terça-feira, 13 de dezembro de 2016

CONCEPÇÃO VIRGINAL DE JESUS

CONCEPÇÃO VIRGINAL DE JESUS
                                               Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*

Após a figura de João Batista o Advento nos lança na história de Jesus com a presença de José e de Maria (Mt 1,18-24). São Mateus trata da origem, da ação de Deus quando na plenitude dos tempos, o Verbo Eterno se encarnou e habitou entre os homens. Este Deus é Todo-Poderoso, Senhor dos acontecimentos históricos na existência humana neste mundo. Maria já estava desposada com José e antes de habitarem juntos ela, por ação do Espírito Santo, havia concebido virginalmente Jesus. Ante a perplexidade de São José um anjo vem e o põe a par dos planos salvíficos, pois Jesus salvaria a humanidade de seus pecados. Enorme a felicidade de São José ao escutar as palavras do embaixador divino: “Não temas receber contigo Maria tua esposa, pois o que nela se gerou é obra do Espírito Santo”. Ficara então clara a iniciativa da Providência de Deus. Na sua narrativa São Mateus, no início de seu evangelho, teologicamente explica os fatos e mostra que Jesus veio a ao mundo na linhagem de Davi: “Jacó gerou a José, o esposo de Maria, da qual nasceu Jesus que se chama o Cristo” (Mt 1,16). Isto estava plenamente de acordo com a expectativa do povo judeu e acontece por intermédio de São José que adota Jesus legalmente como filho. Ele era o Messias prometido, nascido de uma virgem como havia predito Isaías (Is 7,14) e pertencente à casa de Davi, graças a São José. O nome que este deu ao menino era pleno de sentido, pois Jesus significa o “Senhor que salva”. Era o Salvador que ofereceria uma libertação de ordem moral e espiritual, promovendo a restauração do liame entre o homem e Deus. Na verdade, uma libertação universal que se estenderia a todos os que pela fé se tornariam filhos de Abraão. Era o Emanuel, o “Deus conosco”, Deus presente de modo especial nos acontecimentos futuros. Tal seria a missão do divino Redentor. Ele caminharia com aqueles que Ele redimiria, a saber, os reconciliados com o Pai. Aliás, o próprio Jesus, depois de cumprir sua tarefa salvadora, antes de sua ascensão aos céus, enviou os seus discípulos a todas as nações, lhes disse: “E eis que eu estou convosco todos os dias até ao fim do mundo” (Mt 28,20). Entretanto, se Jesus cumpriu inteiramente seu ministério messiânico, grandes foram as lições que São José legou para os seguidores de Cristo. Como ressaltou São Mateus ele era um homem justo, ou seja, correto, santo. No sentido bíblico, uma pessoa coerente com sua fé, maleável às inspirações divinas, inclinado por isto mesmo a fazer em tudo a vontade de Deus, conformando-se aos seus desígnios. Eis por que logo que o essencial do plano divino lhe foi revelado imediatamente ele recebeu sua esposa. Daí por diante seria o custódio, o guarda de Maria e de Jesus. Como foi dito, devido a ele, Cristo seria legalmente ligado á linhagem de Davi e em Jesus de Nazaré se poderia reconhecer o Cristo de Deus, anunciado pelo profeta Isaías. A exemplo de São José é preciso que todo cristão saiba acolher as iniciativas de Deus sem O transformar para nós num mero satélite e sem O querer a nosso serviço. É o ser humano que deve fazer girar sua vida em função de seu Senhor e estar sempre adaptado a Ele. Muitos querem, por vezes, enquadrar Deus nos seus esquemas mentais. Cumpre deixar este Deus agir na vida de cada um. José seria submetido a outras provações como na fuga para o Egito, na perda do Menino Jesus em Jerusalém, no seu labor humilde e cansativo na sua oficina em Nazaré, mas se apresentou sempre com a mesma discrição e submissão aos intuitos celestes. Inúmeros são aqueles que diante de situações difíceis para si, para a comunidade em que vive, para a Igreja em geral, se desesperam e se revoltam. Intransigentes não esperam a hora de Deus, rezando e fazendo com discrição o que está a seu alcance para solucionar os problemas. Deste modo os conflitos familiares, no setor de trabalho, nos momentos de diversão, seriam mais facilmente superados.  Por vezes não há discernimento dos fatos e solidariedade com os outros. Falta-lhes a maneira de agir de São José. Na preparação para o Natal tudo isto deve ser considerado, operando uma mudança de mentalidade para que frutuosas sejam as graças natalinas. Peçamos então a São José que com Maria nos acompanhe até o Presépio e no dê  a graça de corresponder às inspirações divinas para sermos salvos por Jesus, o Emanuel, o Deus conosco. * Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário