enxergar as maravilhas divinas. Os que se achassem oprimidos conheceriam, deste modo, a verdadeira liberdade dos filhos de Deus. Dar-se-ia o jubileu, ano de redenção e de liberdade. Uma mudança enorme provinda do reino messiânico no qual não haveria falsidade, mas, sim, a verdade; nenhum pecado, mas santidade de vida. Todos chamados a associar-se a Ele nesta obra magnífica, na qual reinaria o combate a toda injustiça. Caberia a seus seguidores prosseguir sempre sua tarefa redentora. Isto aconteceria se os olhos estivessem cravados nele para que houvesse o contágio de salvação que se irradia de sua perfeição e de seu poder infinitos. Todos solidários numa evangelização contínua partida de corações por Ele santificados. Eis porque é necessário que todo seguidor de Cristo deixe que Ele possa agir em cada um,  fazendo dele um colaborador eficiente para a salvação própria e de todos que estão em seu derredor. Grande a responsabilidade, portanto, a de ser cristão, cruzando os caminhos dos outros que devem também entrar nesta onda de redenção oferecida pelo Filho de Deus. De fato, se o cristão é verdadeiramente discípulo de Cristo, tem o mundo nas mãos para deificá-lo, sobrenaturalizá-lo pelas palavras e por uma ação evangelizadora eficaz, lançando as sementes do Reino de Deus. Quem acata a totalidade do que Jesus ensinou é um apóstolo que faz o mundo ser melhor, isento de preconceitos religiosos, livre da servidão dos vícios e desvarios protagonizados pelos filhos das trevas. Mostrar a verdadeira face de Cristo, eis aí a empreitada de quem lhe é fiel. Então muitos passam a crer que Deus é amor e se faz presente entre os homens para enriquecê-los com seus dons, libertando os pecadores de suas mazelas físicas e morais. Ele oferece a todos a possibilidade de se purificar e de se tornar verdadeiramente seus filhos e filhas. Sua dileção é sem limites e é uma dileção ativa, efetiva e afetiva, abraçando toda a criatura racional em toda sua humanidade que carece sempre de salvação. Este é o estilo da ação missionária de Cristo que em Nazaré pormenorizou seus aspectos fundamentais. Ele nos convida a todos a sermos arautos deste seu amor misericordioso, libertador. * Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.

 

 

quinta-feira, 17 de janeiro de 2019

SONHO ERÓTICO E PECADO


SONHO ERÓTICO E PECADO

Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*

Sonho erótico não é pecado em si. Para que haja pecado mortal é necessário que a matéria seja grave, haja pleno conhecimento e pleno consentimento naquilo que afronta um dos dez mandamentos sagrados da Lei de Deus.   Os psicólogos recomendam, inclusive, que pela manhã se recorde todo o desenrolar do sonho para uma proveitosa autoanálise. Junto dos analistas, porém, não se encontra uma explicação concorde do simbolismo das imagens noturnas. Cada um, contudo, pode relacionar o seu estado emocional com o que veio a sonhar.  Por exemplo, sonhar que se está caindo num precipício significa insegurança. É preciso, neste caso, remover psicologicamente as causas do descontrole de si mesmo. Incidência frequente  de sonhos eróticos deve levar a uma purificação dos pensamentos, desejos e atitudes.  Segundo o Catecismo da Igreja Católica, “a virtude da castidade é comandada pela virtude cardeal da temperança, que tem em vista fazer depender da razão as paixões e os apetites da sensibilidade humana (2343) “A castidade representa uma tarefa eminentemente pessoal, mas implica também um esforço cultural, porque “o ser humano desenvolve-se em todas as suas qualidades mediante a comunicação com os outros” (2344)”.  Nunca se esforça demais para vivenciar as dimensões morais e espirituais da vida humana. Se o sonho tem relação com algum dos sete pecados capitais, é preciso tratar de cultivar a virtude que se opõe aos mesmos. Aos sonhos eivados de soberba, cumpre opor a prática da humildade; se contaminados de avareza, exercer a generosidade; se são luxuriosos, ser mais casto; se repletos de inveja, está faltando caridade; se carregados de gula, se pratique a mortificação e a temperança; sonhos impregnados de ira, devem levar a rezar “Jesus manso e humilde de coração fazei o meu coração semelhante ao vosso” e exercitar a paciência; sonhos de fuga do estudo, do trabalho, do esforço são alerta para que haja mais diligência, mais empenho, mais energia. Há  relação entre o sonho e o equilíbrio psíquico. Ao contrário do que falou Freud o sonho não dissimula, mas se exprime numa linguagem natural, imaginada. Quase todos os sonhos são coerentes, têm um enredo e sua linguagem concerne ao modo de ser de cada um em determinada circunstância de sua vida. O sonho é um educador, ele deve levar a corrigir  as atitudes conscientes errôneas  e guiar para uma autoformarão corajosa e perseverante. * Diretor Espiritual do JSC

 

segunda-feira, 14 de janeiro de 2019

O MILAGRE EM CANÁ DA GALILÉIA




01 O MILAGRE EM CANÁ DA GALILEIA

Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*

Todos os pormenores do célebre milagre operado por Jesus em Caná da Galileia são profundamente significativos e, entre eles, aquilo que sua Mãe falou aos que serviam os convidados daquela festa de casamento: “Fazei tudo que Ele disser” (Jo 2,1-11). Ao pedido de Maria, sua Mãe, Jesus antecipou o momento no qual ele devia começar a revelar sua glória, seu poder divino. A ordem dada por Cristo, por certo, causou estranheza àqueles serventes: “Enchei de água essas talhas”. Eles as haviam esvaziado após as abluções rituais dos convivas e ali estavam seis vasilhames vazios, podendo cada um conter cerca de 40 litros. Adite-se que os convidados já estavam à mesa e, portanto, se tratava aparentemente de um trabalho inútil. No entanto, Maria, mais pelo acento afetivo da voz do que pelas palavras, lhes havia convencido a obedecer fielmente o que seu Filho lhes mandaria fazer. Por isso encheram logo as talhas de água, tendo Jesus ordenado que as levassem ao mestre da mesa. O milagre havia sido realizado e Cristo se serviu da ação daqueles serventes para proporcionar a todos naquela festa um vinho de superior qualidade. Aquela bebida mereceu inclusive a congratulação ao esposo que tinha invertido a ordem, oferecendo o vinho melhor depois de um inferior. O Evangelista não desceu a outros detalhes nem mesmo como o papel de Maria foi reconhecido. Muito sobriamente menciona que aquele foi o primeiro dos sinais operados por Jesus que manifestou a sua glória e que os discípulos creram nele.  Ressoa, porém, as palavras de Maria: “Fazei tudo que Ele vos disser”. Aí o segredo de uma espiritualidade profunda dos que querem, de fato, seguir Jesus, ou seja, fazer em tudo a vontade de Deus. Mais tarde Jesus ensinará a rezar ao Pai que está nos céus: “Seja feita a vossa vontade”. Esta liberdade do coração que quer em tudo o que Deus quer é uma das lições deste episódio em Caná. Trata-se da obediência salvífica e, assim, o fiel pode tudo, como asseverou São Paulo: “Eu tudo posso naquele que é a minha fortaleza” (Fil 4,13). A adesão completa aos desígnios de Deus comunica a cada cristão um vigor sobrenatural conferido pela graça, nobilitando-o, unindo e coordenando todas as ações num sistema de vida compacto, totalmente inspirado na submissão ao Senhor de tudo. Cumpre esvaziar as taças do vinho velho da desobediência aos mandamentos para que Jesus nelas coloque o vinho novo da adesão completa aos preceitos divinos. Para que isto ocorra é imperiosa a presença mediadora de Maria que se tornou para todos um modelo, ela que havia dito ao Arcanjo Gabriel: “Eu sou a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra”. Ela alcançou em Caná aquele milagre da parte de seu Filho graças à sua grande humildade. Muitas vezes na vida dos seguidores de Cristo é a falta desta virtude basilar que leva ao desprezo dos dez mandamentos, julgando-se a criatura mais sábia do que o Criador de tudo. Quem imita a submissão de Maria abre todas as possibilidades da ação de seu Filho que pode então agir e operar maravilhas. A seu Filho, lá em Caná, ela não deu uma ordem, mas simplesmente expôs uma situação: “Eles não têm mais vinho”. Quantos, porém, querem trazer Deus a seu próprio tribunal, ignorando inclusive que somente Ele sabe o que é melhor para cada um.  Há até aqueles que fazem de suas preces imposições ao Senhor Onipotente, julgando-se merecedores de tudo, esquecidos de que é preciso primeiro purificar o coração, afastando tudo que desagrada a Deus. É necessário ao orante ajustar sempre a própria vida à vontade divina para tudo alcançar de seu Senhor, a quem deve manifestar uma confiança absoluta,envolta numa resolução sincera de mudança de vida.  Adite-se que Maria continua através dos tempos a ser a poderosa intermediária e recorrer a ela significa poder sentir os efeitos de suas súplicas maternas junto de seu Filho, como ocorreu em Caná da Galileia. * Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.

 

 

segunda-feira, 7 de janeiro de 2019

O BATISMO DE JESUS

01 REFLEXÕES SOBRE O BATISMO DE JESUS
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*
Por ocasião do batismo de Jesus revelou-se admiravelmente sua identidade, uma vez que o Espírito Santo desceu sobre Ele em forma sensível omo uma pomba e do céu fez-se ouvir a voz do Pai: “Tu és o meu Filho amado, em ti eu me comprazo” (Lc 3,15-16, 21-22). Acontecimento notável uma vez que o divino Redentor iria, em seguida, percorrer a região da Galileia, da Samaria e da Judeia. Eis porque, antes do testemunho celeste que o mostrava como o eleito de Deus, filho predileto do Pai, consagrado pelo Espírito divino, João Batista deixou claro que Jesus era o Messias que iria batizar com Espírito Santo e com o fogo. João era o Precursor que intimava os deveres particulares atinentes às diversas classes de ouvintes. Exigia de todos a conversão, a mudança de vida nos pensamentos, nos afetos e em todas as ações. O fato de Jesus vir até ele para ser também batizado significava que Cristo ratificava o movimento espiritual daquele que o anunciara como o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. É de se notar, porém, que o evangelista São Lucas frisou, sobretudo, a essência da grandeza de Cristo, inserido no mistério da Santíssima Trindade. Tudo isto acontecendo para fundamentar a fé e a esperança dos seguidores do Messias prometido
01 REFLEXÕES SOBRE O BATISMO DE JESUS
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*
Por ocasião do batismo de Jesus revelou-se admiravelmente sua identidade, uma vez que o Espírito Santo desceu sobre Ele em forma sensível omo uma pomba e do céu fez-se ouvir a voz do Pai: “Tu és o meu Filho amado, em ti eu me comprazo” (Lc 3,15-16, 21-22). Acontecimento notável uma vez que o divino Redentor iria, em seguida, percorrer a região da Galileia, da Samaria e da Judeia. Eis porque, antes do testemunho celeste que o mostrava como o eleito de Deus, filho predileto do Pai, consagrado pelo Espírito divino, João Batista deixou claro que Jesus era o Messias que iria batizar com Espírito Santo e com o fogo. João era o Precursor que intimava os deveres particulares atinentes às diversas classes de ouvintes. Exigia de todos a conversão, a mudança de vida nos pensamentos, nos afetos e em todas as ações. O fato de Jesus vir até ele para ser também batizado significava que Cristo ratificava o movimento espiritual daquele que o anunciara como o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. É de se notar, porém, que o evangelista São Lucas frisou, sobretudo, a essência da grandeza de Cristo, inserido no mistério da Santíssima Trindade. Tudo isto acontecendo para fundamentar a fé e a esperança dos seguidores do Messias prometido que ali estava. Ele, sim, seria o iniciador de um mundo novo que completaria seu batismo com sua morte e ressurreição, tendo Ele em tudo a condição humana. São Paulo mostrou claramente em que o batismo de Jesus diz respeito a cada um que recebe esse sacramento da iniciação cristã. Com efeito, ele acentuou a seu amigo Tito os efeitos de graças, de transformação, de renovação que a vinda do Verbo de Deus em nossa carne produz para todos os batizados. Assim se expressou o Apóstolo: “Pela sua misericórdia, mediante o banho de regeneração e de renovação, operado pelo Espírito Santo, que largamente efundiu sobre nós por meio de Jesus Cristo nosso salvador, a fim de que justificados pela sua graça nos tornássemos, segundo a esperança, herdeiros da vida eterna” (Tito 3,5-7). Agora que Jesus partiu depois de completar sua obra de salvação este é o tempo para pensar sempre nele e para deixar que sua influência, sua obra continue em nossas vidas, a fim de vivermos como filhos de Deus, transformando-nos à Sua imagem, continuamente nos purificando. Quem vive plenamente todos esses efeitos do batismo faz triunfar a vida de Jesus em sua existência Daí o combate contínuo à injustiça, tratando uns aos outros com respeito e dignidade, numa oposição persistente à violência e ao instinto de dominação. Assim cada batizado se torna arauto da vida nova recebida neste sublime sacramento. Esse o introduz na verdade, na justiça e no amor a Deus e ao próximo num abandono firme de toda mediocridade. São Pedro deixou claro: “Vós, porém, estirpe eleita, sacerdócio régio, gente santa, povo trazido à salvação para tornardes conhecidos os prodígios daquele que vos chamou das trevas para a luz admirável” (1 Pd 2, 9-11). O Papa Francisco na sua encíclica “A alegria do Evangelho” acentuou que em virtude do batismo recebido, cada membro do Povo de Deus se torna discípulo missionário. Todo batizado, seja qual for sua função na Igreja ou o nível de instrução de sua fé, é um elemento ativo de evangelização porque faz a experiência do amor de Deus que o salva. O batismo de Jesus vem então nos recordar toda grandeza de ser um batizado que deve testemunhar por toda parte as maravilhas da salvação operadas pelo nosso Deus que conta com cada um de nós nessa Sua obra missionária. Jesus foi o enviado do Pai a este mundo pecador para lhe mostrar que Deus não o abandona nunca e quer a todos libertar. Mensagem gloriosa a ser levada num contexto poluído pelo ódio, pelo egoísmo e pela vingança. Jesus veio como “Luz das nações”, abrindo os olhos aos cegos e salvando os cativos. Sua salvação é oferecida a todos não obstante os temores e as prevaricações humanas. O batismo de Jesus é, de fato, a imersão total no amor de Deus, renovação completa no Espírito Santo e daí a felicidade de crer nele e de ter sido batizado naquele que tem palavras de vida eterna. *Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.