quinta-feira, 4 de agosto de 2022

 

JESUS VEIO ATEAR FOGO SOBREA TERRA

Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*

Como Jesus vislumbrava sua missão nesta terra está bem sintetizado no Evangelho de hoje (Lc 12, 49-53), no qual aparecem palavras relevantes do Mestre divino. A primeira é a imagem do fogo: "Eu vim lançar fogo sobre a terra e que mais desejo senão que ele já esteja ateado?” De acordo com os antigos profetas de Israel o fogo evocava o julgamento de Deus no fim dos tempos. Aqui, porém, se trata de outro aspecto, porque João Batista tinha anunciado a respeito de Jesus: “Ele vos batizará no Espírito Santo e no fogo”, fato que iria se realizar no dia de Pentecostes, quando Jesus ressuscitado O enviaria em línguas de fogo sobre seus discípulos reunidos no Cenáculo. Foi então que, segundo São Lucas, “ficaram todos repletos do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas, conforme o mesmo Espírito Santo lhes concedia que exprimissem” (Atos 2,3) O incêndio de Jesus neste mundo é, portanto, o fogo do Espirito Santo, purificando tudo, abrasando tudo, iluminando todos os homens. Tudo isso graças à palavra levada até o fim do mundo pelas testemunhas do Evangelho. Jesus dizia: “E que mais desejo eu, se este fogo já está ateado”? A este anelo de Cristo devemos responder pessoalmente, porque o fogo de Jesus arde em nós depois de nosso batismo até a hora de nossa morte. A este desígnio divino precisamos corresponder pessoalmente. De fato, depois que o Pai   pôs em nós no dia do batismo o selo de seu Espírito, Ele deve arder em nós como todos os fogos que abrasam e crépida. Desta imagem do fogo Jesus passa para a figura da água: “Num banho devo ser imergido e que ânsia que eu sinto até que ele se realize!”  O batismo é um mergulho na água em vista da purificação. Entretanto, Jesus já havia sito batizado por João Batista no Jordão e, além disto, Ele nunca teve necessidade de qualquer limpeza espiritual, Ele que era o Santo de Deus. É que, na verdade, o mergulho que Jesus entrevia era, porém, uma imersão nas águas do sofrimento. Ele percebia que breve ocorreria a Paixão que o iria submergir nas grandes águas de terríveis tormentos, a Ele o justo para que fosse purificado todo o gênero humano. Ele ansiava que este batismo fosse cumprido. Deste modo, se realizariam os intentos do Pai, pois sua dolorosa Paixão e Morte dariam a vida eterna a todos os homens. Além disto, ele mesmo o próprio Filho de Deus deste modo mundo era um pensamento familiar a Jesus.  No episódio envolvendo Tiago e João Jesus Lhes pergunta se eles seriam capazes de O seguir até o martírio. Deste modo Jesus deixava claro que pagara purificar este mundo com o fogo do Espírito Santo ele mesmo devia passa pelo batismo dos sofrimentos. Quanto a seus seguidores Ele deixaria claro: “Se alguém quiser ser meu discípulo renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e me siga”. É assim que se pode compreender outra palavra misteriosa de Jesus: “Julgais que eu vim estabelecer a paz nesta terra? Não, mas vim estabelecer a divisão”. É que no caminhar terreno se Jesus incita a paz, por vezes, por entre as incompreensões as lutas diárias a fidelidade a Cristo deve superar todas esta dificuldades e os discípulos de Jesus tantas vezes são incompreendidos, rejeitados mesmo entre os que lhe são caros.  Muitas vezes se deve sair de um certo conforto espiritual optando pela total aldesão ao Mestre divino. Torna-se por vezes o cristão sinal de contradição que não é intransigência nem mau humor mas umaquestão de coerência no total seguimento do Filho de Deus. Este exige sempre correção em tudo e não admite qualquer falsidade. Deste modo o engajamento em Cristo até à cruz para a salvação dos homens deverá corresponder à coragem do batizado em testemunhar sua completa adesão a Ele, sendo para todos e em tudo modelo de uma completa fidelidade a seu Senhor antes de tudo e de todos. Belas lições do Evangelho de hoje. Ser cristão não é ter uma vida isenta de sofrimento, mas é ter uma vida na qual se ame a Deus e aos outros mais do que a si mesmo. Ser cristão é viver o desafio do amor no coração de nosso mundo. É deste modo que o Espírito Santo, que é verdade, chama à santidade. Este Espirito Santo, fogo devorador   no fundo de cada coração * Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.

 

 

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