quinta-feira, 28 de abril de 2022

 

21 APARIÇÃO DE JESUS JUNTO AO LAGO DE TIBERÁDES (Jo 21,1-19)

Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*

A fé dos Apóstolos, após a Paixão e Morte de Jesus, ainda que Ele já tivesse duas vezes aparecido a eles reunidos no Cenáculo, era, porém, uma fé ainda bem tímida. Viviam instantes de acabrunhamento. Estavam junto do lago de Tiberíades e Pedro disse: “Vou pescar “. Foi uma atitude sábia, porque nas horas de incerteza é de bom alvitre continuar a praticar as tarefas cotidianas que vinham sendo feitas habitualmente. Isto é psicologicamente benéfico para desanuviar os pensamentos tenebrosos. Pedro percebeu que a inação era sumamente prejudicial. Os que estavam com ele resolveram fazer aquela atividade e afirmaram”: “Nós iremos também contigo”. Deste modo, encontravam no trabalho da pesca em equipe os automatismos aos quais se tinham habituados.  Um louvável dinamismo corporal com reflexos no espírito de cada um. Entretanto, inicialmente, nada conseguiram pescar, Ao amanhecer, porém, Jesus lhes apareceu e como dissessem a Ele que nada tinham para comer, seguiram a orientação recebida e lançaram a rede para o lado direito do barco e enorme foi a quantidade de peixes que conseguira apanhar. Então Pedro asseverou: “É o Senhor!”. Em seguida, Jesus iria conferir a ele o primado, após a tríplice profissão de amor: “Senhor, tu. Sabes que eu te amo”. Amar Jesus é um   itinerário no qual tudo se faz para agradar a Deus, uma ação constante de um verdadeiro seguidor do Filho de Deus em qualquer circunstância da vida, ou seja, na alegria ou na tristeza, com ânimo, com coragem e perseverança sem tergiversações. É saber distinguir o lugar que Deus nos quer num   apostolado firme e sincero, numa maneira de agir plena de entusiasmo pelo bem que deve ser realizado, deixando Cristo conduzir pela mão para onde Ele o quiser. Foi o que aconteceu depois com Pedro e os demais apóstolos robustecidos com a fé no divino Ressuscitado. O tempo da Ressurreição deve nos levar à alegria da total adesão a tudo que Cristo ensinou e confirmou com sua vitória sobre a morte Pedro se tornou   o cooperador de Jesus para levar muitos para uma maneira nova de viver. Tratava-se de apascentar o rebanho de Jesus, este Jesus a quem Pedro confessou um amor sem limites, tendo acolhido uma notável missão de chefiar a Igreja do divino Redentor. É de se observar que inicialmente é Jesus quem indaga se os a apóstolos tinham algo para comer. No entanto, são os pescadores que depois são convidados a se alimentar. Cumpre estar sempre atentos às mensagens divinas cheias de significação para uma contínua melhoria de vida. O ato de fé de Pedro, sua tríplice manifestação de amor, o primado que lhe é conferido mostram como as atitudes humanas sinceras operam maravilhas, pois para Deus o que vale é a sinceridade do coração.    Tudo isto se deu às margens do lago de Tiberíades. É preciso saber encontrar a Deus junto às margens de nossa caminhada neste mundo. Foi assim desde o começo, depois que Criador disse que faria o homem a sua imagem e semelhança. Somos filhos de Deus e esta maravilha nos deve iluminar a marcha neste mundo. É esta condição de filhós que Jesus veio viver em carne e osso no meio dos seres humanos.  Deus é aquele que reparte seus dons através de Jesus Cristo. Ele é a luz que ilumina todo aquele que vem a este mundo e opera maravilhas como se deu às margens do lago de Tiberíades. O principal é fazer como Pedro, ou seja, reconhecê-lo como o Senhor e acatar tudo que ele desejar que cada um de nós realize nesta terra.  Então sim, se poderá participar dos dons divinos, É Jesus quem nos mostra a alta dignidade de ser filhos do Pai que está nos céus.  O cristão deve ser então luz que ulminas este mundo   A Pedro Jesus confiou uma altíssima tarefa, mas a cada um de nós ele dá uma determinada missão a cumprir para o bem da Igreja e do próximo.   Deus, porém, oferece sempre a sua graça e é Ele quem por Jesus opera as maravilhas visando o bem dos irmãos Bem podemos avaliar a alegria de Pedro e dos outros apóstolos após esta terceira aparição de Cristo Ressuscitados operando tantas maravilhas. É preciso sempre ter olhos, para enxergar a presença de Jesus que ressuscitou dos mortos.  Este Jesus que afirmou estar no meio dos seus seguidores quando estes estão reunidos em seu nome. Estejamos portanto atentos, vigilantes, aos menores detalhes que marcam sua presença entre nós. Acatá-lo, porém, pois toda iniciativa parte dele como acabamos de ver neste episódio do Evangelho. Jesus estará sempre perto de nossa barca. O que viermos receber será não fruto de nossos esforços, mas da generosidade do Mestre divino, o qual inclusive serviu a refeição aos apóstolos. Admirável foi o diálogo de Jesus com Pedro. Ele quer sempre conversar com cada um de nós, mas é preciso estar disponível para escutá-lo e fazer o que Ele determinar. Belas lições a serem praticadas! Tudo isto nos deve levar a compreender o estilo de Jesus e a tirar lições objetivas para nossas vidas de seguidores dele. Ele nos quer santos e irrepreensíveis (Ef 1,4) para que caminhemos á maneira dele, crescendo sempre espiritualmente. O que Deus ordena a cada um a este Ele dá a graça para agir segundo sua santa vontade. Ele quer sempre o melhor para cada um que deve andar como filhos da luz, como seus representantes. * Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.

sábado, 23 de abril de 2022

 

A MISERICÓRDIA DIVINA

Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*

Coube ao Papa São João Paulo II fazer deste segundo domingo da Páscoa   o domingo da Misericórdia divina (Jo 20,19- 31). Se é verdade que esta misericórdia sempre esteve no centro do mistério cristão, a canonização no ano de 2000 da Irmã Faustina Kowalska trouxe a lume a urgência de se implorar o dom desta comiseração em nosso mundo marcado por tantas tragédias.  Asseverou a citada santa “que a humanidade não encontrará a paz enquanto ela não se dirigir com confiança à misericórdia divina”. O Papa sublinhou que a clemência divina nos ajuda a enfrentar três grandes dificuldade que deparamos na nossa vida cristã.  A primeira dificuldade é compreender plenamente o mistério pascal sobretudo o da ressurreição, Com efeito, muitos cristãos são tentados a seguir o apóstolo Tomé dizendo: “Se eu não vir, eu não acreditarei”!  Cada um de nós recorda esta experiência a partir do Evangelho de hoje. Nossa incredulidade, contudo, surge por causa de uma postura errônea, pois queremos abordar a verdade revelada antes de fazer nela um ato de fé, Devemos pedir como os Apóstolos “Senhor, aumenta a nossa fé” (Lc 17,5). O encontro entre Jesus e Tomé narrado no Evangelho de hoje manifesta o dom da misericórdia divina que permitiu ao Apóstolo uma atitude correta. Depois de ser convidado por Cristo a colocar seu dedo nas suas chagas e sua mão no seu lado transpassado, Tomé entrou na plenitude da confissão de uma fé sincera dizendo: “Meu Senhor e meu Deus”.  Confessando a humanidade e a divindade de Jesus, Tomé não admitiu somente o que viu, mas também o que ele acreditou. “Bem-aventurados, porém, os que não viram e creram.”  Santo Agostinho deixou então esta reflexão: “É preciso crer para compreender, mas a partir daí é necessário compreender para crer”.  A segunda dificuldade apontada pelo Papa é descobrir que não é fácil viver como cristão. Muitos têm o desejo de poder chegar à ressurreição gloriosa, mas se esquecem que cumpre passar pela cruz, como ocorreu com Jesus. Ele foi claro:” Se alguém quer vir após mim, tome a sua cruz e siga-me”.  São Pedro evoca esta dimensão falando do dom da fé que abre a uma bela esperança, mas também aos desgostos. Diz ele: “Por isto exultais, embora sofrendo um pouco por hora, se necessário, diversas provações, para que a genuinidade de vossa fé, muito mais estimável do que o ouro que, apesar de efêmero, acrisola-se pelo fogo, resulta digna de louvor, de glória e de honra, quando aparecer Jesus Cristo (1Pd 1, 6-8). Trata-se, realmente, de uma absoluta fidúcia no Senhor Onipotente. Vemos no Evangelho de hoje que Jesus é sumamente paciente com seus discípulos tão lentos em crer, uma vez que os escolhe de novo e os envia em missão: “Assim como o Pai me enviou eu vos envio”. Soprou sobre eles o Espírito Santo e fez deles os fundamentos da Igreja e da presença da clemência divina. Ser fiel a esta vocação leva a descobrir o mistério do sofrimento. Uma mensagem universal, pois a vereda do padecimento e do silêncio é importante para o seguidor do Ressuscitado.  Entretanto, a terceira dificuldade encontrada na vida do cristão não é menos importante.  Esta dificuldade surge na nossa maneira de responder a essa questão: “Tudo isto, no fundo, não é muito belo para ser verdadeiro?” Responder a isto corretamente é entrar maravilhosamente no dom da indulgência divina. Jesus, convidando Tomé a tocar suas chagas e seu lado aberto pela lança, não se contentou em lhe mostrar a realidade de sua ressurreição, mas o levou a entrar numa contemplação mais profunda. O Sagrado Coração de Jesus é verdadeiramente uma fonte inesgotável de luz e de verdade, de amor e de perdão, conduzindo à verdadeira vida, a vida eterna. Eis aí a sublime verdade, ou seja, Jesus não cessa de querer que partilhemos sua imensa dileção. Deus quer que imensamente O amemos, lembra São João Paulo II, a fim de nos fazer entrar na vida verdadeira, Ele faz de nós pobres pecadores os convidados ao festim das bodas do Cordeiro. Cumpre então procurar, acima de tudo e sobretudo, conhecer Jesus Cristo presente em nós e no meio de nós que devemos acolher maravilhosamente suas superabundantes graças, fontes da verdadeira luz, e levar a muitos à participar destes eflúvios da misericórdia divina. A divina misericórdia favorece, deste modo, maravilhosamente, a abertura à alegria e à esperança desse tempo pascal. Isto porque a divina misericórdia não é somente uma lembrança, mas deve ser uma norma de vida Deve guiar nossa existência de cristãos que confiamos estar em harmonia com o Coração de Cristo “rico em misericórdia, *. * Professor o Seminário de Mariana durante 40 ano

quarta-feira, 20 de abril de 2022

 

A RESSURREIÇÃO DE JESUS E UM APELO À RENOVAÇÃO ESPIRITUAL

Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho8*

As primeiras aparições de Jesus ressuscitado narradas pelos evangelistas robustecem as alegrias do dia da Páscoa (Luc 24,1-12), O testemunho de nossos primeiros irmãos na fé nos oferece uma preciosa ajuda para que possamos receber com intenso jubilo o divino Vitorioso sobre a morte o que ressuscitou imortal e impassível. Cumpre receber Jesus triunfante que não cessa, com paciência e disponibilidade, de vir aos corações dos fiéis envolvendo no gaudio suas existências. Várias atitudes podem nos ajudar a entrar na relação com Aquele que nos oferece seus dons celestiais e que faz novas todas as coisas. Aquelas mulheres que foram ao sepulcro de Cristo estavam ainda sob o influxo da violência com que trataram o divino Redentor e se achavam, de fato, assombradas por tudo que havia acontecido a Jesus. Apesar de tudo, estavam possuídas por uma atitude de confiança Um belo exemplo para a vida de todos os cristãos ao se levantarem em um novo dia e, no seu ocaso, todas as ações oferece a seu Senhor. Tudo isto demonstrando absoluta confiança na ação divina. Notável indagação do anjos àquelas que encontraram o túmulo vazio: “Porque procurar o Vivo entre os mortos?”. Por entre as dificuldades do dia a dia não se deve deixar levar pelas perturbações, eis aí uma grande lição a se tirar deste episódio.   Ante as tribulações que fazer? A solução é simples e nos ‘é oferecida por este texto. Cumpre analisar os fatos com calma e não se deixar possuir pelos males passados, mas aguardar com tranquilidade as ações divinas com segura expectativa, pois o porvir será luminoso e é necessário se preparar para recebe-lo com proveito espiritual. Os anjos anunciam então uma boa nvoa àquelas mulheres “Ele não está aqui, mas ressuscitou”. Para Deus nada é impssíve! Elas acreditaram e forma anunciar o maravilhoso acontecimento da Ressurreição do Senhor Àquele anúncio Pedro quis compreender a situação e correu logo ao sepulcro. Era o chefe que queria estar bem certo do que estava ocorrendo. Era um responsável e vai constatar o acontecimento. Foi e verificou simplesmente o que lhes fora dito sobre o sepulcro vazio.  Ele foi sozinho e pouco apreendeu. Uma outra boa lição, ou seja, o cristão não deve fazer nada sozinho Deve abrir-se à palavra fraterna e participar dos fatos envolvendo os irmãos. Abrir-se aos planos de Deus e tentar melhor compreender as ações providenciais de um Deus todo poderoso. Páscoa reserva assim muitos ensinamentos. Ser confiante, contemplar e vivenciar a profundidade do sublime mistério. O sepulcro de Cristo estava, de fato, vazio e é preciso ter os ouvidos e o coração abertos para deixar a fé entrar e crescer. Cumpre crer em plenitude todas as grandezas da Ressurreição do Mestre divino. Jesus havia falado de sua ressurreição, mas os discípulos não haviam ainda captado a plenitude desta mensagem sublime.  Daí a decepção ante o túmulo vazio! É certo que havia já ocorrido a ressurreição de Lázaro, mas Lázaro devia morrer um dia. Jesus, contudo, ressuscitará e não mais seria tomado pela morte e nem sofreria doravante tormentos humanos. É preciso, portanto, refletir o que realmente significa para nós a Ressurreição de Jesus e sabermos se nós vivemos ressuscitados com Ele. Assim sendo, a solenidade da Páscoa deve levar a todos a profundas inquisições, para que o mistério da Ressurreição de Jesus seja vivido plenamente, dado que esta Ressurreição está no coração da fé do cristão. Como o afirma são Paulo, “Se Cristo não ressuscitou, é vã a nossa pregação, e também é vã a vossa fé “( ! Cor 15, 14).  O túmulo vazio preludiou a verdade basilar da fé cristã e o fundamento da Igreja.  Aqueles que depararam com o túmulo vazio chegaram a esta fé pascal apesar de não terem assistido ao fato mesmo da Ressurreição de Jesus, mas cuja fé pôde qualificar um acontecimento real e histórico. A crença pascal pôde nascer no coração dos Apóstolos que se tinham dispersados no momento da crucifixão.  Depois, as aparições de Jesus confirmariam a fé que começou diante do túmulo vazio. * Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.EIÇÃO DE JESUS  É UM APELO À  RENOVAÇÃO ESPIRITUAL

quinta-feira, 14 de abril de 2022

 

16 ANTES DE PADECER DESEJEI COMER ESTA PÁSCOA

Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*

Depois de aclamar Jesus com nossos ramos, o Evangelho de sua Paixão e Morte dá início à mais uma Semana Santa. São Lucas deixou claro o desejo de Jesus de estar com seus discípulos:” Eu desejei ardentemente comer convosco esta páscoa, antes de padecer” (Luc  22,14-23). Na última ceia Ele oferece sua vida que na cruz entregaria. Jesus é, de fato, o verdadeiro Cordeiro que oferece sua vida pela salvação de todos os homens. Com seu desejo ardente Ele nos oferece seu derradeiro testamento, a saber, a divina Eucaristia. Realiza maravilhas: na sua ação de graças, oferece seu Corpo e Sangue e garante sua presença contínua junto aos seus. Tudo isto devendo levar a um anelo ardente de uma ardente adoração a Ele presente no Sacramento da Eucaristia. Todos os atos da Grande Semana recordam como Jesus é verdadeiramente o Filho de Deus que nos ama e santifica, demonstrando um amor que foi até o fim Como asseverou São João Maria Vianey, o Cura d” Ars” Morrendo amando e amando morrendo”. Ele veio para livrar os homens do mal e nossa alegria é enorme ao contemplarmos com que simplicidade Ele entrou em Jerusalém para cumprir sua sublime missão. Ele se fez um de nós, conhecendo neste mundo os sofrimentos humanos, entre os quais a violência que se multiplicaria em tantos lugares deste mundo. Por tudo isto também depositamos nele nossa mais absoluta confiança, procurando retribuir com muito amor tudo que Ele sofreu, fruto de sua imensa dileção. Jesus é verdadeiramente nosso Rei, mas Ele reina pela Cruz. Nesta Semana Santa é preciso aclamar Jesus, louvando-O em seu caminho de sofrimento e de abatimento, acolhendo todas as mensagens destes dias abençoados. Demos a Ele um amor incondicionado. Estejamos dispostos a ir com Ele sem O negar como fez São Pedro, negando-O três vezes! São Pedro não era o mais fraco de todos, mas representava a todos nós em nossas fragilidades. Jesus, porém, quer ir além das mesmas para sempre nos perdoar. Ele é o Emanuel, Deus conosco em todas as circunstâncias de nossas vidas, pois em todas elas Ele se acha ao nosso lado. Que quer então o Pai? Que nenhum de nós se perca (Jo 6, 37-40). A vontade de Deus é participar de todos os sofrimentos humanos, de toda tristeza do homem, para disto o arrancar, amenizando seus padecimentos. Jesus não é um dominador, mas o servidor que tudo transfigura a bem de suas pobres criaturas humanas. Cumpre, porém, se identificar com Cristo sofredor nele crendo fielmente. Ser cristão é estar unido a Jesus sofredor, abrindo-se cada um à contemplação de suas dores e isso conduz fatalmente à união com Ele, à humildade, esvaziando-se cada um de si mesmo. Sobretudo na Semana Santa cumpre contemplar aquele que se fez servidor e escravo, aquele que veio dar sua vida em paga pelos pecados de uma multidão, Ele é Senhor para a glória de Deus Pai. Seu caminho feito de humildade é bem aquela vereda de um rei que perdoou os que o maltratavam, um rei que oferece a todos um futuro feliz, uma senda de vida e, por isto, Ele se entregou a tão terríveis sofrimentos e cabe, por isto, a nós nos entregarmos a Ele com toda a sinceridade de nosso coração. Na Semana Santa contemplamos que a missão de Cristo foi inteiramente cumprida, mas Ele morrerá, triunfando completamente da morte.  Esta questão do triunfo de Jesus, não obstante tantos sofrimentos, é porque Ele é um rei sofredor, mas vitorioso sobre a morte, como sua ressureição mostrará claramente. Cumpre então aguardar as alegrias do próximo domingo da Pascoo do Senhor.  Coloquemos nossos passos nos passos de Cristo sofredor para podermos conhecer o júbilo de seu triunfo.  Deste modo a Semana Santa será verdadeiramente frutuosa com a conversão e a presença de Jesus em cada um de nós. Exploremos ao máximo toda riqueza espiritual que o Tríduo Pascal nos oferecerá. A quinta feira santa com a memória da eucaristia e do sacerdócio. A sexta feira. Santa consagrada à prece e ao jejum faz memória da morte da paixão de Cristo. O sábado santo, o dia de se aguardar em santa expectativa as alegrias da Ressurreição de Jesus, Deus vivo e verdadeiro fonte de toda a vida. * Professor no seminário de Mariana durante 40 nos.

 

quinta-feira, 7 de abril de 2022

 

15 A MISERICÓRDIA DE JESUS

Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*

O episódio da mulher adúltera ostenta, ainda uma vez, a notável misericórdia de Jesus, que, como admirável 0tornes a pecar” (Jo 8, 1-15). Como de costume, quando o Filho de Deus vinha a Jerusalém, assentado no adro do Templo, Ele se punha a ensinar a multidão que o cercava. Desta vez, bruscamente, Ele foi interrompido por um grupo de escribas e de Fariseus, que lhe trazem uma mulher surpreendida em adultério. Lembram então ao Mestre divino que Moisés ordenou que se apedrejasse tais mulheres e indagam “Tu que dizes?”. Uma armadilha bem armada, pois se Jesus respondesse que a deixassem ir em paz, seus interlocutores o acusariam de contradizer a Lei mosaica. Se Jesus a deixasse que ela fosse punida até a morte, Ele estaria indo contra a autoridade romana a quem estava reservada naquela época, todas as execuções capitais. Daí ser capciosa a indagação que lhe fizeram: “Que dizes tu”? A resposta não veio. Jesus se abaixou e escrevia no chão sem olhar a ninguém como que absorvido em seus pensamentos. Ao redor dele os Fariseus começavam a se enervar. Jesus então falou: “Quem dentre vós jamais cometeu pecado, atire-lhe a primeira pedra”.  Resposta maravilhosa vindo da sabedoria do Filho de Deus! Jesus de novo se abaixou para escrever no chão e seus interlocutores, a começar dos mais velhos foram saindo ficando Jesus a sós com a mulher e não a condenou, mas recomendou que ela não voltasse a pecar. Que então ela renunciasse à sua paixão desregrada, a seus desejos maléficos, mas fosse fiel à lei divina todos os dias de sua vida, movida por uma conversão sincera fruto da bondade, da misericórdia divina que a perdoara. Todas as vezes que ela pensasse em se deixar levar pelo mal ela deveria reviver na sua mente o encontro com Jesus no Templo e o sadismo de seus acusadores que brutalmente a acusavam. Jesus tão calmo escrevendo, não se sabe o que no chão, afirmando que Ele não a condenava e que ela fosse em paz passasse a ter uma vida correta. Do encontro com Jesus deve sempre resultar uma total mudança de vida, tocado cada um pela sua infinita bondade. É olhar para a Cruz prova definitiva de sua benignidade sem limites e nunca se deixar paralisar pela própria miséria, mas se envolver por sua comiseração ilimitada, buscando sempre as veredas luminosas da virtude, longe das trevas do mal. É preciso também aprender com Jesus a não simplesmente condenar os outros, mas a se examinar a si mesmo e a partir desta atitude fazer surgir uma renovação espiritual intensa. Nada de se julgar superior aos outros, mas sempre estar num processo de conversão total dos próprios defeitos. Remarquemos bem a atitude de Jesus com a mulher adúltera, dado que não somente Ele a salva dos julgamentos dos outros e a preserva da morte, mas a anistia e lhe mostra uma vereda nova a trilhar. É preciso rever nossas próprias atitudes não julgando precipitadamente os outros, não causando divisões, mas reparar todo o mal, indicando caminhos novos de virtude a serem vividos. Tenhamos coragem de nós mesmos de percorre-los para depois mostrar aos outros a vereda a ser percorrida. Os mandamentos levam uma ética rigorosa, mas as atitudes humanas devem ser analisadas com compreensão, abrindo brechas para um procedimento correto nas atitudes futuras que deverão estar bem de acordo com os preceitos divinos. Uma ética bem interpretadas levará sempre ao respeito do outro e ao respeito da vida o que faltava aos acusadores da adúltera que acertavam em condenar o pecado, mas não tinham comiseração com pecadora. Condenar sempre a infração dos preceitos divinos, mas procurar salvar quem errou. Sábia a atitude de Jesus perante a pecadora, mas os acusadores dela se colocavam eles mesmos em processo contra a lei de Moisés. Tanto isto é verdade que reconhecendo sua culpabilidade foram indo embora a começar dos mais velhos. Surgiu então a novidade de Cristo, de sua misericórdia que cria corações novos e converte a pecadora, mostrando assim que ela era uma filha de Deus. Culpada, mas perdoada Qu9e alegria, que paz não deviam ter tomado o coação daquela pecadoras! Jesus a liberta do pecado do qual ela se tornara escrava. O passado havia desaparecido e um futuro maravilhoso se abria a sua frente!  O salário do pecado é a morte, mas perante Jesus   jorra a graça, dom gratuito de Deus que leva a vida eterna. Jesus Cristo é o senhor que salva e oferece uma vida nova. * Professor no Seminário de Mariana durante 40anos.