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FICAI CONOSCO
Côn. José Geraldo Vidigal de
Carvalho
Dois homens num rota de subúrbio (Lc
24,13-35). Dois homens que nos parecem como irmãos, mas dois crentes que
viveram antes de nós a ventura da fé. Tudo começa para eles por uma sublime iniciativa
de Jesus. Eles esperavam, entretanto agora não esperam mais. A libertação
política de Israel não se dera: o profeta Cristo estava morto sem resistência ao
suplício reservado aos criminosos, em algumas horas, nas porta da cidade; era o
fracasso em todo sentido, pois a morte vencera uma vez mais. Bem que houvera
uma réstea de esperança: mulheres do grupo pretendiam que Jesus estava vivo.
Tudo que se sabia era que o túmulo estava vazio: alguns foram até lá, mas Ele,
o divino Mestre, não O tenham visto. Eis o que pode acontecer a cada um de nós.
Nós ouvimos falar do Ressuscitado, nós acolhemos o testemunho da comunidade de
Jesus, mas Ele nós não O vemos. Nós O cremos longe, dia após dia, porém. Ele
toma conosco a iniciativa do diálogo. Esta iniciativa de amor tomada por Jesus
torna possíveis o reencontro e o reconhecimento progressivos. O desconhecido
que se junta aos dois discípulos não os cega com sua glória, como São Paulo
ficara cego no rota de Damasco, nem lhes mostra suas mãos e seus pés. Ele não
lhes dá uma evidência fácil, mas os incentiva a escutar uma palavra já dita por
Deus. Uma palavra que comenta divinamente a história de Jesus de Nazaré e que
revela o sentido do que havia ocorrido. Aprouve
a Deus salvar o mundo pela loucura da Cruz, reservando a Jesus o destino
misterioso de Servidor sofredor; mas a loucura de Deus é a suprema sabedoria
para a salvação dos homens. Para a feliz redenção. Todo ao longo do caminho está
catequese de Jesus modifica o olhar dos discípulos, mas eles não percebem imediatamente
o calor de seu coração, nem a claridade que penetrou neles. Eles vão
compreender pouco a pouco. Eles têm suficiente sede da luz para possuir Aquele
que a oferece, mas eles não o reconhecerão senão no momento em que a liturgia
da palavra brilhará na fração do pão, no momento da palavra que os introduzirá
no sacramento, mistério da amizade. Amizade que se torna o convite e o
convidado oferece em partilha sua própria carne. Este momento, porém, momento
supremo é aquele da separação. Como Maria Madalena os dois homens de Emaús
devem perceber a presença na ausência, penetrando fundo na palavra do amigo.
Não se trata de ver, de tocar, de sentir a proximidade, mas trata-se, pela
palavra e pelo sacramento, de se penetrar profundamente na vida do
ressuscitado. Assim, a iniciativa de
Cristo se abre uma vez mais a um reencontro pessoal e vivificante com Ele.
Entretanto, imediatamente este diálogo com o Ressuscitado se desdobra em missão
e em testemunho. Eles tinham partido dando as costas à cidade do fracasso, abandonando
os irmãos em sua solidão. Tendo, porém, encontrado Jesus, ele retornam de
imediato para a comunidade que tinham abandonado. Eles tinham fugido da fraternidade desamparada,
fixado sobre a lembrança de um morto, mas agora eles encontraram o Vencedor da
morte eles se tornam para sempre solidários daqueles que creem em Jesus
ressuscitado. Voltaram a Jerusalém e encontraram reunidos os Onze e os que
estavam com eles. Belas lições desta passagem dos peregrinos de Emaús. Da
decepção passam eles para o júbilo mais esfuziante ante o encontro com Jesus.
De tristes e sem coragem, se tornam vibrantes, entusiastas comunicativos, pois
viram o Messias que devia salvar Israel e toda a humanidade. Note-se que Jesus
chegou a eles lá onde eles menos o esperavam, ou seja, no meio de seu caminho, no
meio de seu desespero. Estavam centrados na sua decepção, no seu sofrimento
pessoal, a ponto de não reconhecerem de pronto o Senhor. Seus olhos estava
obnubilados e não viram Jesus. Estes teve toda paciência e perseverança para os
fazer compreender o que havia de acontecer e, de fato, ocorreu. Jesus caminhou
com eles, chegou até um vilarejo e fez que ia continuar o caminho e sabia bem
que nesse momento seus corações estavam tocados e que eles tinham desejo de
saber mais, de falar mais com Ele. Jesus teria podido entrar diretamente com
eles na casa, mas lhes ofereceu a ocasião de O convidar para isto. Jesus não se
impõe, ele se propõe! É o discípulo que deve desejar estar perto dele. Ele
respeita sempre a liberdade humana de seu seguidor. Ele então pôde se revelar
na fração do pão, porque os seus coações então estavam preparados. Eles estavam
descentralizados de si mesmos e podiam receber a verdade da presença de Deus.
Eles estão agora prontos para reconhecer o Senhor ressuscitado. Jesus pôde
então desaparecer porque sua presença estava viva pela fé no fundo de seus
coações. Esta verdade, esta Boa Nova é então fonte de profunda alegria e eles
vão ser arautos de tudo isto. Este episódio deve tocar profundamente nossa vida
espiritual com todas essas mensagens. Jesus está presente na Hóstia consagrada
e cumpre viver esta realidade em plenitude, vivificando com ela a nossa vida
diária. Como os discípulos de Emaús digamos sempre a Jesus “ficai conosco Senhor
Jesus” Professor no Seminário da Mariana
durante 40 anos.
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