segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

O VERBO DE DEUS HABITOU ENTRE NÓS

O VERBO DE DEUS HABITOU ENTRE NÓS
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*

O nascimento do Menino Jesus foi uma novidade ímpar dentro dos acontecimentos históricos. Um encontro maravilhoso se deu então. Fulgurou a ternura de Deus para com a humanidade De fato, o anjo que apareceu aos pastores lhes deu a boa nova: “Não temais, pois vos anuncio uma grande alegria para todo o povo. Nasceu-vos hoje, na cidade de Davi, o Salvador que é o Cristo Senhor”. (Lc 2,11). Foi uma notícia que revolucionou profundamente a História que ficaria dividida como antes ou depois de Cristo. É que aquele Menino anunciado pelo mensageiro divino era o Esperado das nações predito pelos Profetas, Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Príncipe da Paz, o Emanuel, ou seja, o Deus conosco. Seu aparecimento neste mundo criou definitivamente um horizonte novo, definitivo e que nunca mais deixaria de marcar a trajetória humana nesta terra. Com Ele o júbilo e a luz brilharam neste mundo, afastando a tristeza e as trevas para todos que O recebessem através dos tempos com fé e amor. Para os pastores foi um extraordinário encontro (Lc 2,12). Entretanto, no futuro todos os que nele reconhecessem o Filho de Deus salvador O deparariam em todo instante de suas vidas. Isto nas mais variadas circunstâncias, como na Eucaristia, na figura de cada irmão. O inefável encontro dos Pastores com o divino Redentor se multiplicaria para o cristão que estivesse sempre a Ele aderido, nunca dele se afastando. Desde seu nascimento Jesus atrairia uma multidão de todo o mundo, como breve iria acontecer com a visita dos Magos, vindos do oriente. Sua luz atravessaria as fronteiras religiosas e sociais, garantindo aos que Lhe fossem fiéis uma eternidade feliz, dado que Ele veio para abrir as portas do Paraiso perdido. Além de tudo isto, o Natal é uma solenidade que envolve a todos na ternura de Deus que se manifesta no esplendor de uma criancinha deitada numa humilde manjedoura (Jo 1,16).  O Papa Francisco alertou que “não devemos ter medo da bondade, e mesmo da ternura”. É da imensa comiseração divina que o Presépio fala a toda a humanidade. Daí o motivo pelo qual se deve chegar até o Divino Infante envolto na mais total e absoluta confiança. Deus nos amou e habitou entre nós! Eis por que o Papa assim se expressou se referindo a Belém: “É lá que aparece a ternura de Deus, a graça de Deus”. Em Jesus, através de sua humanidade, o Criador toca o coração daquele que crê. Foi o mais maravilhoso estratagema amoroso que o Ser Supremo inventou para nos seduzir, para afastar todas as falsas imagens que dele se possa ter no que tange sua comiseração infinita. Então se compreende o que disse Santa Teresinha de Lisieux num momento de pulcra inspiração: “Eu não posso temer um Deus que se fez por mim tão pequenino. [...] Eu O amo, porque Ele não é senão amor e clemência”. No fundo é esta ternura de Deus a chave do mistério inexprimível do Natal. São João com toda razão pôde escrever: “Deus é amor” (1 Jo 4,8). Dado ter sido tão grande esta dileção divina, que devemos não apenas retribuir este amor, porque “amor com amor se paga”, mas ainda irradiar por toda parte a ternura de nosso Deus, amando-nos uns aos outros. O cristão deve ser por toda parte arauto daquela serenidade anunciada pelos anjos: “Glória a Deus no mais alto dos céus e paz na terra aos homens por Ele amados” (Lc 2,14). É necessário, realmente, penetrar no sentido grandioso do Natal, para que este fato possa  transfigurar nossas vidas, fazendo o mundo mais feliz. Aproximemo-nos de Jesus, mas deixemos também que Ele esteja bem próximo de nós, lá no íntimo de um coração sincero, numa forte adesão a Ele de todo nosso ser. É preciso que nossas opacidades, nossas fraquezas, nossas dubiedades não nos afastem do Natal. Cumpre lembrar sempre que a alegria natalina não é uma conquista humana, mas um dom de Jesus. Assim sendo, “alegremo-nos porque nasceu-nos o Salvador que é o Cristo Senhor”. [...] “O Verbo de Deus se fez carne e habitou entre nós e vimos a sua glória, como a glória do unigénito do Pai, cheio de graça e de verdade”. Entretanto cumpre que não nos esqueçamos  de que Deus se fez homem para que  os homens fossem mais humanos e para a todos mostrar o caminho da fraternidade que é fonte do júbilo e da paz que caracterizam o seu Natal * Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.

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