OPERÁRIOS
PARA A MESSE
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*
Através
dos tempos ecoam as palavras de Jesus sobre a carência de operários e de
operárias para a sua seara: “A messe é abundante, mas os trabalhadores são
poucos. Pedi, portanto, ao dono da messe que mande trabalhadores para sua
messe”. Ante a necessidade imperiosa da evangelização e a falta de operários o
Mestre divino aponta uma solução que é o pedido a Deus feito com insistência e
perseverança. Orar pelas vocações sacerdotais, religiosas e de leigos devotados
à catequese e a outras atividades pastorais, visando a expansão do Evangelho.
Trata-se de solicitar ao Senhor Onipotente que numerosos sejam os que,
fascinados pelo Verbo de Deus, se entreguem a um trabalho constante pela
difusão da Verdade que guia e regenera. Prece confiante desejando a gloria de
Deus e o bem das almas. Empenho perseverante a favor do projeto universal da
salvação daqueles pelos quais Cristo se sacrificou. A ordem do Mestre divino é
sumamente pedagógica, porque quem eleva aos céus preces ardentes pelo crescimento
do trabalho evangelizador, na medida de suas possibilidades, também tudo fará
para tão nobre causa. Todo batizado deve ser um apóstolo pela palavra, pelo
exemplo e na insistência contida na oração que Jesus ensinou: “Venha a nós o
vosso reino”. Diante da penúria do número de sacerdotes pedir para que Deus
faça crescer o desejo do serviço numa vida inteiramente devotada à evangelização
é estar consciente de que esta missão específica é imprescindível. A
desproporção entre a imensidade do trabalho missionário coordenado pelos bispos
e padres não deve causar pânico, dado que pelas orações elevadas até o trono
divino nunca faltarão pessoas disponíveis que se entreguem a tarefa tão
necessária. Assim sendo, a oração pelas vocações sacerdotais não pode nunca ser
um momento passageiro, apenas um anelo vazio, mas deve ser uma dimensão da
prece da Igreja que comunitariamente implora vocações ao Senhor da messe. Isto
porque o apostolado dos leigos se conjuga com o desempenho daqueles que se
devotam unicamente à expansão da Palavra divina, sobretudo através do culto
eucarístico. Isto é tanto mais necessário no contexto histórico atual, diante
das sociedades pluralistas a exigirem sempre novas estratégias pastorais e a
ajuda persistente dos fiéis neste empenho evangelizador da Igreja. Cada batizado
então com suas forças, fraquezas e convicções faz parte do grande exército de
Cristo Redentor da humanidade. É que muitas vezes lá onde há necessidade do
anúncio do Evangelho em determinados momentos será a ação oportuna de quem vive
o seu batismo que poderá trazer os que se acham longe da Igreja para
encontrarem o caminho da fé. A obra de Deus é complexa, aparentemente acima das
forças humanas, mas maravilhosamente age por toda a parte. Comunidades de
irmãos e irmãs atentos uns aos outros, anunciadores infatigáveis do Evangelho e
do mesmo Espírito de amor que deseja o bem espiritual de todos que estão à sua
volta. Operários da Messe repletos de otimismo, levando a paz por toda parte. A
paz messiânica que cada um recebeu no seu batismo e no sacramento da crisma,
irradiando a alegria do coração, assegurando a todos o amor e a misericórdia do
Senhor. É assim que o Reino de Deus se revela presente no meio das comunidades.
Trabalho exigente, mas marcado pela certeza da felicidade de ser servos de Deus
na dilatação da verdade e do bem. Ação preciosa de cada um de acordo com os
carismas recebidos do céu pode transformar, libertar os que se deixam enganar
pelas ilusões terrenas. Como dizia Elizabeth Leseur, “nós não sabemos o bem que
fazemos quando fazemos o bem”. É que Deus multiplica os efeitos de toda boa
ação. Nada, portanto, mais necessário do que cultivar a seremidade dentro de si
mesmo para desejá-la efetivamente aos outros como ordenou Jesus: “Paz a esta
casa”. Eis aí a valia do apostolado
orientado nas Paróquias pelos Párocos que têm a graça específica de guiar o rebanho
de Cristo, ajudados por outros sacerdotes seus colaboradores e pelos s cristãos
devotados à causa do Evangelho. O Papa São Paulo VI no Decreto Apostolicam Actuositatem sobre o
apostolado dos leigos assim se expressou: “Os nossos tempos, porém, não exigem um
menor zelo dos leigos; mais ainda, as condições atuais exigem deles
absolutamente um apostolado cada vez mais intenso e mais universal. Com efeito,
o aumento crescente da população, o progresso da ciência e da técnica, as
relações mais estreitas entre os homens, não só dilataram imenso os campos do
apostolado dos leigos, em grande parte acessíveis só a eles, mas também
suscitaram novos problemas que reclamam a sua atenção interessada e o seu
esforço.”. O Evangelho de hoje vem então recordar a responsabilidade de todos,
clero e fieis, diante do serviço da evangelização. É belo ser apóstolo. *Professor no Seminário de Mariana durante
40 anos.
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