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APARIÇÃO DE JESUS JUNTO AO LAGO DE TIBERÁDES (Jo 21,1-19)
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*
A fé dos Apóstolos, após a Paixão e Morte de Jesus, ainda
que Ele já tivesse duas vezes aparecido a eles reunidos no Cenáculo, era,
porém, uma fé ainda bem tímida. Viviam instantes de acabrunhamento. Estavam
junto do lago de Tiberíades e Pedro disse: “Vou pescar “. Foi uma atitude
sábia, porque nas horas de incerteza é de bom alvitre continuar a praticar as
tarefas cotidianas que vinham sendo feitas habitualmente. Isto é psicologicamente
benéfico para desanuviar os pensamentos tenebrosos. Pedro percebeu que a inação
era sumamente prejudicial. Os que estavam com ele resolveram fazer aquela
atividade e afirmaram”: “Nós iremos também contigo”. Deste modo, encontravam no
trabalho da pesca em equipe os automatismos aos quais se tinham habituados. Um louvável dinamismo corporal com reflexos
no espírito de cada um. Entretanto, inicialmente, nada conseguiram pescar, Ao
amanhecer, porém, Jesus lhes apareceu e como dissessem a Ele que nada tinham
para comer, seguiram a orientação recebida e lançaram a rede para o lado
direito do barco e enorme foi a quantidade de peixes que conseguira apanhar. Então
Pedro asseverou: “É o Senhor!”. Em seguida, Jesus iria conferir a ele o
primado, após a tríplice profissão de amor: “Senhor, tu. Sabes que eu te amo”.
Amar Jesus é um itinerário no qual tudo se faz para agradar a
Deus, uma ação constante de um verdadeiro seguidor do Filho de Deus em qualquer
circunstância da vida, ou seja, na alegria ou na tristeza, com ânimo, com
coragem e perseverança sem tergiversações. É saber distinguir o lugar que Deus
nos quer num apostolado firme e sincero,
numa maneira de agir plena de entusiasmo pelo bem que deve ser realizado,
deixando Cristo conduzir pela mão para onde Ele o quiser. Foi o que aconteceu depois
com Pedro e os demais apóstolos robustecidos com a fé no divino Ressuscitado. O
tempo da Ressurreição deve nos levar à alegria da total adesão a tudo que
Cristo ensinou e confirmou com sua vitória sobre a morte Pedro se tornou o cooperador de Jesus para levar muitos para
uma maneira nova de viver. Tratava-se de apascentar o rebanho de Jesus, este
Jesus a quem Pedro confessou um amor sem limites, tendo acolhido uma notável
missão de chefiar a Igreja do divino Redentor. É de se observar que inicialmente
é Jesus quem indaga se os a apóstolos tinham algo para comer. No entanto, são os
pescadores que depois são convidados a se alimentar. Cumpre estar sempre
atentos às mensagens divinas cheias de significação para uma contínua melhoria
de vida. O ato de fé de Pedro, sua tríplice manifestação de amor, o primado que
lhe é conferido mostram como as atitudes humanas sinceras operam maravilhas,
pois para Deus o que vale é a sinceridade do coração. Tudo isto
se deu às margens do lago de Tiberíades. É preciso saber encontrar a Deus junto
às margens de nossa caminhada neste mundo. Foi assim desde o começo, depois que
Criador disse que faria o homem a sua imagem e semelhança. Somos filhos de Deus
e esta maravilha nos deve iluminar a marcha neste mundo. É esta condição de
filhós que Jesus veio viver em carne e osso no meio dos seres humanos. Deus é aquele que reparte seus dons através
de Jesus Cristo. Ele é a luz que ilumina todo aquele que vem a este mundo e
opera maravilhas como se deu às margens do lago de Tiberíades. O principal é
fazer como Pedro, ou seja, reconhecê-lo como o Senhor e acatar tudo que ele
desejar que cada um de nós realize nesta terra. Então sim, se poderá participar dos dons
divinos, É Jesus quem nos mostra a alta dignidade de ser filhos do Pai que está
nos céus. O cristão deve ser então luz
que ulminas este mundo A Pedro Jesus
confiou uma altíssima tarefa, mas a cada um de nós ele dá uma determinada
missão a cumprir para o bem da Igreja e do próximo. Deus, porém, oferece sempre a sua graça e é
Ele quem por Jesus opera as maravilhas visando o bem dos irmãos Bem podemos
avaliar a alegria de Pedro e dos outros apóstolos após esta terceira aparição
de Cristo Ressuscitados operando tantas maravilhas. É preciso sempre ter olhos,
para enxergar a presença de Jesus que ressuscitou dos mortos. Este Jesus que afirmou estar no meio dos seus
seguidores quando estes estão reunidos em seu nome. Estejamos portanto atentos,
vigilantes, aos menores detalhes que marcam sua presença entre nós. Acatá-lo, porém,
pois toda iniciativa parte dele como acabamos de ver neste episódio do Evangelho.
Jesus estará sempre perto de nossa barca. O que viermos receber será não fruto
de nossos esforços, mas da generosidade do Mestre divino, o qual inclusive
serviu a refeição aos apóstolos. Admirável foi o diálogo de Jesus com Pedro.
Ele quer sempre conversar com cada um de nós, mas é preciso estar disponível
para escutá-lo e fazer o que Ele determinar. Belas lições a serem praticadas!
Tudo isto nos deve levar a compreender o estilo de Jesus e a tirar lições
objetivas para nossas vidas de seguidores dele. Ele nos quer santos e
irrepreensíveis (Ef 1,4) para que caminhemos á maneira dele, crescendo sempre
espiritualmente. O que Deus ordena a cada um a este Ele dá a graça para agir
segundo sua santa vontade. Ele quer sempre o melhor para cada um que deve andar
como filhos da luz, como seus representantes. * Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.