segunda-feira, 21 de agosto de 2017

O FILHO DE DEUS VIVO

O FILHO DE DEUS VIVO
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho

Notável a profissão de fé de Pedro ao proclamar que Jesus era “o Messias, o Filho de Deus vivo” (Mt 16,13-20). Não obstante tantos milagres realizados, curas maravilhosas e uma pregação superior a todas as outras até então proferidas, não havia entre os que O conheciam um consenso sobre quem era Jesus. Uns O comparavam a personagens famosos como Jeremias ou João Batista, ou ainda a um grande profeta como Elias. Havia a expectativa da chegada do Messias, mas não reconheciam em Cristo o desejado das nações. Donde ter merecido Simão Pedro o elogio do Mestre divino pela brilhante confissão de fé que, aliás, não lhe fora revelada pela carne e pelo sangue, mas pelo próprio Pai que está nos céus.  Tratava-se de uma assertiva superior a um julgamento meramente humano, provinda do homem questionador, fechado para as novidades divinas. Ali estava, de fato, o Enviado de Deus que ultrapassava com sua doutrina as forças proféticas do passado, mais importante que os grandes personagens que haviam falado em nome do Ser Supremo. Era o Messias em pessoa e, na verdade, o Filho de Deus vivo. A resposta de fé dada com tanta convicção pelo Apóstolo resultou numa promessa maravilhosa, a do primado petrino. Claras as palavras de Cristo: “Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja [...] Dar-te-ei as chaves do  reino dos céus”. Pedro será a rocha de fundação de Sua Igreja, declara Jesus. Felizes, como Pedro, os que ultrapassam a carne e o sangue e abrem inteiramente sua inteligência e seu coração à Pessoa divina do Redentor. São aqueles que depositam nele confiança inabalável e Lhe entregam sem reservas todas as suas forças. Reconhecem o primado do Papa, sucessor de Pedro na cátedra de Roma o qual irradia através dos tempos a luz da crença na divindade de Cristo, preservando de todo erro a doutrina por Ele legada à sua Igrejja. O verdadeiro seguidor de Cristo passa então a entrar na beatitude de Simão Pedro, na felicidade dos que confessam a messianidade de Cristo e dele não se apartam, fazendo-O o centro de toda sua vida. Ele o Ungido, o Consagrado especial que veio a este mundo para realizar as promessas de salvação de Deus para toda a humanidade. A revelação de Pedro ressoaria em toda a tradição primitiva da Igreja que proclamou unanimimente que Jesus de Nazaré era o Messias prometido. Aliás, o próprio Cristo já havia confirmado isto. O Sumo Sacerdote Lhe tinha colocado esta questão: “És tu o Messias, o Filho de Deus bendito”? Jesus respondeu: “Eu O sou” (Mc 14,61 ss). Não, porém, um Messias segundo a concepção judaica de um chefe político e militar que libertaria Israel da dominação romana, instaurando o reino de Deus nesta terra. Aos Apóstolos Jesus passou a autêntica noção messiânica que Ele encarnava e mostrou que o Filho do homem viera para “servir e dar sua vida em resgate por muitos” (Mc 10,45). O Messias era o servidor do Pai. Tratava-se de uma missão salvadora eterna e não meramente temporal, destinada não a um só povo, mas para todos que nele acreditassem. Através dos tempos multiplicariam as opiniões as mais diversas sobre Jesus, o Messias. Para muitos ele não passaria de um notável mestre, uma grande personalidade, um milagreiro e não O veriam como o Redentor que veio abrir as portas do Reino dos Céus para os pobres, os humildes, os mansos, os puros de mente e de corpo. O próprio Cristo já havia condenado os que O honravam com os lábios, mas tendo o coração longe dele (Mc 7,6). Segundo Ele são os hipócritas que vivem proferindo o Seu nome, mas não seguem o que Ele ensinou. Como outrora a seus discípulos Jesus está a indagar a cada um de nós: “E vós quem dizeis que eu sou”? Ele quer uma resposta que venha não da carne e do sangue, mas da iluminação interior nascida de uma autêntica fé.  São Paulo dizia: “Eu só quero conhecer Cristo e Cristo crucificado” (1 Cor 2,2). Conhecer, isto é, viver o significado de sua tarefa redentora através de tantos sofrimentos dos quais o fiel deve participar. O importante é o olhar teológico, reconhecendo Jesus como o Filho de Deus tendo com Ele um relacionamento profundo numa visão trinitária que leve à salvação obtida por obras e não por meras palavras. * Professor no Seminário de Mariana durame 40 anos.

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