segunda-feira, 8 de novembro de 2021

 

CRISTO REI, CUJA REALEZA NÃO É DESTE MUNDO.

Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho

Pilatos indaga a Jesus “Es tu o Rei dos judeus”? (Jo 18,333-37). De onde, porém, vem esta questão para Pilatos? Observe-se, inicialmente, que Ele era um homem de Estado, encarregado da segurança pública e para a isto tinha poderes especiais. Jesus, contudo, que não se envolvia neste jogo de poder, responde simplesmente que ele não tem milícias para o defender: “Meu reino não é deste mundo”. Pilatos que se apresentava com autoridade põe de novo a questão: “Então, tu és Rei”? Jesus percebe que este homem sobre o qual repousa tanta responsabilidade acabava de registrar uma notável realidade e replica: “É tu mesmo que dizes que eu sou rei”. Assim sendo era o homem que elaborara a questão e não mais o representante do império romano. Era algo que lhe vinha do mais profundo de si mesmo, lá onde Deus age, lá onde a verdade encontra seu caminho. Aliás, Jesus acentua: “Eu vim ao mundo para dar testemunho da verdade”. Aí estava a Boa Nova da qual Ele era o mensageiro. Seu reino, porém, não era deste mundo. Assim sendo, as duas realidades, o mundo no qual nós vivemos e o reino dos céus não são antagônicos. Cristo pela sua encarnação fez de nós um reino e Ele tem os seus olhos sobre nós e nos ama. Da parte dos homens, porém, pode ou não haver correspondência a este amor. Pelo batismo o cristão tem a responsabilidade de fazer germinar no mundo o reino dos céus, sendo profeta desta boa nova. É isto que vem recordar a festa de Cristo Rei, lembrando a responsabilidade do batizado em fazer crescer este reino celeste que Cristo veio implantar nesse mundo, Ele que é o Alfa e o Ômega, o Primeiro e o Ultimo, o Princípio e o Fim (Apóc. 22,13), o Soberano do universo. Jesus é rei não à amaneira do mundo, porque Ele veio para reinar nos corações e não para dominar os povos. Isto Pilatos não pôde compreender. Foi em nome da Verdade e do Amor que Jesus aceitou ser entregue ao poder inimigo, dominador e invasor de territórios terrenos, de riquezas deste mundo. Aquele que ama a Verdade escuta a sua voz e a segue, mas nem todos assim procedem. Eis aí a lição capital de Cristo Rei que exige submissão integral à fé. Isto sumamente importante para cada um de nós, mas ainda para salvação daqueles que não querem se submeter a este Rei. Em Jesus tudo se torna graça celestial, tudo se torna vida eterna, não obstante a luta contra as potências do mal, os poderes contrários ao seu reinado. A submissão a Cristo Rei não é uma submissão fatalista, uma falsa abnegação, mas uma questão de fé e amor em vistas ao Reino que o Filho de Deus veio implantar neste mundo. Os mártires compreenderam perfeitamente isto. Toda sua existência foi vivida não em função das coisas terenas, mas numa visão voltada para o céu. Disse Jesus “meu reino não é deste mundo” e esta sua palavra deve corresponder à realidade da vida do cristão. Contudo é preciso sempre se lembrar que o reino de Deus não se manifesta de uma maneira espetacular, através de grandes revelações religiosas que podem decepcionar causando ilusões. No Evangelho de hoje Jesus se posta diante de Pilatos de uma maneira bem humana e se situa maravilhosamente perante o dominador e se mostra senhor da situação. Deus reina na história quando os cristãos se mostram verdadeiramente cônscios de sua função nesse mundo e por toda a parte. Grande a responsabilidade do batizado por mostrar a força intrínseca do reino de Jesus, interferindo em sua vida e se irradiando no meio em que este cristão vive. Entretanto, cumpre sempre atribuir às luzes divinas, às graças do alto todo o bem que se faça dentro do reino de Jesus. São apelos, dons do Espírito Santo que levam a cumprir as obrigações de cristão. Nunca se deve esquecer o ensinamento de Cristo Rei: “Sem mim nada podeis fazer” (Jo 15,5.A união coo este Rei  é necessária para o crescimento de seu reino neste mundo, pois somente assim   pelo vínculo da fé  e da graça, a  o  ração do fiel  se torna eficaz, porque  prece do súdito  unido ao seu soberano. Ele é, de fato, a verdade e a força que o mundo governa e a terra ilumina. Ao corpo dá saúde e paz ao coração. Com certeza absoluta Ele deve ser para os que propagam seu reino refúgio, abrigo e rochedo e quem é reto andará sempre na justiça.  Quem fielmente segue a Cristo Rei se torna para todos os que o veem um exemplo, do pobre se faz alívio, aos cegos oferece a luz, pois se faz tudo para todos.  Cristo Rei  aos santos dá nos céus o prêmio com sua glória os coroando. Felizes os que colocam seus passos nos passos deste Rei que a seus súditos cerca de carinho e compaixão, de bens saciando sua vida. Esse Rei é indulgente, favorável, paciente, bondoso e compassivo. Cristo pôs o seu trono lá nos céus e abrange o mundo inteiro seu reinado. Professor no Seminário de Maidana durante 40 anos.

 

 

 

 

 

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