CONFIANÇA TOTAL EM
JESUS
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*
O
episódio que narra Jesus caminhando sobre as águas apresenta fatos significativos
(Mt 14,22-33). Os apóstolos estavam na
barca temerosos porque esta era açoitada pelas ondas. O terror deles chegou ao
ápice porque não reconhecerm o Mestre divino e pensavam que estavam vendo um fantasma
andando no meio de lago. Grande o afoitamento de São Pedro em querer logo chegar
perto de Cristo. Com a permissão dele saltou do barco marchando por cima das
ondas. Ele duvidou, começou a afundar e suplicou: “Senhor, salva-me!”. Foi
salvo, mas repreendido. Entretanto, um final feliz: “Os que estavam na barca,
ajoelharam-se diante de Jesus e proclamaram: “És verdadeiramente o Filho de
Deus”. Os hermeneutas, desde os primeiros séculos, viram nesta barca agitada
pelos ventos um símbolo da Igreja no meio das tempestades através dos séculos.
É de se notar que quando São Mateus escreveu o seu Evangelho os cristãos
estavam numa embarcação no mar agitado da oposição do Império Romano. Havia
também a contra corrente do judaísmo e outras ondas revoltas orginárias do
mundo greco-romano. Dificuldades específicas daquele contexto, mas que se repetiriam
no decorrer de toda a trajetória da Igreja. Em nossos dias também o Reino de
Deus sofre violências de toda parte por meio das mais horripilas invectivas do
espírito do mal. Lamentável, inclusive, a falta de perseverança de tantos
católicos aliciados por outras religiões. São as tempestades registradas pelo
Evangelho. Jesus, contudo, a repetir constantemente aos que lhe são fiéis as
mesmas palavras que disse aos apóstolos temerosos: “Tende confiança. Sou Eu. Não temais”. Ele está a censurar todo aquele tem um fé frágil como a São Pedro lá no lago. A fé é a couraça do
verdadeiro seguidor de Cristo contra a descrença e o descorajamento. No caso
das intempéries é clamar como o Apóstolo: “Senhor, salva-me”. Confiança
absoluta em Cristo, fonte de toda paz e fortaleza. Ele é, além disto, o médico
divino que cura toda e qualquer enfermindade do corpo e da alma. Jesus domina
sempre as forças do mal. Eis porque permitiu que Pedro fosse até ele passando
pelas ondas encapeladas. O problema foi o Apóstolo duvidar e, por isto, se
afogaria não fosse a intervenção poderosa de Cristo. O fato, contudo, é muito
instrutivo. Por entre as intempéries de nossa marcha para a Casa do Pai é
preciso saber enfrentar as dificuldades da vida com olhos fixos em Jesus que pode resolver todos
os problemas. Ele tem poder absoluto sobre a morte e qualquer calamindade. A
barca da Igreja também é agitada por ventos contrários e ela tem que atravessar
mares revoltos. Jesus, entretanto, fez uma promessa: “As portas do inferno
jamais prevalecerão contra ela”. A Virgem Maria, mãe desta Igreja e de cada um de nós, deixou o
exemplo magnífico estando de pé junto da cruz de Cristo no Calvário sem se
esmorecer. Morto seu divino Filho, ela sabia que viria a vitória sobre a morte
com sua Ressurreição gloriosa. Maria a mostrar sempre que não há fracasso na
vida do cristão. No lago Jesus estava
junto dos Apóstolos e a calma voltou a reinar. Sua presença delicada é penhor
de triunfo sobre os males. Na agitação das ondas ninguém nada pode sozinho. Com
Ele, porém, tudo é possível, todas as vitórias virão. Nele reside a plenitude
da divindade. Ele tudo pode. Seu poder se manifesta na fraqueza do ser humano.
São Paulo assim se expressou:” Somos atribulados em tudo, mas não oprimidos,
perplexos, mas não desesperados, perseguidos, mas não abandonados, abatidos,
mas não perdidos, pois por toda parte
levamos sempre no corpo os sofrimentos de Jesus para que também a vida de Jesus
se manifeste em nosso corpo” (2 Cor 4,8-9). O importante é imitar os Apóstolos
na barca e proclamar agradecidos: “ Ó Jesus, tu és verdadeiramente o Filho de
Deus”. Com Cristo todos os ventos
contrários não causarão perturbações. A Igreja a vinte um séculos vem vencendo
todos os seus inimigos, todas as insídias do maligno e nela os cristãos se
mostram vitoriosos, perseverando na prática do bem, não obstante as
fragilidades humanas, vencendo os elementos destruidores. Nenhum perigo os
atemoriza, porque Jesus, como aconteceu com São Pedro, estende a mão e protege *
Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.
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