CONCEPÇÃO VIRGINAL DE JESUS
Côn.
José Geraldo Vidigal de Carvalho*
Após a figura de João Batista o Advento
nos lança na história de Jesus com a presença de José e de Maria (Mt 1,18-24).
São Mateus trata da origem, da ação de Deus quando na plenitude dos tempos, o
Verbo Eterno se encarnou e habitou entre os homens. Este Deus é Todo-Poderoso,
Senhor dos acontecimentos históricos na existência humana neste mundo. Maria já
estava desposada com José e antes de habitarem juntos ela, por ação do Espírito
Santo, havia concebido virginalmente Jesus. Ante a perplexidade de São José um
anjo vem e o põe a par dos planos salvíficos, pois Jesus salvaria a humanidade
de seus pecados. Enorme a felicidade de São José ao escutar as palavras do
embaixador divino: “Não temas receber contigo Maria tua esposa, pois o que nela
se gerou é obra do Espírito Santo”. Ficara então clara a iniciativa da
Providência de Deus. Na sua narrativa São Mateus, no início de seu evangelho,
teologicamente explica os fatos e mostra que Jesus veio a ao mundo na linhagem
de Davi: “Jacó gerou a José, o esposo de Maria, da qual nasceu Jesus que se
chama o Cristo” (Mt 1,16). Isto estava plenamente de acordo com a expectativa
do povo judeu e acontece por intermédio de São José que adota Jesus legalmente
como filho. Ele era o Messias prometido, nascido de uma virgem como havia
predito Isaías (Is 7,14) e pertencente à casa de Davi, graças a São José. O
nome que este deu ao menino era pleno de sentido, pois Jesus significa o
“Senhor que salva”. Era o Salvador que ofereceria uma libertação de ordem moral
e espiritual, promovendo a restauração do liame entre o homem e Deus. Na
verdade, uma libertação universal que se estenderia a todos os que pela fé se
tornariam filhos de Abraão. Era o Emanuel, o “Deus conosco”, Deus presente de
modo especial nos acontecimentos futuros. Tal seria a missão do divino
Redentor. Ele caminharia com aqueles que Ele redimiria, a saber, os
reconciliados com o Pai. Aliás, o próprio Jesus, depois de cumprir sua tarefa
salvadora, antes de sua ascensão aos céus, enviou os seus discípulos a todas as
nações, lhes disse: “E eis que eu estou convosco todos os dias até ao fim do
mundo” (Mt 28,20). Entretanto, se Jesus cumpriu inteiramente seu ministério
messiânico, grandes foram as lições que São José legou para os seguidores de
Cristo. Como ressaltou São Mateus ele era um homem justo, ou seja, correto,
santo. No sentido bíblico, uma pessoa coerente com sua fé, maleável às
inspirações divinas, inclinado por isto mesmo a fazer em tudo a vontade de
Deus, conformando-se aos seus desígnios. Eis por que logo que o essencial do
plano divino lhe foi revelado imediatamente ele recebeu sua esposa. Daí por
diante seria o custódio, o guarda de Maria e de Jesus. Como foi dito, devido a
ele, Cristo seria legalmente ligado á linhagem de Davi e em Jesus de Nazaré se
poderia reconhecer o Cristo de Deus, anunciado pelo profeta Isaías. A exemplo
de São José é preciso que todo cristão saiba acolher as iniciativas de Deus sem
O transformar para nós num mero satélite e sem O querer a nosso serviço. É o
ser humano que deve fazer girar sua vida em função de seu Senhor e estar sempre
adaptado a Ele. Muitos querem, por vezes, enquadrar Deus nos seus esquemas
mentais. Cumpre deixar este Deus agir na vida de cada um. José seria submetido
a outras provações como na fuga para o Egito, na perda do Menino Jesus em
Jerusalém, no seu labor humilde e cansativo na sua oficina em Nazaré, mas se
apresentou sempre com a mesma discrição e submissão aos intuitos celestes.
Inúmeros são aqueles que diante de situações difíceis para si, para a
comunidade em que vive, para a Igreja em geral, se desesperam e se revoltam. Intransigentes
não esperam a hora de Deus, rezando e fazendo com discrição o que está a seu
alcance para solucionar os problemas. Deste modo os conflitos familiares, no
setor de trabalho, nos momentos de diversão, seriam mais facilmente
superados. Por vezes não há discernimento
dos fatos e solidariedade com os outros. Falta-lhes a maneira de agir de São
José. Na preparação para o Natal tudo isto deve ser considerado, operando uma
mudança de mentalidade para que frutuosas sejam as graças natalinas. Peçamos então
a São José que com Maria nos acompanhe até o Presépio e no dê a graça de corresponder às inspirações divinas
para sermos salvos por Jesus, o Emanuel, o Deus conosco. * Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.
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