segunda-feira, 28 de agosto de 2017

PARTICIPAR DA CRUZ DE CRISTO

PARTICIPAR DA CRUZ DE CRISTO
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*

Aos Apóstolos Jesus deixou clara sua identidade, ou seja, Ele era o Messias sofredor (Mt 16,21-27). Ao anunciar sua paixão, desfazendo definitivamente todas as ilusões de um messianismo terreno de caráter político, a reação de São Pedro foi intempestiva: "Deus te livre de tal coisa, Senhor! Isto não te acontecerá”! Recebeu de imediato a repreensão do Mestre divino: “Retira-te de mim satanás, tu és para mim pedra de escândalo, pois não tens o senso das coisas de Deus, mas das coisas dos homens”. Através dos tempos muitos seguidores de Cristo agem à maneira petrina, querendo enquadrar Deus em seus pobres moldes mentais, desejando impor ao Senhor Onipotente as evidências humanas. Jesus, contudo, não deixou margem a dúvidas: “Quem quiser vir após mim, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me”. É preciso que o cristão esteja unido a Ele pela cruz. Empregou uma linguagem dura para o ser humano que é propenso a fugir de todo esforço e almeja uma vida sem sacrifício, quer sempre rosas sem espinhos. Pedagogo inigualável Ele veio ensinar a seus discípulos a transformar as agruras da existência em pérolas para a eternidade. Assim sendo, tomar a cruz e segui-lo seria motivo de consolação. Deu a explicação: “De que servirá ao homem ganhar o mundo inteiro, se vier a perder a sua alma?” É então necessário a cada um ultrapassar seus limites, sua fraqueza, sua incapacidade, seu comodismo porque nesta superação consiste carregar a cruz de cada dia. Esta é uma maneira superior de viver sem se acomodar às quimeras que o mundo oferece, utopias que deixam após si a desilusão, o vazio existencial, o remorso. Não se chegará nunca ao céu sem lutas, renúncias, aderindo-se às exigências do Evangelho. Na cruz de Cristo está o encontro sublime do humano e do divino, pois quem bem compreende a mensagem do Messias sofredor sabe que as lágrimas humanas de si não têm valor algum, não passam de amarga água, se uma fé profunda na eternidade feliz não as valoriza. Há na existência de cada ser humano momentos de indizíveis tristezas. As mesmas lutas que recomeçam cada dia. A maldade que campeia pelo mundo. A morte, as catástrofes e tantas pessoas amadas que se vão, tudo isto causa dor e pesar. Quando nada externo já não perturba o ser humano, no mais profundo de si mesmo, que turbilhões que fontes de aflições! Entretanto, quem tem os olhos voltados para Aquele que carregou sua cruz até o Calvário possui dentro de si uma força maravilhosa e não desanima nunca. É que o verdadeiro cristão sabe que felicidade completa é só junto de Cristo na Casa do Pai. Ele nos chama a tudo superar envoltos na mais reluzente esperança. Felizes os que sabem seguir Cristo no mistério de sua vida e de sua paixão dolorosa. Viver com sabedoria neste vale de lágrimas que é terra de exílio é, amparado pela força divina, coexistir pacientemente com as preocupações, as tensões, as surpresas desagradáveis que surgem. Tudo que acontece está nos planos sapientíssimos de Deus e deve contribuir para a plena realização do seguidor do Evangelho. Ascese e vigilância são as condições para assumir a própria cruz e acompanhar Jesus. Deus não é um satélite do homem, nem é um Senhor de tudo para simplesmente estar a satisfazer os desejos mesquinhos de um ser finito, limitado. A cada um foi dada a inteligência e a liberdade e lhe são oferecidas todas as graças para conquistar um Reino eterno. Não se pode querer um Cristo sem a cruz. Muitos desejam a Betânia sem o Calvário, as Bem-aventuranças sem a abnegação, a salvação sem a observância integral dos mandamentos. Não se pode querer um céu sem a cruz da realidade do cotidiano, isto é, dos sofrimentos físicos e morais, do peso da carga dos deveres, da preocupação com as pessoas pelas quais se é responsável. Cumpre, porém, olhar menos as cicatrizes que a vida vai deixando na trajetória pessoal e valorizar as árduas conquistas da prática das virtudes.  Quem age, seguindo os passos de Jesus, é, entretanto, tomado de uma inefável paz interior, a qual é a mais deliciosa das sabedorias. Cristo fez uma promessa aos que Lhe forem fiéis: “O Filho do homem virá na glória de seu Pai com os seus anjos então retribuirá a cada um segundo as suas obras”. Pensemos nisto e a cruz cotidiana será menos pesada e nunca se deixará de seguir Jesus. * Professor no Seminário de Mariana, durante 40 anos.

quarta-feira, 23 de agosto de 2017

SONHOS

SONHOS

PERGUNTA
"Sobre os sonhos (aqueles que temos enquanto estamos dormindo), a mídia nos dá o significados de alguns. Devemos acreditar neles? O que os sonhos representam?"
RESPOSTA DO CÔNEGO*
O senso crítico é sempre necessário quando se lê sobre algum assunto. Todo cuidado é pouco diante de tudo que a mídia apresenta. É uma ingenuidade acreditar simplesmente naquilo que as revistas e jornais apresentam e o que é tratado nos programas da televisão. Mesmo o que é publicado em textos científicos precisa merecer uma análise profunda. No caso dos sonhos também se aplicam estas normas e com mais razão ainda. Com efeito, mesmo entre os psicanalistas não há consenso no que diz respeito à interpretação dos sonhos diurnos ou noturnos. Estes são realizações de desejo sendo idênticos seus mecanismos de formação. Trata-se da expressão do inconsciente e, na verdade, pelos sonhos se pede chegar a descobrir o que está no íntimo da pessoa. O inconsciente continua sempre em atividade e no sonho esta atividade prorrompe livremente através das imagens e do enredo de cada sonho. Como é difícil interpretar autenticamente o simbolismo destas imagens, um princípio é certo, ou seja, evitar qualquer atitude supersticiosa ou que gere inquietação. Uma supervalorização dos sonhos deve ser evitada. Além disto, os casos de premonição e precognição são raríssimos. Adite-se que, quer nos sonhos diurnos ou noturnos, há um enredo com certa coerência. Todo cuidado é pouco com as fantasias ou ilusões, mas cumpre que cada um se autoanalise para estar ligado à realidade de tudo que consigo acontece. As fantasias ou sonhos diurnos fornecem elementos para os sonhos noturnos. Assim, por exemplo, quem se deixa dominar pelo medo, criando inclusive situações irreais, tende a ter sonhos horripilos como estar a cair num precipício. Isto indica certamente carência ou algum problema que deve ser conscientemente solucionado. Quem joga na loteria imagina aplicações econômicas fantásticas e, no sonho noturno, surgem imagens mirabolantes. É preciso viver o instante presente em plenitude, confiando sempre todos os problemas a Deus, colocando dentro do Coração de Jesus aquilo que pode estar causando preocupação ou aflição. Nada de encenações fictícias para ficar   livre das fantasias conscientes, subliminares, ou inconscientes. Estas últimas são o núcleo dos sonhos noturnos. O controle dos desejos irreais é uma medida salutar. Seja como for, é preciso evitaar as interpretações anticientíficas, supersticiosa ou provindas de crendices infantis. Segundo muitos psicólogos, é de bom alvitre, no que tange os sonhos noturnos, examiná-los e cada um pode então fazer um autoexame para detectar alguma carência pessoal, tomando então atitudes positivas, corajosas, coerentes.  É claro que quem se imerge na prática das virtude, evita tudo que pode contaminar s pureza de sua mente e de seu coração e foge dos sites pornográficos e de olhares impudicos, fica mais facilmente liberto de fantasias sexuais que possam advir nos sonhos. Quem tem Deus no coração só terá sonhos angelicais! * Diretor espiritual do JSC


segunda-feira, 21 de agosto de 2017

O FILHO DE DEUS VIVO

O FILHO DE DEUS VIVO
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho

Notável a profissão de fé de Pedro ao proclamar que Jesus era “o Messias, o Filho de Deus vivo” (Mt 16,13-20). Não obstante tantos milagres realizados, curas maravilhosas e uma pregação superior a todas as outras até então proferidas, não havia entre os que O conheciam um consenso sobre quem era Jesus. Uns O comparavam a personagens famosos como Jeremias ou João Batista, ou ainda a um grande profeta como Elias. Havia a expectativa da chegada do Messias, mas não reconheciam em Cristo o desejado das nações. Donde ter merecido Simão Pedro o elogio do Mestre divino pela brilhante confissão de fé que, aliás, não lhe fora revelada pela carne e pelo sangue, mas pelo próprio Pai que está nos céus.  Tratava-se de uma assertiva superior a um julgamento meramente humano, provinda do homem questionador, fechado para as novidades divinas. Ali estava, de fato, o Enviado de Deus que ultrapassava com sua doutrina as forças proféticas do passado, mais importante que os grandes personagens que haviam falado em nome do Ser Supremo. Era o Messias em pessoa e, na verdade, o Filho de Deus vivo. A resposta de fé dada com tanta convicção pelo Apóstolo resultou numa promessa maravilhosa, a do primado petrino. Claras as palavras de Cristo: “Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja [...] Dar-te-ei as chaves do  reino dos céus”. Pedro será a rocha de fundação de Sua Igreja, declara Jesus. Felizes, como Pedro, os que ultrapassam a carne e o sangue e abrem inteiramente sua inteligência e seu coração à Pessoa divina do Redentor. São aqueles que depositam nele confiança inabalável e Lhe entregam sem reservas todas as suas forças. Reconhecem o primado do Papa, sucessor de Pedro na cátedra de Roma o qual irradia através dos tempos a luz da crença na divindade de Cristo, preservando de todo erro a doutrina por Ele legada à sua Igrejja. O verdadeiro seguidor de Cristo passa então a entrar na beatitude de Simão Pedro, na felicidade dos que confessam a messianidade de Cristo e dele não se apartam, fazendo-O o centro de toda sua vida. Ele o Ungido, o Consagrado especial que veio a este mundo para realizar as promessas de salvação de Deus para toda a humanidade. A revelação de Pedro ressoaria em toda a tradição primitiva da Igreja que proclamou unanimimente que Jesus de Nazaré era o Messias prometido. Aliás, o próprio Cristo já havia confirmado isto. O Sumo Sacerdote Lhe tinha colocado esta questão: “És tu o Messias, o Filho de Deus bendito”? Jesus respondeu: “Eu O sou” (Mc 14,61 ss). Não, porém, um Messias segundo a concepção judaica de um chefe político e militar que libertaria Israel da dominação romana, instaurando o reino de Deus nesta terra. Aos Apóstolos Jesus passou a autêntica noção messiânica que Ele encarnava e mostrou que o Filho do homem viera para “servir e dar sua vida em resgate por muitos” (Mc 10,45). O Messias era o servidor do Pai. Tratava-se de uma missão salvadora eterna e não meramente temporal, destinada não a um só povo, mas para todos que nele acreditassem. Através dos tempos multiplicariam as opiniões as mais diversas sobre Jesus, o Messias. Para muitos ele não passaria de um notável mestre, uma grande personalidade, um milagreiro e não O veriam como o Redentor que veio abrir as portas do Reino dos Céus para os pobres, os humildes, os mansos, os puros de mente e de corpo. O próprio Cristo já havia condenado os que O honravam com os lábios, mas tendo o coração longe dele (Mc 7,6). Segundo Ele são os hipócritas que vivem proferindo o Seu nome, mas não seguem o que Ele ensinou. Como outrora a seus discípulos Jesus está a indagar a cada um de nós: “E vós quem dizeis que eu sou”? Ele quer uma resposta que venha não da carne e do sangue, mas da iluminação interior nascida de uma autêntica fé.  São Paulo dizia: “Eu só quero conhecer Cristo e Cristo crucificado” (1 Cor 2,2). Conhecer, isto é, viver o significado de sua tarefa redentora através de tantos sofrimentos dos quais o fiel deve participar. O importante é o olhar teológico, reconhecendo Jesus como o Filho de Deus tendo com Ele um relacionamento profundo numa visão trinitária que leve à salvação obtida por obras e não por meras palavras. * Professor no Seminário de Mariana durame 40 anos.

segunda-feira, 14 de agosto de 2017

MINHA ALMA GLORIFICA O SENHOR

MINHA ALMA GLORIFICA O SENHOR
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*

Com grande confiança os fiéis se prostram reverentes ante a Mãe de Jesus elevada de corpo e alma para o céu, lá onde ela está a repetir o seu hino: “Minha alma glorifica o Senhor, exulta meu espírito em Deus meu Salvador” (Lc 19-56). Súplicas lhe são dirigidas ante as incertezas do futuro e tantas desgraças que grassam no contexto atual. O Papa Pio XII ao proclamar dia primeiro de novembro de 1950 dogma de fé esta verdade declarou: “Esta festa não lembra somente que o corpo inanimado da Virgem Maria não sofreu nenhuma corrupção, mas também que ela triunfou da morte e que ela foi glorificada no céu a exemplo de seu filho único Jesus Cristo”. A Igreja propõe então a todos os discípulos de Jesus não apenas que, já na Casa do Pai, continua o poder de intercessão de Maria, mas outrossim  que esta mulher de fé extraordinária está associada à salvação de todos.  Na vitória de Maria sobre a morte está incluído o triunfo sobre todas as potências do mal. Invocada, ela vem ao encontro de seus filhos ainda peregrinos neste mundo para ajudá-los a chegar à Jerusalém celeste, escapando das insídias do demônio. Ela deixou um exemplo mostrando que a fidelidade a Deus é essencial para a salvação de cada um. Foi o que muito bem lembrou o Papa São João Paulo II na encíclica Redemptoris Mater – Mãe do Redentor: “Como é grande, como é heroica a obediência da fé da qual Maria deu prova face aos decretos insondáveis de Deus. Por esta fé, ela está unida perfeitamente a Cristo em seu despojamento” (n. 18). O cristão chegará até o céu se firme for também sua fé que o leve a evitar tudo que impede este ideal que deve nortear todos os seus passos neste mundo. Perante o conflito entre a fidelidade à vontade de Deus e as paixões violentas, Maria apresenta Jesus como o único caminho para a eternidade feliz. A obediência da fé de Maria patenteia a abertura para a humildade e todas as virtudes que na sua existência admiravelmente floresceram. No seu cântico o “Magnificat” ela não exalta a riqueza, a soberba e o poder. Ela coloca em relevo a pobreza de espírito, os humildes, aqueles famintos a quem Deus alimenta. Este Deus sempre vitorioso sobre as forças da morte e da destruição. Ele quer um coração aberto à salvação espiritual para participar da maravilha da comunhão com sua vontade como aconteceu com a Virgem Santa. Ela a ostentar sempre uma fidelidade radical que a elevou até o céu. Lá contemplamos a realidade última da existência humana. Maria de corpo e alma na beatitude eterna ajuda a cada um a vencer as tragédias deste exílio terreno, triunfando da angústia existencial, da depressão, do desespero. Com efeito, ela quer que seus filhos mentalizem o que expressou São Paulo acerca da felicidade eterna, a saber, “o que nenhum olho viu, nem o ouvido escutou, nem passou pelo pensamento humano o que Deus preparou para aqueles que o amam” (1 Cor 2,9). Eis o que deve dar ânimo a seus devotos na pugna diária contra os embustes do demônio. A Mãe de Jesus está no céu, junta de Deus não isolada, mas unida à imensa multidão daqueles e daquelas que formam o Corpo Místico de Cristo. Uma multidão de batizados e de todos aqueles que, não tendo conhecido o Deus verdadeiro, são, contudo, artesãos da justiça e da paz, semeadores do verdadeiro amor. Eis aí verdades que a festa da Assunção relembra e que precisam continuamente ilunção de Maria aos céus vem então nos falar da beleza das realidades sobrenaturais. Beleza de Cristo Ressuscitado que recebe com pompa e solenidade sua Mãe em seu Reino. Beleza de Maria no seu total despojamento das ilusões terrenas, envolta, porém, na plenitude das graças divinas. Beleza de cada cristão que um dia entrará na glória sem fim da Casa do Pai, amparado que foi nesta terra por Aquela que, com Jesus, venceu todas as energias do mal e se apresenta diante nós, bela como a luz, radiante como sol, coroada de doze estrelas, aclamada por toda corte celeste, envolvendo a todos na mais reluzente esperança. * Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.

segunda-feira, 7 de agosto de 2017

CONFIANÇA TOTAL EM JESUS

CONFIANÇA TOTAL EM JESUS
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*

O episódio que narra Jesus caminhando sobre as águas apresenta fatos significativos (Mt 14,22-33).  Os apóstolos estavam na barca temerosos porque esta era açoitada pelas ondas. O terror deles chegou ao ápice porque não reconhecerm o Mestre divino e pensavam que estavam vendo um fantasma andando no meio de lago. Grande o afoitamento de São Pedro em querer logo chegar perto de Cristo. Com a permissão dele saltou do barco marchando por cima das ondas. Ele duvidou, começou a afundar e suplicou: “Senhor, salva-me!”. Foi salvo, mas repreendido. Entretanto, um final feliz: “Os que estavam na barca, ajoelharam-se diante de Jesus e proclamaram: “És verdadeiramente o Filho de Deus”. Os hermeneutas, desde os primeiros séculos, viram nesta barca agitada pelos ventos um símbolo da Igreja no meio das tempestades através dos séculos. É de se notar que quando São Mateus escreveu o seu Evangelho os cristãos estavam numa embarcação no mar agitado da oposição do Império Romano. Havia também a contra corrente do judaísmo e outras ondas revoltas orginárias do mundo greco-romano. Dificuldades específicas daquele contexto, mas que se repetiriam no decorrer de toda a trajetória da Igreja. Em nossos dias também o Reino de Deus sofre violências de toda parte por meio das mais horripilas invectivas do espírito do mal. Lamentável, inclusive, a falta de perseverança de tantos católicos aliciados por outras religiões. São as tempestades registradas pelo Evangelho. Jesus, contudo, a repetir constantemente aos que lhe são fiéis as mesmas palavras que disse aos apóstolos temerosos: “Tende confiança.  Sou Eu. Não temais”. Ele está a censurar  todo aquele tem um fé frágil como  a São Pedro lá no lago. A fé é a couraça do verdadeiro seguidor de Cristo contra a descrença e o descorajamento. No caso das intempéries é clamar como o Apóstolo: “Senhor, salva-me”. Confiança absoluta em Cristo, fonte de toda paz e fortaleza. Ele é, além disto, o médico divino que cura toda e qualquer enfermindade do corpo e da alma. Jesus domina sempre as forças do mal. Eis porque permitiu que Pedro fosse até ele passando pelas ondas encapeladas. O problema foi o Apóstolo duvidar e, por isto, se afogaria não fosse a intervenção poderosa de Cristo. O fato, contudo, é muito instrutivo. Por entre as intempéries de nossa marcha para a Casa do Pai é preciso saber enfrentar as dificuldades da vida com  olhos fixos em Jesus que pode resolver todos os problemas. Ele tem poder absoluto sobre a morte e qualquer calamindade. A barca da Igreja também é agitada por ventos contrários e ela tem que atravessar mares revoltos. Jesus, entretanto, fez uma promessa: “As portas do inferno jamais prevalecerão contra ela”. A Virgem Maria, mãe  desta Igreja e de cada um de nós, deixou o exemplo magnífico estando de pé junto da cruz de Cristo no Calvário sem se esmorecer. Morto seu divino Filho, ela sabia que viria a vitória sobre a morte com sua Ressurreição gloriosa. Maria a mostrar sempre que não há fracasso na vida  do cristão. No lago Jesus estava junto dos Apóstolos e a calma voltou a reinar. Sua presença delicada é penhor de triunfo sobre os males. Na agitação das ondas ninguém nada pode sozinho. Com Ele, porém, tudo é possível, todas as vitórias virão. Nele reside a plenitude da divindade. Ele tudo pode. Seu poder se manifesta na fraqueza do ser humano. São Paulo assim se expressou:” Somos atribulados em tudo, mas não oprimidos, perplexos, mas não desesperados, perseguidos, mas não abandonados, abatidos, mas não perdidos, pois  por toda parte levamos sempre no corpo os sofrimentos de Jesus para que também a vida de Jesus se manifeste em nosso corpo” (2 Cor 4,8-9). O importante é imitar os Apóstolos na barca e proclamar agradecidos: “ Ó Jesus, tu és verdadeiramente o Filho de Deus”.  Com Cristo todos os ventos contrários não causarão perturbações. A Igreja a vinte um séculos vem vencendo todos os seus inimigos, todas as insídias do maligno e nela os cristãos se mostram vitoriosos, perseverando na prática do bem, não obstante as fragilidades humanas, vencendo os elementos destruidores. Nenhum perigo os atemoriza, porque Jesus, como aconteceu com São Pedro, estende a mão e protege *  Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.